Inovação na prática: o maior desafio para as empresas 16 de maio de 2018

Inovação na prática: o maior desafio para as empresas

         

Mais do que um discurso, a prática da disrupção causa uma paralização por parte de algumas companhias. Conferência .Futuro busca mobilizar transformações sem grandes ansiedades

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Xavier Leclerc, sócio da MOX DigitalA primeira edição de rio.Futuro trouxe em 2017 mais de 50 especialistas de algumas das principais empresas e instituições do mundo para dois dias de imersão com palestras, entrevistas, mesas redondas e degustações tecnológicas voltadas às mudanças que o digital provoca em cidades, negócios, educação e a sociedade como um todo. Este ano, o evento reunirá quatro universos: empresas de tecnologia, start-ups, empresas em transformação, mundo acadêmico e institucional. Isso tudo em diversas palestras que serão apresentadas nas duas datas.

O desafio de inovar para as empresas é muito grande, principalmente no Brasil, onde oito em cada 10 consumidores acreditam que as companhias são as principais encarregadas de encontrar a grande novidade, segundo dados do levantamento The Earned Brand. Mais do que um discurso, a prática da disrupção causa uma paralização por parte de algumas companhias. Esse receio, no entanto, deve ficar de lado, já que não é preciso grandes investimentos para tal.

Ouvir os funcionários, sejam eles novos ou mais antigos, pode ser uma fonte de inovação para as marcas. “Inovação tem que estar na essência, não adianta estar em um profissional. Se não houver uma liderança forte que dá apoio, os projetos morrerão e não trarão transformações profundas. Esse alinhamento precisa vir de todas as esferas da empresa, não apenas de quem está no topo”, conta Xavier Leclerc, sócio da MOX Digital, empresa organizadora do evento, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Veja abaixo a entrevista completa.

Mundo do Marketing – As pessoas hoje falam sobre inovação, mas não sabem por onde começar. O evento auxiliará elas a onde encontrar um novo olhar?

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Xavier Leclerc – As pessoas entendem que precisam se adaptar e inovar. Frequentemente, elas não sabem por onde começar. Criamos a conferência .Futuro por causa disso. Eu trabalhei em empresas que assessoravam clientes para entenderem as novas tecnologias e o que isso significava para o mundo dos negócios. O evento tem como objetivo reunir todas as pessoas importantes do ecossistema de inovação – de startups à grandes companhias. Em nossa primeira edição era compreender o presente para entender o futuro. Esse ano focamos em inovação, porque ela pode entregar melhorias para as vidas das pessoas e crescimento econômico. De um lado queremos ajudar as pessoas a formar opiniões e oferecer um lado útil mostrando casos de sucesso para tomar suas decisões.

Mundo do MarketingEste ano o evento focará em quatro temas que giram em torno da inovação. Poderia falar mais sobre eles e como juntos auxiliam na tomada de decisão?

Xavier Leclerc – Na quinta de manhã falaremos sobre sociedade, em que traremos especialistas para analisar quais são as mudanças, as invenções que fazem com que as empresas precisem inovar. Um exemplo é a chegada da tecnologia no dia a dia. O celular é um aparelho que mudou nossa vida, mas e para os profissionais? O que muda? É isso que abordaremos. À tarde falaremos sobre criatividade e como as empresas podem usar as novas ferramentas. Focaremos especialmente sobre a necessidade de colaboração entre startups e empresas privadas. Teremos grandes players participando cases. Na sexta de manhã focaremos em um tema que acho muito importante: abordaremos, em estrutura, o que as empresas precisam para inovar, como talentos. Mais do que querer, precisa estar pronto para isso. Então vamos falar sobre os perfis profissionais que alavancam a capacidade de crescimento, governança de dados, financiamento, entre outros. É preciso mudar a cultura da empresa para inovar. Para fechar a conferência falaremos sobre a tecnologia em si. A inovação não é unicamente tecnológica, mas ela auxilia bastante.

Mundo do Marketing Ainda há uma crença de que para inovar é preciso grandes investimentos financeiros ou muita criatividade. Como você avalia essa complexidade e o quanto ela é verdadeira?

Xavier Leclerc – Acredito que tecnologia pode ser barata, não necessariamente deve-se investir muito para alavancar o potencial de produtividade. Na construção naval usa-se muita tecnologia e investimentos altos. Recentemente, eles investiram em um programa de estagiários que trariam soluções inovadoras. Um jovem trouxe a ideia de colocar um chip na roupa dos funcionários para controlar gastos de lavagens de uniforme. Foi uma ideia simples que reduziu prejuízos, já que a rotatividade de peças foi menor. Com um pequeno investimento tecnológico ele economizou para a empresa. Essa é a razão que abordamos criatividade e estrutura: como olhar para alguns temas e pensar em como eles podem contribuir e melhorar a eficiência.

Mundo do MarketingVocê falou sobre estar pronto para inovar. Isso envolve exatamente o que em uma corporação? Você falou em talentos, mas e em relação aos valores?

Xavier Leclerc – Já trabalhei em muitas empresas e toda vez que uma delas conseguiu inovar, havia uma liderança responsável por essa mudança. Você pode conseguir desenvolver projetos inovadores, mas para que ela consiga se transformar será necessária uma Diretoria que entenda as necessidades e que incentive a capacitação e desenvolvimento de novos produtos. A Bradesco percebeu que as fintechs estão mudando a realidade do mercado financeiro. Ao invés de enxergar como um competidor, ela criou sua própria fintech. Inovação tem que estar na essência, não adianta estar em um profissional. Se não houver uma liderança forte que dá apoio, os projetos morrerão e não trarão transformações profundas. Esse alinhamento precisa vir de todas as esferas da empresa, não apenas de quem está no topo.

Mundo do MarketingO quanto que a crise econômica brasileira afetou o avanço da inovação?

Xavier Leclerc – O empreendedorismo se tornou uma moda no Brasil. O país possui uma cultura que gosta de buscar novidades. O primeiro centro de inovação do Facebook foi criado no Brasil, porque há uma grande vontade de pensar diferente e criar soluções na população. Além disso, as instituições brasileiras querem fortalecer essa inovação. Um exemplo, o Conselho Nacional da Indústria produziu “Os desafios da indústria 4.0”, para analisar como acompanhar as empresas mais tradicionais possam se adaptar à nova era. Em junho haverá a abertura da casa Firjan, como um espaço de aproximação de executivos para entender a tecnologia e inovação. Há muitas empresas que estão entendendo essa necessidade e não estão parando diante de uma crise. Pelo contrário, ela é quem mobiliza novos negócios. Há um momento forte acontecendo no país.

Mundo do MarketingQual é a sua expectativa de como as pessoas entrarão na conferência .Futuro e como elas sairão de lá?

Xavier Leclerc –  Nossa vontade é de ajudar as pessoas a pensar o futuro. Usaremos os palestrantes para ilustrar as histórias que eles também podem escrever. Queremos fazer com que as pessoas experimentem o futuro, por isso levaremos degustações tecnológicas. Saindo da conferência queremos construir uma agenda positiva para a transformação digital. Queremos fomentar a mudança e ajuda-las a não ter ansiedade nessa jornada.

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