Marcas aproveitam Copa para gerar negócios internacionais 24 de junho de 2014

Marcas aproveitam Copa para gerar negócios internacionais

         

Visibilidade do país auxilia empresas brasileiras a estreitarem relacionamento com clientes estrangeiros e intensificarem exportações, que hoje respondem por 10% da economia

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A Copa do Mundo se mostra uma boa oportunidade para as empresas brasileiras se projetarem para além dos gramados. O mundial transformou o Brasil em um importante destino de turistas nos meses de junho e julho e entre estes viajantes estão investidores, compradores e executivos que, além de assistirem aos jogos, também participam de encontros de negócios. A expectativa é de que destas reuniões sejam gerados mais de US$ 6 bilhões em exportações e investimentos, de acordo com a APEX, Agência Brasileira de promoção de exportação e investimentos.

Os ganhos vão para além do mercado de materiais e serviços esportivos, naturalmente aquecido pela sazonalidade. Toda essa movimentação deve gerar oportunidade de exposição também para segmentos como alimentos, produção audiovisual, tecnologia da informação, organização de eventos, arte e turismo. Mais do que vender para quem estiver no Brasil durante o período do campeonato, a intenção é aproveitar a exposição para demostrar o potencial da empresa, seus serviços e produtos e exportar. A vantagem do período é não precisar sair de casa para se apresentar internacionalmente.

As oportunidades não são exclusividade das grandes companhias. Para ajudar também os pequenos e médios empreendedores a se projetarem, a Apex promove rodadas de negócios incluindo mais de 700 empresas nacionais e organiza eventos de relacionamento durante os jogos. “Essa é uma Copa de oportunidades e negócios. O foco do mundo está no Brasil, a expectativa é mostrar o que o país tem de melhor em negócios e empreendedorismo. Esse é um momento saudável para se fazer perceber no mercado internacional”, analisa Maurício Borges, Presidente da Apex-Brasil, em entrevista ao Mundo do Marketing.

A Meta é exportar
O momento é propício para aproveitar a projeção da marca Brasil, que está intimamente relacionada ao megaevento, e se apropriar desta fama. Tanto esforço tem o objetivo de alavancar a imagem do país e de seus empresários junto a clientes internacionais. O mercado interno é responsável por 90% da economia nacional, enquanto o externo representa apenas 10% do total, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio (MDIC).

A intenção é gerar uma mudança histórica nas relações de compra e venda. O Brasil, que sempre atuou predominantemente no fornecimento de matérias primas, agora quer ser visto como exportador também de serviços e tecnologia. Diversificar a rede de produção funciona como um atestado de maturidade empresarial. “A capacidade de oferta mostra que estamos no mesmo nível que outros países que já exploram de forma mais eficiente o mercado externo, que por aqui ainda é tímido. Temos muito espaço para crescer da porta pra fora”, compara Humberto Luiz Ribeiro, Secretário de Comércio e Serviços do MDIC, em entrevista ao Mundo do Marketing.

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Mais do que capacidade produtiva, se posicionar como um grande exportador depende também de mudanças culturais significativas. Em geral, quando um executivo internacional vem ao Brasil, a sua intenção é vender. Com os holofotes do mundial, vem a oportunidade de mudar este quadro. Para isso, todo atendimento, preparo técnico e discurso de vendas das empresas nacionais precisam se adaptar à concorrência pelo mercado externo. “Existe um ditado alemão que diz: vendo em qualquer língua, mas só compro em alemão. Quem quer vender algo, deve antes de mais nada compreender a realidade do cliente. Não adianta ter um produto desenvolvido para o mercado brasileiro, se não tiver adaptações para a internacionalização”, comenta Humberto Luiz.

Definir objetivos é prioridade
Para extrair o máximo do potencial presente no campeonato, independente do porte ou do segmento, a empresa deve traçar objetivos claros. Aspectos como concorrência, diplomacia e logística não podem ser desprezados. A criatividade e a personalidade dos projetos apresentados também devem ser valorizadas. “Só porque a empresa é pequena não precisa pensar pequeno. É necessário saber claramente o que quer. Assim, mesmo os pequenos e médios conseguem atingir bons resultados”, diz Maurício Borges.

Prova disto é a coreana Samsung que firmou recentemente diversos contratos com profissionais de tecnologia brasileiros, a maioria deles microempresários. A Santa Helena e a Chocolates 3 Corações, por sua vez, também se dedicam a exportar produtos legitimamente brasileiros à base de amendoim e chocolate. Ambas as empresas estão presentes patrocinando o coffe break dos Centros Abertos de Mídia, montados para atender a imprensa internacional durante a Copa. “No exterior, ouve-se falar do Brasil mas não se conhece o potencial. A experimentação é o melhor caminho para o conhecimento. A Bauducco é uma das maiores exportadoras do mundo, mas quem sabe disso? A Marilan, de biscoitos, é outro bom exemplo”, diz o Presidente da Apex- Brasil.

O primeiro passo para os pequenos empreendedores é não se deixar abater pelo seu tamanho. O caminho é adotar uma postura estratégica, agressiva e acreditar no que tem. Para auxiliar os empreendedores nesta missão, o Mdic editou um manual com o passo-a-passo para apresentar uma empresa que pode ser baixado gratuitamente no site. “É necessário uma mudança na visão do empreendedor, para compreender que o seu negócio não é apenas local, mas também global”, aponta o secretário de comércio e serviços do Mdic.

Futebol, pão de queijo e relacionamento
Além de fomentar negócios e explorar novos mercados consumidores, o período festivo também é propício para estreitar relacionamentos. A Forno de Minas percebeu esta oportunidade e está trazendo três dos seus principais compradores internacionais, sendo dois dos Estados Unidos e um do Chile para um roteiro especial no país. “Esse é um momento em que o mundo gostaria de estar no Brasil e, ao trazermos nossos compradores para um momento tão especial e festivo, conseguimos aproveitar o clima para nos reunirmos enquanto a visibilidade do país é global”, avalia Gabriela Cioba, Gerente de Exportação da Forno de Minas, em entrevista ao Mundo do Marketing.

A visita inclui uma ida à fábrica da marca, um jantar de confraternização e a cereja do bolo, um jogo do mundial no camarote exclusivo da Apex. Os passeios na verdade servem de pano de fundo para uma aproximação comercial. “Vamos aproveitar e apresentar a nossa linha de massas. A ideia é que nessa reunião possamos traçar um plano estratégico para o segundo semestre e também para os próximos anos”, conta a Gerente de Exportações.

Na prática, o que as empresas estão fazendo é aproveitar o entusiasmo e a alegria presentes em comemorações esportivas para falar com seus clientes como se fala com amigos. É o clima de euforia que propicia este tipo de relacionamento. “O empresário brasileiro deve aproveitar para torcer não só pela nossa seleção, mas também pensando com o olho no seu negócio quais são as oportunidades que o campeonato abre mundo a fora”, diz Humberto Luiz.

Leia também: Oportunidades para a Copa do Mundo de 2014. Pesquisa do Mundo do Marketing Inteligência.

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