Possibilidades. Talvez, esse seja o termo que melhor descreve as benesses oferecidas pela recente expansão das ferramentas de Inteligência Artificial. Afinal, é a partir das possibilidades que os usos se desdobram, ganham formatos e contextos e, finalmente, provam-se úteis ou arriscados tanto para a rotina empresarial, quanto para o cotidiano de pessoas comuns.
Para desmistificar algumas das mais notáveis possibilidades oferecidas pela Inteligência Artificial, o Clube Mundo do Marketing recebeu, ao longo do ano, especialistas importantes na área, que contribuíram com insights sobre o atual estágio de desenvolvimento da IA e fizeram projeções para o futuro.
Nesse ínterim, os participantes do Clube participaram de debates sobre a contribuição da Inteligência Artificial para a produtividade empresarial, bem como o seu uso em campos cruciais para o Marketing, como os canais de atendimento ao consumidor no Marketing Conversacional. No entanto, a IA não escapa de problematizações e demonstra certo potencial destrutivo em alguns cenários.
Relembre alguns dos pensamentos e insights sobre Inteligência Artificial compartilhados pelos especialistas participantes do Clube Mundo do Marketing:
Inteligência Artificial e Experiência do Consumidor
69,3% das empresas entrevistadas por uma pesquisa realizada pela SAS se mostram interessadas em utilizar soluções de Inteligência Artificial e machine learning para melhorar a experiência dos clientes nos canais digitais. E há um bom motivo para isso: a mesma pesquisa aponta que 56% dos consumidores não têm boas experiências quando as marcas associam os canais físicos aos digitais.
Unindo o útil ao agradável, a utilização da IA torna-se um trunfo para a obtenção, organização e utilização eficiente dos dados dos clientes, identificando grupos de comportamento de compra que passam despercebidos aos olhos humanos.
Para a Customer Advisor da SAS, Lyse Nogueira, essa identificação possibilita a criação de campanhas mais específicas, tendo como base o padrão de similaridade identificado pela IA. Dessa forma, é possível rentabilizar e fidelizar os clientes, entendendo suas necessidades e momentos específicos, e interagir nos canais preferidos por eles.
Inteligência Artificial e Produtividade
O termo produtividade aceita várias interpretações, mas uma de suas definições mais aceitas indica a relação da capacidade de produção em relação ao tempo. Em outras palavras, operações produtivas produzem mais e melhor em um período reduzido de tempo – uma relação que, no campo do Marketing, poupa recursos criativos e financeiros e permite a distribuição do foco produtivo para diversas áreas distintas.
Aqui, a noção de possibilidade atinge o ápice descritivo sobre as novas ferramentas de IA. Durante a participação no Clube Mundo do Marketing, o Chief Growth Officer da Math Marketing, Marcel Ghiraldini, trouxe exemplos de usos da IA para o aumento da produtividade. “É possível aumentar a capacidade e velocidade de fazer Copy ou atendimentos via chat, por exemplo. Por aqui, aumentamos a quantidade de peer review no time que faz codificação. Não é preciso que um programador revise o trabalho de outro programador porque o Chat GPT faz isso de forma mais rápida e eficiente”, comenta.
Mais que falar sobre vantagens e benefícios, o CGO trouxe pontos de alerta sobre os requisitos para a utilização da IA de maneira produtiva. “Você tem uma boa qualidade de dados do seu cliente? Consegue entender o seu cliente de forma individual? Consegue olhar para todo o histórico de compra? A sua malha de dados está bem feita? O Chat GPT só é o Chat GPT porque ele olha os dados dos últimos 20 anos da internet. Sem um histórico de dados, não é possível individualizar as suas campanhas rápidas”, adverte.
Prós e os contras da evolução da Inteligência Artificial
Produtividade, aprendizado, programação. Para o CEO & Co-founder da CopyBase, Sérgio Fernandes, estes são os mais notáveis benefícios oferecidos pela Inteligência Artificial. “Hoje, se não utilizamos a IA para fazer coisas que são relativamente repetitivas na nossa rotina, perdemos muito tempo”, ressalta.
O CEO destacou que nos dias atuais, os estudantes têm a oportunidade de utilizar ferramentas como o ChatGPT como um assistente na hora de estudar assuntos maçantes, e as possibilidades de aprendizado não param por aí. “A IA já é capaz de escrever linguagens de programação. Então, durante a construção de um software, podemos ir ao Chat GPT e pedir para que crie, por exemplo, o código para uma calculadora de IMC. Depois disso, basta dar Ctrl c + Ctrl v e fazer o upload da linha no programa”, pontua.
Mas nem tudo são flores. Desde o seu lançamento, o ChatGPT é alvo da desconfiança de boa parte do público, tendo sido banido na Itália, em março, sob a alegação de possíveis ameaças à privacidade. Além disso, sendo uma ferramenta programável, é possível que a Inteligência Artificial assuma comportamentos enviesados a partir da perspectiva do programador, distorcendo fatos históricos e espalhando notícias falsas, por exemplo.
Neste contexto, as fake news ganham ainda mais potencial destrutivo quando há a possibilidade de coleta e distorção de informações e dados privados para a manipulação de comportamento em períodos eleitorais. “Quando percebemos o quanto a IA está avançada, somos tomados pelo receio quanto ao poder de manipulação dessas ferramentas. Existem IA’s capazes de simular vozes e construir deep fakes para simular pessoas falando coisas que elas não disseram na realidade”, conclui Fernandes.
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