Embora seja um tema que vem se tornando cada vez mais recorrente e até usual, o conceito de Indústria 4.0 no Brasil ainda parece figurar no imaginário do mercado nacional como uma “utopia robótica”. No entanto, a verdade é que a Indústria 4.0 está mais ligada a revisão de processos e comunicação baseada em dados do que necessariamente a robôs substituindo o trabalho humano. E este vem sendo o trabalho da Schunk no Brasil, uma empresa de origem alemã e que hoje é líder em automação industrial.
Qual foi o segredo da companhia para crescer cinco vezes mais desde 2015, sobretudo no cenário brasileiro, que tem desafios muito característicos. A resposta está na melhoria constante do processo. Segundo Mairon Anthero, quando assumiu a Direção Geral da operação brasileira da Schunk em 2015, havia uma descentralização das informações, muitas delas essenciais ao processo de vendas da empresa.
“Quando iniciamos o trabalho em 2015, havia obstáculos na gestão de vendas. Os vendedores não tinham acesso às metas diárias e um foco no follow up. Havia também um problema de organização do nosso estoque, porque não tínhamos ainda adotado um ERP para controlar o nosso patrimônio e com isso, não conseguíamos atingir todo nosso público alcançável no Brasil” relata o General Manager da Schunk no Brasil
Uma vez entendido que a eficiência produtiva figura entre os principais – senão o principal – KPI da indústria, encontrar as informações necessárias para testar e implementar a otimização da produção é o primeiro e mais importante passo rumo à evolução tecnológica. E para realizar essa tarefa, algumas ferramentas são necessárias, entre elas o ERP, sigla para Enterprise Resource Planning ou em português “sistema integrado de gestão empresarial”.
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O papel do ERP na otimização da indústria
Os ERPs são softwares que se conectam a diversas interfaces, seja numa empresa, no varejo ou na indústria. Além de auxiliar na gestão das atividades desses núcleos, o sistema documenta informações para análises posteriores. Contudo, a mera adoção do software não significa sucesso para a operação. É preciso uma mudança de cultura.
“Se todas as empresas olhassem para o ERP e o que ele pode proporcionar de melhorias para gestão, teríamos indústrias muito melhores. É comum encontrarmos no mercado empresas que possuem o sistema integrado, mas não conseguem extrair 100% do que ele oferece. É a mesma coisa que ter uma máquina na planta e extrair apenas 30% da produtividade dela”, explica Mairon Anthero, General Manager da Schunk no Brasil.
A partir dessa mudança no processo, a empresa conseguiu ampliar sua atuação no mercado brasileiro para além da oferta de produtos de fixação e entrar no vantajoso mercado de automação industrial, que hoje já representa 60% do faturamento da operação nacional da Schunk.
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Geração de valor no processo
Foi a partir dessa visão, que juntamente com a MBM Solutions, parceira da Schunk Brasil há nove anos, que ambas as empresas miraram na otimização aproveitando tudo que um sistema de gestão pode proporcionar, adicionando por exemplo a expertise da Inteligência Artificial. Em um dos projetos que gerou mais valor para os processos da Schunk, esteve o desenvolvimento de um robô que realiza cotações de equipamentos em tempo real.
Se antes havia a necessidade manual para a elaboração, hoje o trabalho dos vendedores é muito mais facilitado e otimizado com a implantação desta funcionalidade via ERP. O próprio robô identifica a disponibilidade do item, envia a proposta pronta para o vendedor que ganha mais tempo livre para prospecção de clientes, um trabalho em que a conversa e o relacionamento são necessários e os robôs não podem substituir.
“O ser humano perderá o emprego? Não, ele mudará de área. O robô é surdo, cego e mudo e precisa do humano para fazer. É quando entra em cena o papel importante do humano. É ele quem dominará a indústria. O robô é apenas o meio facilitador para a realização das tarefas”, ressalta Mairon.
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Valor x Preço
O exemplo acima mostra como o ERP pode agregar valor a uma operação e ainda trazer melhorias. Contudo, é preciso que haja uma mudança de mentalidade, principalmente na indústria brasileira para que o setor comece a explorar de fato as oportunidades que a Indústria 4.0 pode proporcionar.
Segundo a observação feita pelo Mairon Anthero da Schunk Brasil, as outras indústrias de países desenvolvidos se pautam por questões como “o quanto esse investimento pode agregar de valor para o meu processo?”, enquanto no Brasil, a discussão é focada ainda no preço.
“A indústria brasileira ainda confunde o preço com valor, esse é o grande diferencial das coisas. Há alguns anos, a indústria do Brasil competia, em termos de custos, com Índia e China e países de capacidades produtivas semelhantes.Hoje estamos perdendo em custo para Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra, que eram tidos como “mais caros”. E por que estamos ficando para trás? Se analisarmos a média da eficiência da indústria brasileira, mesmo com aquelas que estão à frente no processo aqui, a eficiência é baixa porque o discurso ainda é muito mais pautado pelo preço do que a melhoria do processo” aponta o gestor da Schunk.
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Otimização ampla
Outro ponto importante e que ajudou a Schunk Brasil a alavancar seus resultados foi o entendimento de que a otimização não pode ficar restrita a um departamento específico dentro da indústria ou em qualquer outro negócio. Se uma fase do procedimento é otimizada, mas existem falhas não observadas em outras etapas, existe grande chance de o resultado final – o sucesso da operação – não ser atingido. E novamente, a distribuição da informação se torna fundamental para essa meta.
“O principal desafio que tínhamos era a gestão de venda que não era muito direcionada. Os vendedores não tinham acesso às metas diárias e a uma ausência de gestão focada em follow ups de cotações. Com a revisão do processo, hoje nós temos um ERP que facilita o trabalho do vendedor, da equipe de logística, da expedição. Tudo é conectado e comunicado. A ideia é que, independentemente de onde estejamos, tenhamos acesso à informação” relata o executivo da Schunk.
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