Por que as grandes redes de artigos de casa estão fechando as portas? Bruno Mello 22 de agosto de 2023

Por que as grandes redes de artigos de casa estão fechando as portas?

         

Diminuição de lojas físicas, recuperação judicial e encerramento de operações mostram que setor passa por grandes mudanças

Por que as grandes redes de artigos de casa estão fechando as portas?
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Em 2020, a rede Vest Casa começou a dar fim a diversas lojas em razão da restrição de horário de funcionamento na pandemia. Hoje a rede vende artigos de decoração e alimentos, como picanha e vinhos. No início de 2022, a Etna anunciou o encerramento das suas operações no Brasil. No início desse ano, após demissões e fechamento de lojas, a TokStok anunciou a possibilidade de recuperação judicial. O mesmo com a Americanas, que entrou com pedido de recuperação após o anúncio de um rombo milionário.

Mas o que está acontecendo com o mercado de decoração, que as principais redes estão desaparecendo? Para Anderson Passos, diretor executivo da ABCasa, o setor está passando por grandes transformações, muito impactadas pelo período de pandemia, que impactou em uma grande mudança no comportamento do consumidor. Agora, as pessoas querem uma jornada de compra mais ágil e direta.

Tudo isso impulsionado pelo avanço do e-commerce, que mostrou novas possibilidades e ofertas. “No caso da Etna vimos que o consumidor não quer mais transitar pela loja toda até chegar em uma seção. Ele está mais prático, quer ir direto ao que se propôs. Aquela jornada de compra ficou pra trás. Ele decide onde quer transitar e não aceita mais ser coagido a fazer o que a loja quer”, contou Anderson, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Barreiras, apesar das oportunidades

Para as outras redes, Anderson vê na má gestão e falta de foco no consumidor como alguns pontos que podem repercutir financeiramente. Além disso, a alta competitividade de sites chineses faz com que o caminho entre fabricante e consumidor diminua. “Muitas matérias-primas e produtos vêm da Ásia. Ainda não vejo grandes perdas por conta desses aplicativos de compras, mas já há uma parcela de consumidores que vem buscando diretamente de lá, sem precisar adquirir do lojista local”, conta.

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Atualmente existem mais de 170 mil pontos de vendas específicos de decoração, associados da ABCasa. Esses reúnem 2.2 milhões de funcionários e movimentam R$ 83.8 bilhões em vendas. Só em importações, no ano de 2022 foram faturados US$ 1.4 bilhões. Já em exportações a soma foi de US$ 1 bilhão.

Com tanto potencial, falta mais investimento em Marketing e busca por inovações que atraia ainda mais consumidores às lojas. Isso porque a maioria dos lojistas são pequenos empreendedores e donos de redes locais que acabam acomodados nos resultados já obtidos.

De acordo com Eduardo Cincinato, presidente da ABCasa, a ABCasa Fair impulsiona o mercado ao apresentar as principais novidades e lançamentos para os compradores. “Muitos lojistas não têm tempo de observar quais são as atuais tendências e demandas de casa e decoração, então quando chegam na ABCasa Fair, eles têm este acesso rápido e prático de tudo que é novo e para todos os segmentos. A feira representa mais de 80% de todo o setor e quem participa garante essa atualização para o seu negócio”.

Quem deu a volta por cima 

A varejista carioca Casa & Vídeo, é considerada um caso clássico de companhia  que chegou a pedir recuperação judicial e deu a volta por cima. A empresa, que tinha bons ativos e uma marca forte, foi alvo de uma operação da Polícia Federal, em 2008, que investigava crimes de sonegação fiscal por parte dos gestores da companhia. A varejista entrou em recuperação judicial em 2009. Em 2011, a empresa foi comprada pelo fundo Polo Capital e conseguiu seguir competindo no mercado do Rio, enquanto pagava as dívidas. Hoje já está no e-commerce e superou períodos difíceis como a pandemia.

Os casos da TokStok e da Americanas, são alguns que acabam refletindo na sensação de que as grandes redes estão acabando. “O mercado de decoração está mudando, mas abre oportunidades para pequenos e médios lojistas se destacarem. As lojas físicas ainda são muito importantes para esse segmento. Não são compras por impulso, os consumidores pensam bem sobre algo para levar pra casa. Apesar disso, os dados mostram crescimento nas vendas  e seguirá assim”, conta Anderson.

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