<p><strong>O artista Gilberto Strunck</strong></p><p>Por Bruno Mello<br /><a href="mailto:[email protected]">[email protected]</a></p><p><img class="foto_laranja_materias" title="Gilberto Strunck" height="271" alt=" " hspace="6" src="images/materias/marketeiro/gilberto_strunck.jpg" width="250" align="left" vspace="2" border="0" />Ele desenha, planeja, cria, pinta, toca viol&atilde;o, faz Tai Chi Chuan, corre, planta &aacute;rvores, d&aacute; aulas, escreve, comp&otilde;e. Na foto ao lado, o nosso personagem est&aacute; quase que disfar&ccedil;ado sem seus caracter&iacute;sticos &oacute;culos coloridos, mas ele &eacute; Gilberto Strunck, s&oacute;cio-diretor da Dia Comunica&ccedil;&atilde;o e membro do Conselho Consultivo do Popai Brasil. Ele faz de tudo um pouco, mas a sua principal dedica&ccedil;&atilde;o e paix&atilde;o &eacute; o design. </p><p>J&aacute; s&atilde;o 33 anos dedicados &agrave; arte de desenhar que virou refer&ecirc;ncia no Brasil. Mas o design n&atilde;o se limita &agrave;s retas, curvas e cores. Prova disso &eacute; que Strunck trabalha com branding, embalagem e ponto de venda. Na sua carteira h&aacute; clientes como Coca-Cola, Petrobras, Revlon, L'Or&eacute;al, Banco Ita&uacute;, Santander, Ampla e Alian&ccedil;a Francesa. No Brasil, o empres&aacute;rio-artista &eacute; respons&aacute;vel por uma escola de pensamento que deu origem a quatro livros: Identidade Visual &ndash; a Dire&ccedil;&atilde;o do Olhar, Marca Registrada, Viver de Design e Como Criar Identidades Visuais para Marcas de Sucesso.</p><p>A incurs&atilde;o de Strunck neste mundo se deu ainda na faculdade. Ele se formou em Engenharia Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UFRJ -, fez at&eacute; est&aacute;gio na &aacute;rea, mas viu que esta n&atilde;o era a praia em que gostava de surfar. Conheceu o desenho e foi fazer design na Esdi – Escola Superior de Desenho Industrial&nbsp;- antes ainda de se formar engenheiro. Nesta &eacute;poca, ele se juntou com colegas de faculdade e j&aacute; criava. Ora s&oacute; para passar o tempo, ora para clientes que o deixaram conhecido pelo tra&ccedil;o.</p><p>Um dos respons&aacute;veis pelas aventuras de Strunck foi um tio arquiteto que emprestava as salas de uma grande casa para os filhos de amigos desenvolverem suas habilidades. &ldquo;Ficava cada um numa sala brincando de fazer design. N&atilde;o tinha o que fazer e fomos fazendo projetos &agrave;s vezes at&eacute; para n&oacute;s mesmos, de m&oacute;veis&rdquo;, lembra o executivo, datando que foi nesta &eacute;poca que surgiu a Dia. Primeiro como Desenho Industrial e Arquitetura. &ldquo;Era um sonho ainda de integrar arquitetura com o Design&rdquo;, conta. Depois virou Desenhistas Industriais Associados. &ldquo;Nessa &eacute;poca a empresa era eu e eu porque todos foram se formando e indo para outras empresas e outras &aacute;reas&rdquo;. Mas a coisa foi indo, como ele mesmo diz, e hoje trabalham na Dia Comunica&ccedil;&atilde;o 50 profissionais no Rio de Janeiro e em S&atilde;o Paulo.</p><p><span class="texto_laranja_bold">O tempo n&atilde;o p&aacute;ra</span><br />Se antes n&atilde;o tinha o que fazer, hoje &eacute; bem diferente. &ldquo;Gosto de trabalhar, mas preferiria n&atilde;o trabalhar tanto. H&aacute; 30 anos eu tinha fim de semana, hoje fico respondendo e-mail, preparando palestra, trabalho&nbsp;e esperando no aeroporto&rdquo;, afirma Strunck, que tem mais preocupa&ccedil;&otilde;es. &ldquo;Quando voc&ecirc; trabalha numa empresa em que voc&ecirc; &eacute; respons&aacute;vel por 50 pessoas, tem que entender que tem 50 fam&iacute;lias que est&atilde;o dependendo daquilo. A&iacute; voc&ecirc; aprende que administrar pessoas n&atilde;o &eacute; uma tarefa f&aacute;cil. E tem a parte financeira, da qual precisamos para funcionar bem. Isso, num mercado muito competitivo e que ser&aacute; ainda mais competitivo&rdquo;, ressalta. </p><table cellspacing="4" cellpadding="4" align="right" border="0"><tbody><tr><td><img class="foto_laranja_materias" title="O livro &eacute; um verdadeiro guia da profiss&atilde;o" height="286" alt=" " src="images/materias/marketeiro/gilberto_strunck_livro.jpg" width="200" align="right" border="0" /></td></tr><tr><td><p align="center"><strong>Este verdadeiro guia da profiss&atilde;o<br />est&aacute; na quinta edi&ccedil;&atilde;o&nbsp;</strong></p></td></tr></tbody></table><p>O mundo realmente mudou.