Uma nova visão do marketing de relacionamento
Uma nova visão do marketing de relacionamento
Por Redação - 28/06/2006 Artigos
<p><strong>Uma nova vis&atilde;o do marketing de relacionamento</strong><br /> <br /> *Otavio Dias<br /> <br /> Anualmente, acontece nos Estados Unidos o DMA Conference, ainda o maior e mais importante evento de marketing direto do mundo, por ser 100% voltado ao segmento. Cannes, por outro lado, j&aacute; se transformou em parada obrigat&oacute;ria para os profissionais de marketing direto, que ainda s&atilde;o minoria por aqui. Depois de acompanhar todo o processo de julgamento de cases do mundo todo e assistir a v&iuml;&iquest;&frac12;rias palestras e debates com grandes nomes do nosso setor, encorajo-me a pontuar algumas percep&ccedil;&otilde;es sobre o futuro da nossa disciplina.<br /> <br /> 1) A grande id&eacute;ia criativa (a grande sacada) passa a ser t&atilde;o importante quanto o detalhamento da estrat&eacute;gia:<br /> <br /> Todo profissional de marketing direto (mesmo os criativos!) tende a valorizar muito a estrat&eacute;gia (normalmente bastante complexas na nossa disciplina, recheadas de freq&uuml;&ecirc;ncia e seq&uuml;&ecirc;ncia de impactos, segmenta&ccedil;&otilde;es sofisticadas, diferentes ferramentas (e-mails, sms, malas-diretas, telemarketing), testes, etc). No entanto, dado o controle que o consumidor passou a ter no processo de comunica&ccedil;&atilde;o (opt-out e opt-down de listas, por exemplo), para conseguirmos engaj&aacute;-lo em qualquer estrat&eacute;gia de relacionamento, a id&eacute;ia deve estar acima de tudo: emocionando, chocando, fazendo rir, fazendo chorar. Enfim, acabou a era do marketing direto careta, estamos na era do marketing direto inovador, ousado e altamente criativo&nbsp;&eacute; o que n&atilde;o significa complexo. Normalmente, as grandes id&eacute;ias s&atilde;o de uma simplicidade genial. Basta ver o Grand Prix de Cannes deste ano.<br /> <br /> 2) O marketing de relacionamento ser&aacute; cada vez mais &quot;multim&iacute;dia&quot;:<br /> <br /> V&aacute;rios cases demonstram que existe uma enorme sombra entre o marketing direto tradicional (DIRECT), o trabalho digital (DIGITAL) e as a&ccedil;&otilde;es promocionais (EVENTOS, PROMO&Ccedil;&Otilde;ES, PONTOS-DE-VENDA/SHOPPER MARKET). Afinal, o consumidor&nbsp;&eacute; o mesmo e uma estrat&eacute;gia de relacionamento coerente deve estar permeada em todos estes pontos de contato. O conceito mais correto de CRM sempre afirmou isso: n&atilde;o importa onde est&aacute; o contato com o consumidor. Se existe um banco de dados estruturado, ele deve viabilizar a sua identifica&ccedil;&atilde;o onde quer que a intera&ccedil;&atilde;o aconte&ccedil;a.<br /> <br /> 3) O resgate do di&aacute;logo e da voz do consumidor:<br /> <br /> Apesar de toda a evolu&ccedil;&atilde;o tecnol&oacute;gica, houve um afastamento da ess&ecirc;ncia do di&aacute;logo com o consumidor (que surgiu fortemente na d&eacute;cada de 80 com o advento dos Call Centers). Percebi claramente um resgate da tentativa de ouvir mais o consumidor. V&aacute;rios cases utilizaram cartas de consumidor (mesmo que simuladas) para conversar com diferentes p&uacute;blicos, numa demonstra&ccedil;&atilde;o evidente de que o consumidor quer ser mais (e melhor) ouvido. Um exemplo desta percep&ccedil;&atilde;o&nbsp;&eacute; o&nbsp;case de lan&ccedil;amento da c&acirc;mera da Sony, no qual o trade recebeu um pacote com v&aacute;rias cartas de consumidores estimulando a gera&ccedil;&atilde;o de demanda das c&acirc;meras pelas redes de varejo. Vale a pena conferir.