Os desafios da Internet das Coisas no Brasil 1 de novembro de 2016

Os desafios da Internet das Coisas no Brasil

         

Economia e telecomunicações impedem avanço da tecnologia em larga escala. Redução da obsolescência também deve ser levada em conta, assim como riscos de segurança digital

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Pablo Linhares, Diretor do Grupo PLLA Internet das Coisas é um tema que vem sendo bastante trabalhado entre os gestores de Marketing tanto do setor de serviços quanto no de produtos. O impacto que essa tecnologia fará na indústria modificará os hábitos de consumo conforme já o conhecemos. Em alguns países, como nos Estados Unidos, ela já passou da fase de testes e está em implantação em diversos lares e empresas. Já no Brasil, apesar da boa vontade das empresas, existem alguns empecilhos que impedem a disseminação da ferramenta em larga escala, como a economia e as telecomunicações.

O principal, que é a conectividade, já foi superado. Dados do IBGE indicam que o país atingiu em 2014 o marco de 86,7 milhões de habitantes ligados à internet, o que representa mais de 40% de população do país. Em 2015 o número de dispositivos conectados à web chegou a 4,9 bilhões no mundo todo, um aumento de 30% em relação a 2014, segundo dados divulgados pelo Gartner.

Mesmo assim, a investimentos em cabeamento e wifi ainda são poucos e as leis em telecomunicações devem atrasar a adesão da IoT. “O Brasil ainda possui um número grande de reclamações de operadoras que não oferecem um serviço decente. Enquanto essa parte não for resolvida, será difícil utilizar produtos que sejam inteligentes. Como se conectar se planos de dados acabam rápido ou a internet é interrompida com uma simples chuva? Será preciso um trabalho de infraestrutura em parceria entre público e privado”, conta Pablo Linhares, Diretor do Grupo PLL, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Custos
A situação econômica do país também se tornou um empecilho para a implantação da Internet das Coisas. Quando uma nova tecnologia é lançada, é comum que ela chegue ao mercado custando um pouco mais caro. Nesse caso, a criação de acessórios para o lar ou negócios implicaria em um alto investimento – no caso das empresas, o valor acabaria voltando ao bolso do consumidor para que compensasse a compra da ferramenta.

Se para a grande massa pode estar distante essa visão de lar conectado, os gestores já vêm encontrando uma solução para que a IoT chegue mais rápido. “Ao invés de comprarem a tecnologia do que é usado em outros continentes, muitas empresas vêm apostando em capacitar sua equipe para criar algo exclusivo e assim diminuir os custos. Dentro de seus laboratórios elas testam novos artigos e possibilidades de usos. Agências especializadas também vêm ajudando e estão crescendo o número das que trabalham já pensando nessa área da TI”, afirma Pablo.

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Ainda que sejam criados gadgets inteligentes a um custo mais acessível ou que sejam importados, existe ainda a questão dos impostos brasileiros serem um dos mais altos e que controlam o acesso a essas novidades apenas por pessoas de classes sociais mais elevadas. “Os primeiros usuários a ter um eletrodoméstico ou carro com internet são os ricos. Toda a fase de teste e alinhamento da ferramenta é feita com eles. Até o dia que chegar a toda população já será algo com menos erros”, afirma o Diretor da PLL.

Carlos Maffei, Diretor Comercial de Divisão de Sistemas da BennerRedução da obsolescência
A questão de falhas é outro ponto que deve ser levantado, pois esse tipo de material oferece mais poder ao consumidor e, se ele percebe que é algo que gera mais problemas do que soluções, ele não volta a adquirir e isso pode atrapalhar diversas ações de fabricantes. Por esse motivo, a prevenção de consertos é algo que deverá fazer parte da cultura das companhias no Brasil, sem que se eleve o custo ao usuário.

A questão de obsolescência programada será algo cada vez mais importante. Produtos que durem mais e sejam capazes de possuir manutenção garantida serão cada vez mais buscados. “Atender estas mudanças não é uma estratégia, é uma necessidade. Processos cada vez mais interativos com clientes diretos e indiretos são requisitos fundamentais. Além disso, será preciso analisar a questão de segurança digital também, algo que deve ser pensado juntamente com a manutenção”, afirma Carlos Maffei, Diretor Comercial de Divisão de Sistemas da Benner, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Encontrar profissionais capacitados para essa manutenção será um desafio para as empresas, mas as que preparem e formarem turmas com foco nessa ferramenta encontrarão oportunidades. “A Internet das Coisas traz novos caminhos para o mercado e isso analisando por diversas frentes: do emprego, do produto, das ações, da criação de tecnologias, do uso na logística, entre outras possibilidades”, conta Carlos.

Segurança
Para que haja confiança do consumidor em usar os itens com internet na sua rotina será preciso um trabalho árduo por trás das equipes para evitar ataques de hackers, principalmente se um artigo possibilita compras e dados ao cartão de crédito. Empresas que atuam no combate a esses hackers deverão ser uma das mais procuradas nos próximos anos, mostrando uma oportunidade de negócio aos novos empreendedores.

Será preciso conhecer os tipos de tecnologia por trás de cada elemento conectado, seja ele uma roupa, eletrodoméstico ou veículo. “Problemas de segurança ocorrem no mundo todo e esse ponto será um dos mais requisitados com o avanço da IoT. Esse desafio envolverá empenho de todos que atuam com a ferramenta, não apenas fabricantes da área, mas todas as marcas que atuarão junto à elas”, pontua Carlos.

Essa vulnerabilidade mostra um desafio para as empresas e para o próprio governo brasileiro. Leis mais rígidas de segurança digital devem ser implantadas com base no tipo de dispositivo. Atender a estas mudanças não é uma estratégia, é uma necessidade e que envolve o engajamento das pessoas em relação à essa tecnologia.

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