<p>Por Rafael D&rsquo;Andrea*<br /> <br /> <strong>Escolhendo o canal onde comprar</strong><br /> Olhei no rel&oacute;gio e ainda tinha 15 minutos para comprar um xampu a caminho do aeroporto. N&atilde;o sabia se iria achar, nos Estados Unidos, para onde seguia, a marca que uso. Sa&iacute; correndo e havia me esquecido de colocar esse importante item na mala. Rapidamente, calculei a rota, e conhecedor do ramo, pensei nos supermercados que iria encontrar no caminho, o tempo que iria gastar e nos reais que ainda sobravam no meu bolso. Fiquei um pouco angustiado com a perspectiva de perder o voo procurando o xampu ou em uma fila de caixa. <br /> <br /> Devidamente ponderadas: ang&uacute;stia, tempo e dinheiro, conclu&iacute; que n&atilde;o valia a pena parar num supermercado e pedi ao motorista que entrasse na primeira farm&aacute;cia que encontrasse no caminho. Mesmo pagando mais, &agrave;quela altura perder tempo estava fora de cogita&ccedil;&atilde;o, eu tinha um objetivo e um hor&aacute;rio a cumprir… (e quando &eacute; que n&atilde;o temos?)<br /> <br /> <strong>Shoppability, a experi&ecirc;ncia de compra no varejo de bens de consumo</strong><br /> Na loja, procurei rapidamente pelo meu xampu e levei tamb&eacute;m uma dessas escovas de viagem, um bast&atilde;o de manteiga de cacau e um analg&eacute;sico conhecido. Como estava com pressa, n&atilde;o quis pedir ajuda, procurei pela &aacute;gua em copinho, para o analg&eacute;sico, mas acabei desistindo quando um casal de mais idade obstruiu o corredor onde ela deveria estar. Procurei ent&atilde;o por rem&eacute;dios para gripe. Olhei para o rel&oacute;gio e desisti, acelerei para o caixa, vazio! &quot;O senhor tem nosso cart&atilde;o fidelidade?&quot;, perguntou a mo&ccedil;a. Acenei que n&atilde;o. &ldquo;Vai querer a Nota Paulista&quot;? Por for&ccedil;a do h&aacute;bito, disse sim. Ent&atilde;o a mo&ccedil;a do caixa mudou a express&atilde;o do rosto como se estivesse acostumada com o pior, sem olhar para mim, repetiu: &quot;Desculpe senhor, mas terei que reiniciar o computador. Parece que temos um problema no sistema&quot;. <br /> <br /> Quinze minutos havia se passado, deixei as compras de lado e retomei o caminho para o aeroporto. Chateado, sem meu xampu e demais itens, que, por ter lembrado posteriormente, agora precisava mais do que nunca!<br /> <br /> <strong>O shopper e as mudan&ccedil;as na sociedade de compras moderna</strong><br /> N&atilde;o &eacute; sempre que estamos na situa&ccedil;&atilde;o de pegar um voo para o exterior ou correr para uma prova de vestibular com os minutos contados, mas, se prestarmos aten&ccedil;&atilde;o, nosso tempo &eacute; cada vez mais escasso, medido, fracionado. Temos tarefas cronometradas e que n&atilde;o podem esperar: pegar o filho na escola, atravessar a cidade para visitar aquele cliente potencial, renovar a carteira de motorista… Nada &eacute; pr&aacute;tico e o tr&acirc;nsito, imprevis&iacute;vel. <br /> <br /> Tudo concorre com o nosso tempo, temos m&uacute;ltiplas fun&ccedil;&otilde;es, somos executivos, donas de casa, estudantes, pais… Mal sobra tempo para sermos shoppers (consumidores no ato da compra). Embora comum a confus&atilde;o entre consumidor e shopper (comprador), nem sempre o que compramos &eacute; para nosso pr&oacute;prio consumo. Quando compramos fraldas, n&atilde;o somos consumidores, somos shoppers, os consumidores s&atilde;o as crian&ccedil;as.<br /> <br /> Para o shopper, a vida est&aacute; cada vez mais corrida. Acabamos comprando bens e servi&ccedil;os virtualmente, a qualquer pre&ccedil;o, por ignor&acirc;ncia ou falta de tempo para pesquisar. Al&eacute;m de sempre pensar sob o ponto de vista do shopper, como consultor de varejo em shopper marketing, minha principal conclus&atilde;o sobre esse tema &eacute; que o varejo alimentar n&atilde;o est&aacute; preparado para um mundo angustiado com a escassez de tempo. <br /> <br /> Lidar com clientes que sabem o valor do seu dinheiro &eacute; o dia-a-dia dos supermercadistas. O Walmart &eacute; prova disso, com sua filosofia amplamente copiada de &quot;pre&ccedil;o baixo todo dia&quot;. No entanto, a vari&aacute;vel tempo ainda n&atilde;o foi completamente compreendida pelos donos de supermercados.<br /> <br /> * Rafael D&rsquo;Andrea &eacute; diretor de Desenvolvimento da <a target="_blank" href="http://www.toolboxtm.com.br">ToolBoxTM </a>- M&eacute;tricas de Ponto-de-venda. Formado em Administra&ccedil;&atilde;o de Empresas pela FEA-USP, possui especializa&ccedil;&atilde;o em Marketing pela UC-Berkeley (EUA) e p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o em Economia pela&nbsp; FIPE-USP. Consultor, palestrante, &eacute; professor de p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o do Insper – Instituto de Ensino e Pesquisa (antigo IBMEC S&atilde;o Paulo).</p>
Visões não tradicionais sobre Marketing de Varejo e Shopper Marketing ? Parte 1
11 de novembro de 2009