Por que os Millennials buscam tanto o modelo self-management? 27 de fevereiro de 2018

Por que os Millennials buscam tanto o modelo self-management?

         

Jovens adultos buscam ambientes de trabalho que sejam integrados às ferramentas e dinâmicos. Qualidade de vida passa a ser maior que anseio por promoção de carreira

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Ian Borges, sócio da Lead WiseA tecnologia mudou a forma das pessoas se relacionarem e lidar com as relações de consumo. A revolução digital impactou na forma com que o dia a dia é encarado – desde a hora que acordamos até a hora que dormimos, diversas ferramentas otimizam a rotina e fazem com que os processos sejam mais simples. Consequentemente, toda a cadeia econômica é impactada. Principalmente porque a tecnologia permitiu maior flexibilização aos profissionais.

Essa revolução digital no mercado de trabalho é um dos grandes atrativos aos jovens que chegam às corporações, já que eles buscam ambientes que sejam integrados às ferramentas e dinâmicos, segundo a pesquisa Millennials no mercado de trabalho, feita pela Ferraz. Isso não significa que eles querem um ambiente colorido, com games e pufes para descansarem. A qualidade de vida que eles almejam está associada a mobilidade – poder trabalhar de onde quiser, dar respostas em tempo real e gerir a vida pessoal de maneira mais leve do que a que levaram seus pais.

Na área de Marketing isso se torna menos distante, por já utilizar diversas ferramentas de monitoramento e controle, no entanto, algumas companhias possuem sistemas mais rígidos que impedem uma postura de self-management. “Cabe a cada corporação saber até onde essa flexibilidade pode ir, mas o que percebo é que muitas não mudam seu modelo de trabalho por hábito. Os jovens acabarão forçando uma mudança, porque é uma geração que tem tino empreendedor, se não for como gostariam eles vão atrás e criam o próprio negócio”, conta Ian Borges, sócio da Lead Wise, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Maturidade no negócio
Ex-Diretor de Comunicação e Digital da L’Oréal, Ian hoje se auto intitula um nômade digital que trabalha remotamente viajando pelo mundo. Seu atual negócio na Lead Wise busca ajudar líderes a criarem ambientes de trabalho mais positivos onde a equipe sinta paixão em ir trabalhar. “Cheguei em um momento da minha vida que buscava propósito, não queria viver apenas para trabalhar e nos locais em que atuei os métodos eram tradicionais. Hoje consigo provar que dá para entregar resultados não seguindo sistemas tradicionais”, conta Ian.

Espaços de coworking são mais uma prova de que a tecnologia está a favor dos trabalhadores. Esses ambientes propiciam encontros eventuais e assertivos, já que o propósito é ganhar tempo mediante a flexibilidade. As diferentes ferramentas de gestão de tempo, análise de dados, produção de conteúdo e gestão de produtos e serviços permitem que o trabalho ocorra em qualquer parte do mundo.

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Para que a entrega seja feita de maneira plena, no entanto, é preciso que cada pessoa atue com responsabilidade, colaboração e maturidade. “Há uma visão de que estar fora do ambiente corporativo gera inércia, mas entendo que os jovens hoje estão habituados a estarem conectados todo o tempo e sabem a hora de trabalhar e a hora de lazer. Os poucos que não compreendem isso serão desligados com o passar do tempo, mas assim como em qualquer empresa, há aqueles com comprometimento e os que não o possuem”, conta Ian.

Sob demanda
Uma das grandes transformações que o mercado de trabalho passa é a chegada de uma geração que busca mais qualidade de vida do que a de seus pais. Se a geração X foi a que mais dedicou tempo ao trabalho, a Y e Z querem aproveitar mais o tempo em família, para relaxar e recarregar as energias. Isso não significa que as entregas de trabalho não serão feitas, mas que acontecerão de uma maneira mais leve e flexível.

Áreas de tecnologia e comunicação são duas das que vem ganhando mais adeptos do modelo Self-management, no entanto, muitas outras podem tirar proveito desse formato. “Hoje já existem muitos aplicativos de serviços que atendem sob demanda – médicos, arquitetos, contadores, entre outros. Já não há uma necessidade de unidade física e patrão. Hoje todos podem ser seus próprios chefes, ir até o consumidor no momento da necessidade dele. Isso está associado, inclusive, à tendência de conveniência”, afirma o especialista.

Analisando pela ótica de custos, esse modelo auxilia aqueles que querem enxugar gastos com luz, aluguel, condomínio e outras contas que uma estrutura fixa exige. Em tempos de crise, manter os funcionários remotamente pode ser uma solução. “Paga-se por ferramentas de um lado, para que o trabalho à distância seja possível, mas economiza-se em outras coisas que a longo prazo fazem mais diferença para essa geração jovem: saúde e prazer pelo que faz”, pontua Ian.

Real valor
Um dos pontos mais repensados atualmente é o ambiente de trabalho, já que muitos profissionais vem sendo substituídos por máquinas. Em 2014, a revista The Economist mostrou em um artigo que uma parcela expressiva da força de trabalho mundial vem obtendo aumentos salariais decrescentes ao lado da entrada de novas tecnologias. Entre 1991 e 2012, o aumento real médio dos salários na Inglaterra foi de 1,5% ao ano, enquanto nos Estados Unidos foi de 1% e na Alemanha de 0,6% – todos bem abaixo dos ganhos de produtividade e do crescimento das empresas.

Se financeiramente o trabalho parece não compensar, por outro a solução é fazer com que todo um modelo seja recompensador. “Muitas companhias passaram a pagar por produtividade de modo a manter acesa a chama do amor ao trabalho, mas o processo inverso também é necessário e uma boa missão e valor de uma companhia podem fazer com que os funcionários queiram estar lá. Não por promessas de promoção – isso já não interessa mais -, mas por saber que o que está sendo feito tem um propósito maior”, conclui Ian Borges.

 Leia também: Os traços da geração millennial no mercado de trabalho – pesquisa disponível para assinantes do Mundo do Marketing Inteligência.

Gestão Horizontal, Self-management, Profissional de Marketing


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