Novos paradigmas do futuro e as tendĂȘncias emergentes 29 de novembro de 2018

Novos paradigmas do futuro e as tendĂȘncias emergentes

         

TransformaçÔes estĂŁo mais aceleradas e vem mudando completamente os hĂĄbitos vividos nas Ășltimas dĂ©cadas. PrĂłximos 20 anos serĂŁo de inovação e ressignificação

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As mudanças tomaram o mundo de supetão, especialmente nas últimas décadas, mas algumas empresas ainda têm dificuldade de as acompanhar. Se uma pessoa fosse transportada diretamente do fim do Século XIX para os dias de hoje, é provável que ela tomasse um grande susto por causa das inovações. Por outro lado, se alguém hoje fosse transportado para uma diferença menor de tempo – em torno de 20 anos à frente – se sentiria deslocado da mesma forma. Isso porque as transformações estão mais aceleradas e vem mudando completamente os paradigmas vividos nas últimas décadas.

Um exemplo são as mudanças no mercado de trabalho. As profissões que precisarão do ser humano são tendências, isso porque as máquinas farão aquilo que podem substituir o homem e ainda: 65% das crianças que estão na escola trabalharão em profissões que não existem, segundo as projeções do Fórum Global Econômico. Além disso, existirão impressoras 3D de grande escala que poderão construir qualquer coisa.

Isso resultará em um novo paradigma – quando existem padrões repetitivos de comportamento que se mostram em macrotendências. “Nos últimos 18 anos, eu tenho feito essas análises e por meio de pesquisas globais chegamos a quatro novos paradigmas futuros. Um paradigma é um grande direcionamento do mercado, da sociedade que tem núcleo de estabilidade, então duram 20 anos. Hoje vivemos uma mudança de era, a era da transição. Estamos deixando antigos paradigmas e iniciando outros novos que exigem atenção das empresas”, contou Sabina Deweik, Cool Hunter, Trend and Behavior Searcher, durante palestra no evento Data Driven Business, realizado pela Neoway, no Rio de Janeiro.

Sustentabilidade nos negócios
Os caçadores de tendência, como a Sabina, são uma espécie de big data analógico, que observa padrões de comportamento no mundo todo relacionado a tudo – cultura, tecnologia, moda – e quando há um padrão repetitivo eles captam como macrotendência. Nos últimos 18 anos, Sabina fez análises e por meio de pesquisas globais chegou a quatro novos paradigmas futuros.

Um deles envolve as famílias e o trabalho, que mudarão por causa da tecnologia. Ela mostra-se como um meio e não um fim. “Precisamos lembrar da humanidade e com aquilo que fazemos com a tecnologia. A companhia precisa refletir em como pode vender mais, mas com olhar sustentável. Desde a revolução industrial iniciou-se uma produção em automação, a humanidade começou a poluir o ambiente. Houve uma fragmentação do ser humano – com o outro e com o meio ambiente. Tiramos e não devolvemos. O grande desafio da sustentabilidade é saber o que acontecerá com nosso planeta”, afirmou a caçadora de tendências.

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Um retrato disso, é de como existe hoje um índice muito alto de depressão e suicídio entre jovens. As marcas podem incluir essa proximidade com seu consumidor se perguntando como pode, por meio da tecnologia, recuperar o senso de humanidade. “Estamos entrando em uma era de consciência coletiva, estamos cedendo aos antigos paradigmas para começar outros”, pontuou Sabina.

Ressignificação da economia
A economia do olho – da grife, do status – deu origem a era da visibilidade, por isso os gurus dos anos 1980 eram estilistas, que trabalhavam com imagem. Esses valores estão se perdendo e ganhando outros novos. Hoje se vive a economia da língua – a metáfora de um órgão sensorial – que está associada à experiência. Quando alguém vai a um ponto de venda não realiza uma troca monetária, ela vive uma experiência de compra, em que pode não comprar nada, mas sai dali com uma experiência.

Isso é uma ressignificação: sai da economia da visibilidade para a economia da credibilidade, da transparência, do significado, do propósito. Sai da individualidade para a cocriação. “O que se vê são grandes empresas pensando em resultados econômicos, mas pensando em como impactar o mundo. Hoje existem diferenças sociais, raciais, econômicas, crises de refugiados e políticas. As pessoas estão procurando um mundo mais colaborativo, com mais coparticipação e atenção ao outro”, afirma Sabina.

Se uma empresa quer se manter relevante nos próximos 20 anos ela precisa refletir em como sua marca pode pensar no coletivo maior. Essa era de transição é definida pela busca dos sentidos e do propósito. “As marcas podem ser disruptivas, mas ter impacto social. Se uma marca pensa e age na era industrial, ela está em um tempo diferente do que vive o seu consumidor”, pontua a Cool Hunter.

Um exemplo é a Tesla que faz carros elétricos com custo baixo e está mudando a mobilidade urbana e impactando o planeta positivamente. O erro está em ver o negócio como uma fábrica gigante de produzir produtos ao invés de cuidar de sistemas humanos reais.

Outro ponto está associado à diversidade. O caráter único é o que diferencia. “A tendência da diversidade não é momentânea, ela permite a inclusão de quem ficou à parte durante muito tempo. Diversidade não é mais tema de nicho, ela é o ponto de partida para ficarmos mais perto do consumidor.  Um exemplo é o da boneca Barbie, que era loira, magra e alta e a Mattel se reposicionou para trazer novos modelos com diferentes biotipos para se comunicar com essa nova geração”, afirma.

Mudanças corporativas
Para a geração Baby Boomers, trabalhar significava estabilidade, conseguir uma casa e, no final da vida, se divertir. Na geração X, o trabalho é associado a recompensa financeira – trabalha-se para ter algo imediato. A geração Y mudou e ressignificou o mercado de trabalho buscando propósito. Eles não querem esperar anos para fazer o que gostam. Isso está influenciando marcas no mundo todo a se remodelar corporativamente.

Outra mudança que já mostra essa transação é que as campanhas não são mais de uma comunicação persuasiva – isso não é mais possível, porque o consumidor é a voz e a mídia. “Estamos na era de desconexão, se não houver uma escuta ativa você não está conectado. Está presente de corpo, mas não de mente. Isso é um reflexo da busca pelo sentido”, concluiu Sabina.

Os negócios inovadores, como Whatsapp, Uber, Netflix, Airbnb, tendem a fazer cada vez mais parte do mercado, isso porque eles vem imbuído do sentido de estar na era do acesso e não da posse. Passa do ter para o ser. Empresários e consumidores buscam uma democratização, partindo da premissa de que tem para todo mundo – ao invés de competir e criar estoque, ele compartilha. Essa mudança comportamental gera mudança econômica – a autossustentabilidade do negócio e da sociedade.

*Com apuração de Bruno Mello

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