Profissional de Marketing: Geração Z tira cultura do bem-estar do papel e põe em prática Bruno Mello 8 de maio de 2024

Profissional de Marketing: Geração Z tira cultura do bem-estar do papel e põe em prática

         

Especialistas comentam sobre necessidades dos jovens e papel das lideranças atuais em transformar locais de trabalho em algo prazeroso ao invés de cobranças

Profissional de Marketing: Geração Z tira cultura do bem-estar do papel e põe em prática
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Metas, busca incansável por bons resultados, campanhas e uma vida digital que parece que nunca termina. A rotina do profissional de Marketing desde sempre foi desenhada como agitada e corrida, mas com a transformação digital dos últimos anos, vemos que ela atingiu novos patamares. Somado a isso, uma nova geração chegou ao mercado de trabalho, impulsionando mudanças significativas.

Seja em modelo remoto, híbrido ou presencial, trabalhar com Marketing tornou-se ainda mais desafiador por uma questão: dados a todo momento. Isso significa conhecer mais o cliente, aprender novas ferramentas constantemente, entregar resultados imediatos e tomar uma série de decisões que mudam a qualquer momento. Então como fazer da área um objeto de desejo dos profissionais ao invés de uma tensão? Promovendo um ambiente de trabalho saudável e com perspectivas de crescimento. E quem está mais empenhado em mudar isso são os jovens.

De acordo com a pesquisa Janeiro Branco 2024 da Onlinecurriculo, trabalho saudável e qualidade de vida são essenciais para quase metade dos colaboradores. Para alcançar o engajamento e satisfação dos profissionais, é essencial que as empresas compreendam suas necessidades além do aspecto financeiro. Cerca de 56% consideram importante um ambiente que promova a saúde física e mental, além de proporcionar crescimento interno. Outro dado, dessa vez levantado pelo MIT Sloan Management Review, apontou que 81% dos trabalhadores enfrentam alguma forma de burnout.

Como forma de mudar esse cenário, a Makers realizou um encontro com 90 líderes de Marketing no final de abril, chamado Wellness Day. Além de discutirem saúde mental no ambiente de trabalho, foi feita uma reflexão sobre o papel das novas gerações em interromper o ciclo de “vida corrida” que as gerações anteriores aceitaram.

“Quando olho para os expoentes da minha geração, os que fundaram e ou dirigem as empresas mais valiosas do mundo, todos são conhecidos por um comportamento exatamente oposto: microgerenciadores, workaholics, vaidosos, temperamentais, difíceis no trato, mas bem sucedidos pelos padrões financeiros. Isso passou a legitimar um comportamento que a cada dia se torna mais frequente: lideranças inseguras que destroem seus times e os mantém somente por suas ‘algemas de ouro’”, contou Antônio Augusto Santos, Diretor de Marketing da Unilever.

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Como a Geração Z muda o cenário

Claudia Bouman, especialista em reputação de marca e sócia da Percepta, reforça a análise. “A Geração Z valoriza um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. As empresas devem oferecer horários flexíveis, opções de trabalho remoto e políticas de licença parental atrativas para atrair talentos dessa geração”, contou.

A analista de pessoas e cultura da Gateware, Bruna Santana, afirma que os profissionais da Geração Z têm uma personalidade autêntica e bastante transparente, por isso buscam empresas que tenham valores parecidos com os deles. “Não é só o trabalho pelo trabalho, mas sim como meu trabalho impacta o meio, eles realmente querem contribuir para um mundo melhor”, afirma.

Outro ponto importante, é que os jovens trabalhadores buscam um equilíbrio maior entre vida profissional e pessoal. De acordo com Bruna, a nova geração também vai questionar a estrutura hierárquica rígida e nunca serão workaholics.

“São profissionais que preferem ambientes colaborativos, com uma hierarquia mais horizontal, além de comunicação aberta e o feedback constante. Vemos cada vez mais essa geração atuando e buscando empresas que têm espaço para autonomia, para poder gerenciar o seu tempo, suas entregas e suas tarefas”, analisa Bruna Santana.

Antônio Augusto Santos faz uma crítica para que o mercado mude e busque aprender com os mais jovens. “[O que sem hoje é] gente infeliz, burnoutada, que espera o próximo bônus pra tentar ser feliz e que, ainda, critica a geração Z por não querer assumir posições de liderança. Como assim assumir uma posição de liderança? Para ter um burnout no ano seguinte? Ainda dá tempo de mudar e o exemplo vem de algumas empresas que, resistindo à tentação de retroceder no tempo e trocar o curto prazo, como a Unilever”, contou o executivo.

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Saúde mental é papel de toda liderança

Um estudo conduzido pela seguradora de saúde britânica Vitality apontou que trabalhadores da geração Z e Millenials perdem cerca de 60 dias de trabalho por ano devido a problemas de saúde mental – uma média de mais de um dia por semana. Segundo a pesquisa, depressão, fadiga e burnout são duas vezes mais comuns nos jovens do que nos funcionários da geração X e baby boomers.

O especialista em bem-estar e Psicologia Positiva e do Trabalho Lucas Franco Freire explica que essa tendência se deve principalmente ao receio que as gerações mais novas têm de procurar apoio dentro do ambiente de emprego, mesmo que ele seja ofertado. Além disso, a ligação direta que os jovens têm com a tecnologia faz com que a profissão se misture mais facilmente à vida pessoal, o que aumenta riscos de burnout.

“Ninguém é produtivo o tempo inteiro, ninguém é feliz o tempo inteiro, mas é possível ser mais feliz e produtivo. E isso sem acabar com a saúde mental”, provoca Lucas, também autor do livro Playfulness, publicado pela DVS Editora.

O psicólogo destaca que a imposição de manter a alta performance no trabalho e nas relações interpessoais desencadeou uma epidemia de adoecimento mental e, consequentemente, físico. Burnout, estresse, depressão e ansiedade são diagnósticos cada vez mais comuns. Por conta da competição sem fim, muitas pessoas acham difícil encarar a rotina como algo que traz felicidade.

“Essas doenças são efeitos colaterais de uma tensão emocional, provocada pela falta de autonomia e por cobranças excessivas, inclusive a cobrança pela felicidade. Como caminho, devemos buscar a tensão criativa, que é uma motivação, um impulso e a energia necessários para nos levar a um novo patamar”, finaliza.

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