Os desafios das empresas no ambiente digital (ainda?) 1 de setembro de 2016

Os desafios das empresas no ambiente digital (ainda?)

         

Atuação online ainda é passiva e pouco explorada em relação à experiência do usuário. Conteúdo aliado às vendas é a saída para incremento no faturamento e sobrevivência da marca

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Márcio Leibovitch, Diretor da Work & Co do BrasilA internet está inserida na vida das pessoas, sejam elas de qual geração for. As novas tecnologias permitem que empresas de qualquer setor estejam mais próximas de seus consumidores, no entanto, ainda existem barreiras que impedem que esse relacionamento seja efetivo também no retorno em vendas. Isso porque a experiência do usuário ainda é pouco levada em consideração. Ainda hoje, em muitas empresas, sejam elas grandes ou pequenas, as atuações no campo digital parecem mais auxiliar outras estratégias ao invés de ser a principal delas.

Quando analisadas as gerações nativas digitais como a Z e a Alpha, que são totalmente imersas em plataformas online, a visão que se tem é de que as companhias que não se adaptarem à nova realidade serão engolidas pelas novas startups que já estão se moldando ao gosto dos jovens e futuros consumidores. Alvo de milhares de informações a todo instante nas páginas da web, esses grupos vêm se voltando à marcas e sites que possam reunir conteúdo que de fato acrescente algo na vida deles.

A possibilidade de comprar em poucos cliques enquanto lê é outro diferencial. “A solução de negócio adequada é aquela que encontra um equilíbrio entre o que a empresa precisa e o que o cliente quer. O business só vai sobreviver se ele se adequar. É preciso aumentar a rentabilidade alinhando os desejos de ambas as partes e olhar a companhia como um todo. O digital é a principal porta de entrada, então se você quer vender e continuar a ser visto tem que chamar a atenção do seu objetivo em sua comunicação online”, conta Márcio Leibovitch, Diretor da Work & Co do Brasil, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Questão de sobrevivência
Apesar da maioria das empresas estarem presentes na internet, as estratégias de atuação ainda são pouco exploradas. Pontos como experiência do usuário e design responsivo devem ser pensados a todo instante, já que são eles que trazem o diferencial para que o produto ou serviço seja lembrado. Por outro lado, as barreiras impostas a quem quer trabalhar na internet ainda são grandes no Brasil, mas não devem desanimar os gestores. Apesar da logística ser mais difícil para o setor por causa da burocracia, existem outros fatores relevantes – como o foco no usuário – que podem impulsionar os negócios.

As novas gerações já vivem no celular, o que pede um modelo que seja adaptado às necessidades dos clientes. “Os líderes precisam entender que agora é hora de investir no online e colocar o dinheiro necessário para fazer o que deve ser feito, isso envolve um bom site responsivo ou aplicativo. É um investimento estratégico. Se não fizer vai ser engolido por iniciativas que estão nascendo agora. Existem ameaças de novos players que tem potencial de engolir o business. Os bancos são um exemplo, basta olhar o Nubank. As empresas só fazem quando alguém já fez”, comenta Márcio, que tem como clientes a Oi e Facebook.

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Quando comparado a outros mercados, o Brasil ainda está muito aquém do seu potencial em trabalhar a experiência dos internautas. Para o Diretor da Work & Co do Brasil, em um momento de crise é importante saber onde investir o dinheiro. “O digital é o local para se apostar todas as fichas. Ele precisa ser pensado como nativo e não como auxiliar, ou seja, não pode ser uma estratégia a parte, precisa ser integrado às outras”, acrescenta o especialista.

User Experience
A psicologia humana e problemas de interface são alguns dos pontos que a agência busca solucionar para entender e analisar o comportamento das pessoas no online para que os resultados obtidos futuramente sejam lucrativos. Ainda que o produto seja bom, existem detalhes associados a questão de user experience que fazem com que ele evolua e atenda às necessidades do consumidor.

Um dos exemplos que foram feitos pela Work&Co foi o redesenho do site da Virgin. A companhia aérea possuía um site em que a parte voltada a venda de bilhetes correspondia a 10% da página e o restante era conteúdo variado. “Eles queriam algo que impactasse as vendas. Os negócios estão migrando para o digital, os bilhetes aéreos são vendidos pelo site. Quando se tem que aumentar os números, as empresas mais sofisticadas começam a pensar a presença digital. Não é instalando mais quiosque em aeroporto, é aumentando a experiência online”, afirma Márcio Leibovitch.

Para que a entrega fosse assertiva o trabalho de construção foi realizado juntamente com o cliente – prática que a agência afirma ser fundamental para o sucesso do projeto. “O modelo que temos agora é diferente. Não existe mais entregar o briefing e pegar o resultado. Isso se deve ao fato de haver a compreensão de que o conteúdo tem que ter valor, não deve ser uma isca. Nada melhor do que ter quem entende do seu público-alvo e o que ele quer para pensar na maneira como agradá-lo”, pontua o Diretor.

Gerar desejo
A resposta obtida pela Virgin foi positiva na forma com que o consumidor lidava com o site e foi refletida nas vendas. A mesma linha foi trabalhada com o Metropolitan Opera, de Nova Iorque. Para esse cliente foi criada uma plataforma digital com conteúdo diferenciado, a fim de criar interesse nas pessoas em assistirem um espetáculo ao vivo. O objetivo era eliminar qualquer barreira que aparecesse para a compra de um ingresso – desde local de assento quanto ao que seria visto.

Ao invés de esperar a iniciativa de alguém buscar um tíquete no e-commerce, ele gera desejo. “Queríamos levar o público jovem para fazer parte dessa academia, que possui um público mais adulto. O site possui um apelo de saber como é a ópera e dar a experiência. Criamos algo que integra a passagem de conteúdo pra compra. Mostramos exemplos de conteúdo com impacto emocional que faça com que as pessoas queiram ver ao vivo. Há um preview do palco e um calendário fácil de usar”, afirma.

O site foi ao ar em novembro e passou por atualizações em março para promover a venda de combos. “Mudamos a maneira de apresentar os produtos e isso está tudo sendo mensurado novamente. O objetivo era diminuir as ligações para o call center, aumentar o online e diminuir as idas do consumidor às ruas para comprar o que precisa. Se a experiência no site é fácil, acaba diminuindo a procura pelo telemarketing”, pontua Marcio.

Para quem não sabe por onde começar o redesenho do site ou como fazer uma mudança que impacte as vendas, o especialista é direto. “Entenda o público, as necessidades, como funciona, ofereça conteúdo para criar interesse, antecipar a experiência e contar uma história. Ao invés de querer absorver todas as tendências, foque em uma página rápida, isso é atemporal”, conclui.

 


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