<br /> <br /> 4) Conte&uacute;do e Engagement :<br /> <br /> O futuro da comunica&ccedil;&atilde;o est&aacute; nestas duas palavras-chave. O consumidor controlar&aacute; cada vez mais a sua intera&ccedil;&atilde;o com as diferentes disciplinas de comunica&ccedil;&atilde;o. Ele escolhe se quer ou n&atilde;o assistir a um comercial (pode bloque&aacute;-lo, pode montar sua programa&ccedil;&atilde;o na web, etc), escolhe se quer ou n&atilde;o ouvir uma programa&ccedil;&atilde;o de r&aacute;dio (ou se prefere manter seu iPOD ligado o dia todo com a programa&ccedil;&atilde;o que ele mesmo montou), se quer receber um e-mail (pois tem sempre a possibilidade de solicitar o opt-out). Enfim, ele realmente est&aacute; no controle da situa&ccedil;&atilde;o. Isto n&atilde;o&nbsp;&eacute; mais um discurso, mas algo real. Assim, a atitude receptiva (marca -&gt; consumidor) se inverte e o consumidor escolhe com que marca deseja interagir (consumidor -&gt; marca). Neste contexto, as marcas dever&atilde;o estar inseridas nos assuntos de seu interesse, num formato atraente e efetivamente RELEVANTE. N&atilde;o basta comunicar, agora&nbsp;&eacute; preciso agregar VALOR no relacionamento com o consumidor. Exatamente por isso as ag&ecirc;ncias estar&atilde;o cada vez mais desafiadas a agregarem CONTE&Uacute;DO em suas estrat&eacute;gias. Aqui reside uma oportunidade incr&iacute;vel, pois apesar da dificuldade na capta&ccedil;&atilde;o da aten&ccedil;&atilde;o deste consumidor, uma vez captada, a intera&ccedil;&atilde;o da marca poder&aacute; evoluir de alguns segundos para intera&ccedil;&otilde;es de muitos minutos. Tudo depender&aacute; da criatividade de cada anunciante. A ponte entre a propaganda e o relacionamento j&aacute; est&aacute; acontecendo em v&aacute;rios lugares do mundo atrav&eacute;s da TV Interativa, que direciona em tempo real o consumidor para sites altamente interativos que, al&eacute;m de informa&ccedil;&otilde;es sobre produtos, traz diversos mecanismos de intera&ccedil;&atilde;o, como v&iacute;deos, games, blogs e chats. Aqui reside a nova onda da comunica&ccedil;&atilde;o mundial: levar o CONTE&Uacute;DO certo para o consumidor certo, numa estrat&eacute;gia inteligente de capta&ccedil;&atilde;o de seus dados e de relacionamento continuado (cadastramento+opt-in+relacionamento cont&iacute;nuo = ENGAGEMENT).<br /> <br /> Fica a grande d&uacute;vida: dentro deste cen&aacute;rio, qual o futuro da comunica&ccedil;&atilde;o? <br /> <br /> Volto com a sensa&ccedil;&atilde;o de um mundo realmente modificado. Por outro lado, desmistifico a vis&atilde;o de que a propaganda tradicional morrer&aacute;. Sempre haver&aacute; espa&ccedil;o para a propaganda tradicional, que apenas passar&aacute; a dar muito mais aten&ccedil;&atilde;o ao assunto CONTE&Uacute;DO e a dividir mais espa&ccedil;o com as disciplinas de relacionamento, em especial, as digitais.</p> <p>Acredito firmemente que, nos pr&oacute;ximos anos, os grandes anunciantes concentrar&atilde;o seus esfor&ccedil;os de comunica&ccedil;&atilde;o em dois parceiros estrat&eacute;gicos:<br /> 1) Awareness = os guardi&otilde;es da imagem da marca, com foco em Branding; <br /> 2) Relationship = os guardi&otilde;es da experi&ecirc;ncia do consumidor com a marca.<br /> <br /> A propaganda continuar&aacute; cumprindo com o seu papel de construir uma imagem, transformar marcas em sonhos, aspira&ccedil;&otilde;es, desejos. Todas as disciplinas de relacionamento (Direct, Digital, Design/Promotion/POS/Shopper Market) ser&atilde;o respons&aacute;veis por garantir que a experi&ecirc;ncia do consumidor com a marca, o seu contato direto na loja, no ponto-de-venda, no site, no Call Center, numa mala-direta, numa revista ou num evento seja extremamente coerente com a imagem que a propaganda construiu.&nbsp;&Eacute; um trabalho que deve ser regido com total maestria pelo cliente e seus comit&ecirc;s de comunica&ccedil;&atilde;o, recheados de especialistas em cada &aacute;rea. A propaganda continua com a miss&atilde;o de construir a imagem ideal para a marca. As estrat&eacute;gias de relacionamento ser&atilde;o cada vez mais respons&aacute;veis por manter esta imagem ao longo dos anos; entregando e, preferencialmente, surpreendendo o consumidor frente&nbsp;&agrave; &quot;promessa&quot; da marca: em cada atitude, em cada detalhe, em cada contato.<br /> <br /> * Ot&aacute;vio Dias, presidente da GreyZest Direct, integrante da Holding MatosGrey e do Grey Global Group, foi j&uacute;ri na categoria Lions Direct do Festival de Cannes de 2006.</p>