Olimpíada atrapalha ou ajuda empresas na crise? 21 de março de 2016

OlimpĂ­ada atrapalha ou ajuda empresas na crise?

         

Não patrocinadoras podem realizar ações para aproveitar aumento da presença de turistas ou para contornar e minimizar perdas durante os dias de evento no Rio de Janeiro

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Aldo de Moura GonçalvesFaltam pouco menos de 20 semanas para o início dos Jogos Olímpicos, o maior evento esportivo do planeta, mas a proximidade da largada parece estar movimentando pouco o mercado brasileiro. A expectativa das empresas em geral não é das mais otimistas. A realidade política e econômica do país hoje é inteiramente diferente daquela que marcou a escolha do Rio de Janeiro como cidade-sede, em 2009. Há ainda atrasos em obras de infraestrutura que foram prometidas como legado para o município, como a Linha 4 do Metrô-Rio.

O resultado da Copa do Mundo de 2014 ajudou a esvaziar as expectativas em relação às Olimpíadas. Em vez de ficar marcado pela geração de emprego e renda, como prometido, o Mundial acabou responsabilizado, pelo próprio governo, por parte da queda de 0,6% do PIB do segundo semestre daquele ano. Os principais prejuízos foram ocasionados pelos feriados decretados nas cidades-sede e pelas paralisações realizadas para que os brasileiros pudessem assistir às partidas da Seleção Brasileira.

Esses dias parados afetaram negativamente a produção industrial e, para lojistas que abriram as portas, significaram gastos extras com encargos pagos a funcionários. “A Copa do Mundo não foi boa para o comércio por conta do excesso de feriados decretados sem planejamento. Esperamos que a Olimpíada seja melhor neste ponto”, pontua Aldo de Moura Gonçalves, Presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e do Clube dos Diretores Lojistas (CDL), em entrevista ao Mundo do Marketing.

Impacto do turismo
Para este ano, a Prefeitura do Rio de Janeiro já instituiu dois feriados municipais: no dia cinco de agosto, data da cerimônia de abertura do evento, quando cerca de 10.500 atletas se deslocarão da Barra da Tijuca para o Maracanã; e no dia 18, quando ocorre a Prova de Triatlo, levando ao fechamento de ruas da Zona Sul do Rio por duas horas. Não está descartada, no entanto, a necessidade de decretar outras paralisações.

Ainda não se vê ações de lojistas e restaurantes com relação indireta ao evento – já que menções explícitas só podem ser feitas pelos patrocinadores. “Embora alguns segmentos possam apresentar resultados positivos no período, como os de artigos esportivos, souvenires, hotelaria e bares e restaurantes, o comércio em geral está prudente. O evento tende a tirar o foco de outros tipos de negócios. As regiões menos turísticas também tendem a sofrer mais”, ressalta Gonçalves, Proprietário da rede de moda infanto-juvenil Silhueta Infantil.

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Os visitantes devem ser mesmo o principal motor de ganhos. Entre 350 mil e 500 mil turistas estrangeiros são esperados na cidade do Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, fora os brasileiros de outros locais que se deslocarão para a sede do evento. A estimativa é do Ministério do Turismo. Na Copa do Mundo, foram um milhão de estrangeiros, divididos entre os 12 municípios que receberem o torneio.

Luiz Henrique StocklerAdaptações no varejo
Esses visitantes irão assistir a uma ou mais competições, mas, ainda assim, terão muito tempo livre para passear e, consequentemente, comprar. Dos 7,5 milhões de ingressos, cinco milhões são destinados aos torcedores brasileiros e apenas 2,5 milhões são vendidos no exterior. Isso torna os turistas internacionais ainda mais atrativos e alvo de ações promocionais. Ampliar o mix de produtos pode ser um bom investimento, buscando oferecer também itens licenciados. A armadilha, neste ponto, é adquirir um volume muito alto e tê-lo encalhado no estoque.

É possível ainda criar ações para atrair o público na data, seja criando eventos especiais ou promoções para grupos. “É o momento de olhar para dentro do negócio, levando em consideração o tipo de público, a forma de atendimento, a necessidade do cliente. O varejo precisa inventar algo que atraia o cliente, considerando o que o evento pode agregar ou atrapalhar. Só não pode ficar parado, senão irá perder”, recomenda Luiz Henrique Stockler, Fundador da ba}Stockler, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Não existe cenário em que todos ganhem. Mesmo no entorno das arenas, onde a maioria dos negócios tende a ter benefícios, há quem saia prejudicado. “Os negócios que sejam totalmente deslocados deste contexto podem ter perdas, como uma oficina mecânica, por exemplo. Os clientes que, por ventura, precisarem realizar reparos em seus automóveis podem querer evitar essas áreas cheias. A saída pode ser oferecer um serviço extra nos dias de jogos, como o opção de busca e entrega do veículo em local acordado com o cliente”, exemplifica Stockler.

Ganhos para a imagem
O estudo realizado pela Fundação Instituto de Administração (FIA) para o Ministério dos Esportes, ainda na fase de candidatura do Rio de Janeiro, apontava que os jogos poderiam movimentar US$ 51 bilhões em recursos e gerar 120 mil empregos. Mesmo que isso não se concretize, o comércio acredita que, dando tudo certo, o evento promoverá uma imagem positiva da cidade para o mundo, atraindo mais turistas no futuro.

Segundo pesquisa realizada pela Hello Research, 58% dos brasileiros acreditam que os Jogos Olímpicos serão bons para o país arrecadar dinheiro, ante 24% que não sabem e 18% que discordam. E 52% consideram que o evento deixará um legado para o Brasil, sendo que 31% não sabem e 17% discordam. A pesquisa ouviu 1.200 pessoas que moram em 70 cidades das cinco regiões do território nacional. 

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