&nbsp;H&aacute; quase 15 anos, o mundo digital n&atilde;o estava impregnado em nossas vidas como hoje. Em fun&ccedil;&atilde;o disto, a forma de trabalho de Strunck&nbsp;se alterou&nbsp;radicalmente. &ldquo;Antigamente voc&ecirc; apresentava uma id&eacute;ia num raff, rabiscava duas ou tr&ecirc;s id&eacute;ias, um esbo&ccedil;o mesmo, algo como uma obra de arte, e o cliente tinha um certo pudor em mexer naquilo. Hoje a quantidade de idas e vindas &eacute; muito grande porque o cliente participa do processo&rdquo;, aponta. Mudou tamb&eacute;m o perfil dos interlocutores. </p><p>Com a chegada de novos e jovens profissionais no mercado, e principalmente em cargos de alta ger&ecirc;ncia, houve uma contribui&ccedil;&atilde;o de muita est&eacute;tica e pouca sem&acirc;ntica, segundo o designer. &ldquo;S&atilde;o pessoas inteligentes, que tem uma forma&ccedil;&atilde;o acad&ecirc;mica muito s&oacute;lida, mas que ainda n&atilde;o tem os cabelos brancos. Vamos supor que eu tenho um problema de apendicite. A&iacute; tem um jovem talentoso que acabou de fazer uma p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o, mas ainda n&atilde;o fez nenhuma opera&ccedil;&atilde;o. E tem outro que ningu&eacute;m sabe a escola em que ele se formou, mas que j&aacute; fez 500 cirurgias daquela. Eu prefiro fazer com esse que j&aacute; fez as cirurgias porque espera-se que ele n&atilde;o cometa erros&rdquo;, salienta.</p><p>E se um executivo comete um erro, a comunica&ccedil;&atilde;o ser&aacute; falha. &ldquo;Qualquer rela&ccedil;&atilde;o que n&oacute;s como pessoas tenhamos com as marcas deve ser emocional. Quando &eacute; uma rela&ccedil;&atilde;o puramente comercial o v&iacute;nculo &eacute; muito fraco e a fidelidade &eacute; muito baixa&rdquo;, acredita. &ldquo;N&atilde;o interessa voc&ecirc; fazer uma coisa muito bonita, mas que n&atilde;o vai funcionar para o consumidor. Por isso, tem que entender o que vai funcionar na cabe&ccedil;a da pessoa, quais s&atilde;o os seus valores e o que vai encant&aacute;-la&rdquo;, ensina. Deve-se fazer o poss&iacute;vel e o imposs&iacute;vel para entender o seu cliente, e principalmente o p&uacute;blico do seu cliente, e fazer algo que vai resultar em mais vendas&rdquo;, completa.</p><p><span class="texto_laranja_bold">A boa estrat&eacute;gia</span><br />E como fazer isso hoje demanda muita inspira&ccedil;&atilde;o e mais ainda transpira&ccedil;&atilde;o, Gilberto Strunck tem uma f&oacute;rmula infal&iacute;vel. Ele inventou o termo TBC, que significa tirar a bunda da cadeira. &ldquo;Se&nbsp;come&ccedil;a um projeto e n&atilde;o teve o TBC n&atilde;o adianta nem falar comigo&nbsp;como est&aacute; o andamento, pois a possibilidade de erro &eacute; gigantesca. Com a Internet &eacute; muito f&aacute;cil ficar baixando informa&ccedil;&otilde;es, mas nada substitui voc&ecirc; ir para a rua, conversar com gente e observar o que est&aacute; acontecendo porque esta experi&ecirc;ncia &eacute; muito rica,&nbsp;&eacute; colorida, tem sabor,&nbsp;cheiro,&nbsp;som e&nbsp;luz&rdquo;, garante.</p><p>E ningu&eacute;m como o pr&oacute;prio Strunck para aplicar esta tese de maneira nevr&aacute;lgica. &ldquo;O meu dia-a-dia na ag&ecirc;ncia &eacute; uma coisa meio de maluco. Acordo cinco horas da manh&atilde;, vou fazer Tai Chi Chuan, depois fa&ccedil;o muscula&ccedil;&atilde;o, depois corro e vou trabalhar&rdquo;, diz. &ldquo;Fico um dia e meio dando aula (na Escola de Belas Artes da UFRJ), mais dois dias em S&atilde;o Paulo e sobra um dia e meio para ficar no Rio, mas ganho o dia quando reencontro um ex-aluno que hoje tem a sua ag&ecirc;ncia, pessoas que tiveram aqui que est&atilde;o bem no mercado, que se conheceram aqui e que at&eacute;&nbsp;se casaram&rdquo;, conta. </p><p>Al&eacute;m de ser daqueles professores que n&atilde;o d&aacute; nota 10, Strunck gosta de observar. Quando sobe a Serra, fica contemplando a paisagem e faz jardinagem. Quando est&aacute; nas metr&oacute;poles, seu passatempo &eacute; ver como as pessoas compram. Do ponto de vista capitalista, ele &eacute; um consumidor em potencial. &ldquo;Gosto de fazer compras e gosto de marcas. Gosto de entrar nas lojas e conversar com as pessoas, saber o que compram, o que n&atilde;o compram&nbsp;e porque n&atilde;o compram, pois voc&ecirc; aprende muito&rdquo;, atesta. Sobre o futuro de quem j&aacute; fez muita coisa? &ldquo;Sou uma pessoa esfor&ccedil;ada, produtiva, que teve sorte e que ainda tem muita coisa para fazer&rdquo;.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Acesse</span><br /><a href="http://www.diacm.com.br" target="_blank">www.diacm.com.br</a></p>
O artista Gilberto Strunck
28 de junho de 2007