<p>Por Fernando Adas*<br /> <br /> No auge das baladas &ldquo;disco&rdquo;, uma m&uacute;sica despontava com grande sucesso e um grito de ordem &ldquo;n&atilde;o converse, apenas beije&rdquo;. O ano? 1991. O clipe? Sedutor e cheio de gente linda, feliz e bem resolvida, interagindo com beijos e quase nenhuma troca de ideias ou discuss&atilde;o de rela&ccedil;&otilde;es, a famosa &ldquo;DR&rdquo; como dir&iacute;amos anos depois.<br /> <br /> Semana passada, resgatei essa atitude ao vivo e a cores. N&atilde;o… n&atilde;o sa&iacute; beijando todo mundo pela rua. Fui &agrave; The Week, a balada mais descolada dos &uacute;ltimos tempos, em S&atilde;o Paulo (creio eu). Confesso que levei anos para conhecer a casa da qual j&aacute; ouvia falar muita coisa boa e algumas nem tanto. N&atilde;o sou noturno, nem baladeiro. Bebo pouco e converso muito. Sou do tempo em que as m&uacute;sicas eram compostas de melodia e letra. Enfim, sou absolutamente 80&rsquo;s… mas com a cabe&ccedil;a sintonizada ao futuro (creio eu).<br /> <br /> Na The Week, o som &eacute; eletr&ocirc;nico, o que significa um longo e repetitivo acorde composto de tr&ecirc;s ou quatro notas que se repetem por uns 20 minutos e motiva milhares de jovens de todas as idades a incorporarem atitudes dignas de reflex&atilde;o, a primeira delas, citada acima.<br /> <br /> <strong>1) Fast Kiss</strong><br /> Sim. As pessoas incorporaram a atitude &ldquo;beijinho, beijinho, tchau, tchau&rdquo; e voc&ecirc; ver&aacute; casais lindos, apaixonados, trocando beijos absolutamente cinematogr&aacute;ficos por uns 20 minutos. Depois disso, separam-se e desparecem. Tr&ecirc;s momentos me impressionaram nessa atitude. O ritual da sedu&ccedil;&atilde;o na aproxima&ccedil;&atilde;o, composto de olhares &ldquo;entre sem bater&rdquo;, o beijo &ldquo;do not disturb&rdquo; e despedida pontual e objetiva &agrave; la &ldquo;the next please…&rdquo;.<br /> <br /> Inevitavelmente, lembrei-me das empresas &aacute;vidas por nos conquistarem. Mal nos conhecem e j&aacute; nos afogam em brindes, cart&otilde;es, promessas, descontos at&eacute; o momento em que ca&iacute;mos em seus bra&ccedil;os e fazemos a compra. Ap&oacute;s ganharem esse nosso primeiro beijo, afastam-se em busca de novas bocas ou bolsos.<br /> <br /> O &ldquo;fast Kiss&rdquo; &eacute; uma forte tend&ecirc;ncia na baladas e tamb&eacute;m no mercado. Pode ser uma &oacute;tima atitude de conquista de clientes, mas n&atilde;o os mant&eacute;m fieis. Por isso, al&eacute;m do beijo ligado &agrave; promo&ccedil;&atilde;o, prepare-se para oferecer algo mais aos seus clientes.<br /> <br /> <strong>2) &ldquo;Car&atilde;o&rdquo; com &oacute;culos escuros</strong><br /> &ldquo;Car&atilde;o&rdquo; &eacute; a express&atilde;o usada na noite baladeira para especificar a atitude de &ldquo;ser visto, mas n&atilde;o ver ningu&eacute;m&rdquo;; ou seja, voc&ecirc; se posiciona estrategicamente em determinado ponto, incorpora roupa, atitude, tudo milimetricamente planejado para chamar a aten&ccedil;&atilde;o, mas n&atilde;o criar v&iacute;nculo. Os &oacute;culos escuros s&atilde;o fundamentais na composi&ccedil;&atilde;o da personagem, pois permitem que voc&ecirc; veja todos, sem ser visto.<br /> <br /> As empresas &ldquo;car&atilde;o&rdquo; tamb&eacute;m assumem essa postura. Surgem do nada, colocam-se na sua frente cheia de promessas e quando voc&ecirc; pensa em se aproximar, desaparecem. Elas tamb&eacute;m adoram fazer pesquisa e n&atilde;o d&atilde;o retorno sobre os resultados. Chegam, abordam, perguntam seu tipo sangu&iacute;neo e depois desaparecem.