O que Bolsonaro, Trump e Obama têm em comum no Marketing? Bruno Mello 30 de outubro de 2018

O que Bolsonaro, Trump e Obama têm em comum no Marketing?

         

Engajamento de eleitores no ambiente digital e se aproximar e conversar regularmente com a audiência fez com que candidatos lograssem êxito em suas estratégias de campanha

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Você deve se lembrar bem da primeira eleição do presidente Barack Obama nos Estados Unidos, em 2008/09. Foi a primeira grande corrida presidencial no mundo em que as redes sociais foram o grande palco para a mobilização de eleitores. No Brasil, criou-se uma grande expectativa acerca do exemplo norte-americano e como ele poderia ser replicado no pleito de 2010. Ben Self, responsável pela campanha digital de Obama, esteve no país dando palestras e até hoje não se sabe ao certo se ele fez parte da campanha que elegeu a presidente Dilma Rousseff em seu primeiro mandato.

Tenha sido ele ou não, o maior exemplo de êxito no uso da mídia social em uma eleição brasileira pertence ao agora presidente eleito do Brasil, Jair Messias Bolsonaro. Detalhe, sem nenhum apoio de um profissional de Marketing Digital ou grandes verbas oficiais. O que permitiu o êxito do ex-capitão do Exército são os mesmo fatores que elegeram Obama em seu primeiro mandato e que levaram Donald Trump à Casa Branca mais recentemente: 1) o engajamento de grande parte de seus eleitores no ambiente digital; 2) defender não somente as mesmas ideias, mas expressá-las de forma clara, simples e às vezes até rígida e; 3) se aproximar e conversar regulamente com sua audiência on e offline (perceba a chuva de selfies com o então candidato).

Tanto a primeira eleição de Obama quanto as de Trump e Bolsonaro guardam uma semelhança única para além do digital: seus eleitores e potenciais eleitores estavam francamente indo contra à proposta de seus adversários e/ou insatisfeitos com o rumo do país. Em paralelo, eles agora têm voz e a audiência. Nas mãos, um teclado, um mouse e um smartphone com acesso ao Facebook, Instagram, Twitter, Youtube e WhatsApp. Ora para disparar suas crenças, ora para serem influenciados por um contingente de seguidores de Bolsonaro que hoje soma mais de 18 milhões de pessoas nas redes sociais.

Só no Facebook, o presidente eleito do Brasil saltou de 240 mil seguidores em 2014 para mais de oito milhões em 2018. Em entrevista ao Fantástico, Bolsonaro afirmou ter sido impulsionado ao ambiente digital pelo filho Carlos, eleito cinco vezes vereador da cidade do Rio de Janeiro e formado em Ciências Aeronáuticas pela Universidade Estácio de Sá. Pertencente à Geração Millennial, Carlos Bolsonaro tem diversas fotos no Instagram mostrando o cenário de transmissão das “lives” do pai. Um ambiente muito semelhante a qualquer outro influenciador digital que arregimenta outros milhões de seguidores com direito a bandeira brasileira tortamente adesivada na parede e uma raquete de plástico para matar mosquito.

Diferente dos casos de sucesso norte-americanos, o fator tempo real foi outro importante ingrediente no tempero que fez de Bolsonaro uma figura onipresente na timeline e no WhatsApp de dezenas de milhões de brasileiros. Desde o atentado que sofreu, passando pelos pronunciamentos para contornar falas infelizes de aliados, tudo que acontecia com o então candidato era transmitido em vídeo no calor dos acontecimentos, carregado de emoção e sem filtro. O seu primeiro pronunciamento como presidente eleito também foi um marco.

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Jair Bolsonaro não seguiu o protocolo e, nas suas próprias palavras, se dirigiu aos internautas em uma transmissão ao vivo pelo Facebook na mesma mesa em que fizera outras tantas, de sua casa, com direto até a interrupção pela qualidade de transmissão pela internet. É, certamente, um sinal dos tempos. As regras e os modelos de Marketing estão em constante mudança. A base, no entanto, continua a mesma. Dar ao cliente (aqui, o eleitor) o que ele quer e ter um relacionamento próximo com ele.


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