A era da experiência em meio a um mundo desconectado Bruno Mello 6 de fevereiro de 2024

A era da experiência em meio a um mundo desconectado

         

Rodolfo Brizoti fala sobre a era da conexão que estamos vivendo – a conexão humana

A era da experiência em meio a um mundo desconectado
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Vivemos em uma época paradoxal. Por um lado, temos acesso a uma infinidade de informações, entretenimento e comunicação o tempo inteiro. Por outro lado, estamos cada vez mais isolados, solitários e desinteressados pelo mundo real. Deixamos de viver experiências autênticas e significativas para nos refugiarmos em um mundo virtual.

Um exemplo disso foi o que aconteceu no réveillon de Paris. Milhares de pessoas se reuniram na avenida Champs-Élysées para assistir ao show de luzes e fogos de artifício no Arco do Triunfo. No entanto, em vez de celebrarem a chegada do novo ano com abraços, beijos e brindes e curtirem o momento, todos ficaram vidrados em seus celulares, tirando fotos, gravando vídeos e compartilhando nas redes sociais. Parecia que o que importava não era estar presente, mas sim marcar presença e mostrar aos outros o que estavam fazendo.

E esse é um exemplo de uma realidade mais comum do que podemos imaginar. Em 2023, estive com minha família vivendo a experiência Disney, em Orlando. E, de fato, mesmo para uma pessoa como eu, que nunca teve (e ainda não tenho) a magia Disney na veia, posso garantir que a experiência é mágica para todas as idades, em especial para minha filha de 7 anos. Porém, o que me chamou demais a atenção foi a quantidade de pessoas com celulares em seus Gimbals (estabilizadores ou “bastões de selfies”), muitos até mesmo com mais de um celular, com câmeras fotográficas profissionais e sempre buscando o melhor ângulo e a melhor pose para registrar sua vivência. Quando tropicalizamos isso, a CCXP também revelou a mesma situação de forma avassaladora, onde praticamente todos ali agiam como produtores de conteúdo através da lente e das telas de seus celulares, mas pouquíssimos viviam o momento.

Essa atitude revela uma falta de conexão humana, de empatia, de afeto, de alegria. Revela também uma busca por aprovação, status e reconhecimento. Mas será que isso nos faz felizes? Será que isso nos faz sentir vivos?

Uma resposta diferente pode ser encontrada no filme Wonka, lançado no final do ano passado. O longa conta a história da origem do famoso Willy Wonka, o excêntrico dono da maior fábrica de chocolate do mundo. Não vou avaliar o filme, até porque estou muito longe de ser um crítico de cinema, mas vou aceitar a provocação da Julia Abreu, copywriter e roteirista da EAÍ?! Content Experience, que trouxe um olhar para a mensagem por trás do longa. No filme, descobrimos que Wonka não vende apenas chocolate, mas sim experiências que encantam as pessoas. Ele cria um universo de fantasia, de magia, música, caos e de afeição, onde tudo é possível. Ele convida as pessoas a sonharem, a se aventurarem, a se divertirem e emocionarem.

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Wonka representa uma alternativa ao mundo desconectado em que vivemos. Ele nos mostra que há mais na vida do que a tecnologia, que há mais valor no que sentimos do que no que mostramos, que há mais beleza no que criamos do que no que consumimos. Ele nos inspira a viver momentos reais, que nos façam crescer, aprender, amar, rir, chorar. A mensagem por trás da história reforça que a tecnologia era – e precisa sempre ser – um meio e não o fim: um meio para vivermos experiências e não o fim da experiência propriamente dita.

Quando aterrissamos isso na realidade do marketing e do comportamento do consumidor, quando convidamos as pessoas a viverem – como a própria Disney e a Universal fazem ao proibir o uso de celular em algumas situações – o ato de compra acontece naturalmente, pois uma vez que a experiência é memorável, surge o desejo de materializar o sentimento por meio de uma lembrança física. Ainda que em baixa frequência, 100% dos consumidores cedem às compras por questões emocionais em algum momento e entre as principais motivações está a autogratificação.

A era da experiência é uma era de conexão. Conexão com nós mesmos, com os outros, com a natureza, com o mistério. É uma era de desafio, surpresa, descoberta e encantamento. É tempo de viver, não de sobreviver. Espero que estejamos todos prontos para vivê-la.

*Rodolfo Brizoti é sócio e Head de Criação, Planejamento e Content da EAÍ?! Content Experience, agência de live marketing focada em content experience e em inovações na realização de eventos, campanhas de incentivo, promoções, premiações e as mais diversas ativações de brand experience. Já trabalhou com  grandes players do mercado, como Whirlpool, Heineken, iFood e Havaianas.


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