<br /> <br /> Sem contar a comunica&ccedil;&atilde;o &ldquo;car&atilde;o&rdquo; aquela que mostra um filme maravilhoso na TV, nos motiva a visitar a loja ou a degustar o produto que ficam muito, mas muito aqu&eacute;m das promessas na m&iacute;dia. Comunica&ccedil;&atilde;o pressup&otilde;e m&atilde;o dupla na qual eu te conto um pouco do meu perfil e voc&ecirc; me conta um pouco da sua oferta. Ambas precisam estar em sintonia para um projeto conjunto. A seguir, o &ldquo;car&atilde;o&rdquo; em seus projetos de comunica&ccedil;&atilde;o. Tire os &oacute;culos e encare seus clientes de frente.<br /> <br /> <strong>3) No shirts</strong><br /> Em geral, a turma chega &ldquo;arrumadinha&rdquo; na balada. Roupas de marca, perfumes da moda, atitude &ldquo;dressed to kill&rdquo;. Algumas horas depois, e devo admitir que o calor da pista sugere isso, as camisas s&atilde;o tiradas e os corpos exibidos sem nenhum pudor e muito orgulho.&nbsp; O &ldquo;no shrits&rdquo; sugere um sampling do produto que muitas vezes mostra-se pior que a embalagem.<br /> <br /> Sa&iacute; de l&aacute; com a n&iacute;tida impress&atilde;o de que embalagens, muitas vezes, seduzem mais que os produtos e que precisamos estar muito preparados para nos despirmos perante o consumidor, dica preciosa para as empresas &aacute;vidas por oferecerem degusta&ccedil;&atilde;o,&nbsp; test-drives, mas que n&atilde;o conseguem cumprir as promessas da comunica&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> Temos dito que as empresas que n&atilde;o disp&otilde;em de um diferencial competitivo adequado, devem refor&ccedil;ar a sua comunica&ccedil;&atilde;o e o seu atendimento capazes de evidenciarem determinado posicionamento, real ou imagin&aacute;rio. Voc&ecirc; pode n&atilde;o ser lindo, mas deve ser simp&aacute;tico. Voc&ecirc; pode n&atilde;o ser sarado, mas pode ter olhos de cristal, e assim por diante. Empresas t&ecirc;m pontos fortes e fracos, e isso n&atilde;o precisa ser mostrado a todos de maneira despudorada. Comece desabotoando uma blusa e observe como o mercado reage. <br /> <br /> <strong>4) Patchwork social</strong><br /> Numa estimativa realista, acredito que havia cerca de 1.500 pessoas na The Week.&nbsp; Pessoas interagindo, trocando e se divertindo. Entretanto, a fila de entrada, e tamb&eacute;m a de sa&iacute;da, exibia muita gente sozinha. Uma clara tend&ecirc;ncia do &ldquo;patchwork social&rdquo; que vivemos hoje. Os consumidores mostram-se cada vez mais particulares e segmentados. Dif&iacute;cil conhec&ecirc;-los e agrup&aacute;-los. <br /> <br /> Vemos muitas pessoas sozinhas e juntas. Sozinhas porque optaram por um estilo de vida pr&oacute;prio. E juntas porque gostam e querem compartilhar. Entretanto, essa ideia do compartilhar tornou-se mais ef&ecirc;mera e virtual. Ganhou amplitude horizontal, mas perdeu profundidade vertical. Amigos de longa data que se veem apenas aos s&aacute;bados, na pista de dan&ccedil;a. Trocam ideias pelo MSN, mas n&atilde;o pelo celular. Conhecem atitudes m&uacute;tuas, mas quase nada sobre os dados cadastrais.<br /> <br /> Tudo isso leva as empresas a se relacionarem de maneira diferenciada com seus clientes e talvez cheguemos a um momento em que saber o time ou a religi&atilde;o preferida de nossos clientes seja mais importante do que sua idade ou estado civil. Enfim, balada tamb&eacute;m &eacute; cultura e uma grande oportunidade para reciclarmos os nossos conceitos sobre o mercado e melhorarmos os nossos beijos e papos com ele.<br /> <br /> <embed height="344" width="425" type="application/x-shockwave-flash" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://www.youtube.com/v/IcfAywFYDms%26hl=en%26fs=1%26rel=0" wmode="transparent"></embed><br /> <br /> *Fernando Adas &eacute; diretor de atendimento e planejamento da Fine Marketing. E-mail: <a href="javascript:location.href='mailto:'+String.fromCharCode(102,101,114,110,97,110,100,111,64,102,109,97,114,107,101,116,105,110,103,46,99,111,109,46,98,114)+'?'">[email protected]</a> &ndash; Blog: <a href="http://www.fmarketing.com.br/blog" target="_blank">www.fmarketing.com.br/blog</a></p>
Você ?fica? com seus clientes?
23 de dezembro de 2010