Inteligência Artificial e design: afinal, há mesmo o que temer? Bruno Mello 10 de julho de 2023

Inteligência Artificial e design: afinal, há mesmo o que temer?

         

Fundador e CTO da Koodari traz uma análise da utilização da ferramenta sobre o ponto de vista do design e as consequências dessa utilização pelos profissionais da área

Inteligência Artificial e design: afinal, há mesmo o que temer?
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A popularidade e a utilização da Inteligência Artificial aumentaram significativamente nos últimos meses na mesma medida em que crescem as discussões sobre a ética na utilização das ferramentas para a realização de certas tarefas em diferentes campos de trabalho. Durante o Web Summit Rio, no início de maio, o tema esteve presente em todo o encontro, com foco na real revolução que a IA está causando no mercado de trabalho. E ainda que muitos especialistas acreditem em perdas de postos, demissões em massa, acredito que a IA não veio ao mundo com essa finalidade. É fato que algumas profissões irão mudar e terão de se adaptar a esta evolução das tecnologias, algo que a sociedade em geral precisará acompanhar de maneira atenta e inclusiva.

Para a Cientista-Chefe de Decisão do Google, Cassie Kozyrkov, a IA é uma ferramenta utilizada hoje em alta escala e em grandes empresas, e que está recebendo grande atenção pelo mundo por estar mais focada em atender o usuário de forma individual e personalizada com os novos softwares que foram apresentados recentemente, como o ChatGPT. Ela argumenta também que esta revolução sobre IA que muitas pessoas têm comentado nos últimos meses, não se trata só de IA, mas de uma revolução em termos de design. Sistemas com funcionalidades baseadas em IA já existem e estão disponíveis ao público há algum tempo.

A grande revolução neste momento é em termos de experiência do usuário, onde sistemas como o ChatGPT foram oferecidos aos usuários sem uma interface de usabilidade muito elaborada, permitindo que os indivíduos testem esse tipo de tecnologia de maneira aberta e criativa para solucionar os seus problemas pessoais. Pensando nessa abordagem, é mais fácil compreender a IA como algo que vem para aumentar a produtividade de um modo totalmente novo e disruptivo, fornecendo uma espécie de superpoderes para os humanos que as utilizam.

Uma área que vem sendo apontada como potencial risco de extinção é o design, já que é possível fazer criações em serviços que utilizam a IA. Mas como toda nova tecnologia, sua utilização deve ser vista realmente como algo a acrescentar e não como substituta. Kozyrkov defende que ao invés de utilizar o nome Inteligência Artificial, deveríamos utilizar o nome Instruções Automatizadas, um título que consegue referenciar seu real objetivo e função.

Ferramentas como o Chat GPT apenas conseguem ajudar o usuário se receberem instruções específicas sobre um texto ou uma imagem. E mesmo que o produto pedido seja gerado com perfeição de acordo com as instruções, é exigido que o usuário faça modificações para que esse produto possa atingir todas as expectativas e conclua seu objetivo.

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Para conseguir se adequar a essa nova realidade, os profissionais de design precisam se adequar a certas regras. De acordo com o design suíço Yves Béhar, existem alguns princípios para o design nessa nova era da Inteligência Artificial. Um deles é que o design melhora a capacidade humana, sem substituí-la, um princípio que se aplica à utilização de IA.

Assim como um novo produto deve ser pensado para auxiliar as pessoas em determinada tarefa, os softwares de design que possuem IA devem ser utilizados para o auxílio do profissional. Como uma ferramenta que consegue criar produtos a partir de uma descrição ou uma que encontre novas cores ou planos de fundo.

A linha do tempo da utilização de IA

Quando os pesquisadores começaram a desenvolver a ideia de uma Inteligência Artificial que fosse realmente útil, existiam conversas sobre o seu potencial em problemas teóricos. Muito diferente do que é colocado em filmes de ficção científica, a ferramenta não tinha como objetivo ser independente e atuar sem a utilização humana. Seu objetivo era que a IA conseguisse transformar dados em instruções que posteriormente dariam uma solução para determinado tipo de problema.

Em um segundo momento, a solução de problemas passou efetivamente da teoria para a realidade, ao ponto de ter sua utilização em grande escala por empresas e grandes grupos, como o Google e a Netflix, para citar apenas duas marcas globalmente conhecidas. Assim, soluções para problemas já eram dadas em larga escala por todo o mundo, de diversos modos.

Recentemente, a utilização de softwares que possuem IA passou de algo presente apenas no corporativo para algo que é utilizado pelo usuário para resolução de problemas individuais. Assim, existe atualmente uma ferramenta que consegue facilitar e automatizar a resolução de problemas de forma totalmente individual, útil, personalizada e criativa.

Inteligência Artificial: auxiliando presente e futuro das profissões

Longe de ser algo tão assustador como nos filmes de ficção científica, a Inteligência Artificial vem para preencher lacunas e auxiliar a todos. Uma ferramenta que pode ser utilizada como impulsionadora de produtividade, que auxilia na automatização de tarefas repetitivas, e dá espaço para que os designers foquem no mais importante, a parte criativa de seu trabalho. Algo tão inovador que parece ser impossível ainda de mensurar o quanto irá facilitar a vida do usuário, uma vez que sua utilização individual ainda é bem recente.

Em síntese, é fundamental uma consciência da sua utilização e trabalhar de maneira responsável para termos uma distribuição mais igualitária deste tipo de tecnologia na sociedade como um todo. Se acionada corretamente, pode alterar completamente o modo como muitas profissões trabalham, atingem sucesso e revolucionam certos produtos e ações, mantendo e criando novos tipos de empregos ou impulsionando novas frentes.

Venha para o Clube e faça parte da conversa!

*Thiago Souza dos Santos é fundador e CTO da Koodari e especialista na área de tecnologia


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