Transformação Digital e Inovação só acontecem quando a cultura muda 28 de novembro de 2016

Transformação Digital e Inovação só acontecem quando a cultura muda

         

Muito além de espaços bonitinhos, novos ambientes de trabalho propiciam mudança de atitudes, interação multidisciplinar, cocriação e experimentação de novos modelos de negócios

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Silvio MeiraAs empresas foram atropeladas pela revolução digital, adverte Silvio Meira, um dos brasileiros mais respeitados neste assunto. Você já deve saber: a tecnologia encurtou as distâncias e, com um mundo de informações e possibilidades na palma das mãos, as pessoas foram empoderadas. Agora, as empresas mais preocupadas com o seu presente e com o futuro buscam correr atrás em um ambiente de mercado muito mais complexo e que muda a cada hora. Entretanto, o que ainda impede muitas companhias a darem um passo à frente é a sua cultura.

Enquanto seus clientes vivem no século XXI, muitas empresas mantêm práticas do século XIX. Organizadas em departamentos e em áreas de especialidade, para não dizer em silos, as companhias deixam de ter uma visão holística sobre quais experiências e valores estão criando e deixando para os consumidores e para a sociedade. O principal meio para mudar este cenário é uma profunda transformação da cultura empresarial que, inclusive, tem a ver com a desconstrução dos espaços corporativos clássicos. Não se engane: aqueles escritórios lindos de empresas como Google e Facebook são o pano de fundo que propicia a mudança cultural.

Em espaços como a CI&T acaba de inaugurar no Pólis de Tecnologia de Campinas o que se busca é a cocriação para alavancar a transformação e a inovação digital em grandes empresas. A multinacional brasileira investiu R$ 10 milhões no Prisma, a nova unidade com 4,6 mil metros quadrados para aplicação prática de tecnologias de ponta como Internet das Coisas (IoT) e Machine Learning e, sobretudo, tendo equipes utilizando princípios lean no seu dia-a-dia, com gestão à vista, métricas, redução de desperdício, e dinâmicas intensas de ideação, desenho e validação de experiências.

O que está por trás dos ambientes
Especialista global em soluções digitais com clientes como Coca-Cola, Google, J&J, Motorola, Netshoes, Alelo e Itaú, a CI&T tem neste novo ambiente uma tradução clara da sua cultura colaborativa. “Este espaço é uma provocação: o ponto de partida para criar soluções digitais para as empresas não é a sala do diretor ou do gerente e sim um ambiente de cocriação. Não é uma reunião. São espaços voltados para propiciar resoluções de problemas de negócios envolvendo equipes, técnicas e saberes multidisciplinares”, aponta Cesar Gon, CEO e fundador da CI&T, em entrevista ao Mundo do Marketing.

É desta cultura que emana o processo de transformação das empresas. É preciso também empoderar as pessoas. O ponto de partida que estes ambientes vislumbram é alterar a forma como o trabalho é realizado. Mudando as atividades, os hábitos são alterados. “O foco é desenvolver as pessoas antes de desenvolver soluções de tecnologia. O choque cultural que estamos vivendo causado pela inserção do digital em todos os processos, negócios, dentro das organizações e ao redor delas, se dá porque ele se encontra com um modelo mental e de negócio analógico”, explica o pesquisador brasileiro em entrevista ao Mundo do Marketing.

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É o caso dos bancos e das grandes redes de varejo: totalmente informatizados hoje, mas com modelos de negócios do século passado. Ao contrário do que acontece com as pessoas, que também foram digitalizadas e, por isso, estão muito mais exigentes. “Não mais do que de repente, apesar de estar acontecendo há muito tempo e ser previsível que iríamos chegar neste ponto, as empresas estão enfrentando uma situação que os clientes estão mais digitalizados que elas próprias e essa é a grande tensão”, analisa Meira.

A tecnologia e estes espaços corporativos, não tão novos modelos de ambiente de trabalho, não são novidades, mas agora mostram a que vieram. “O maior impacto é em método, processo, visão de mundo e modelo de negócio. As empresas mais conscientes estão na operação de juntar os pedaços e o problema que elas têm que enfrentar no curtíssimo prazo é como elas se redesenham para resolver as demandas dos clientes delas. Quem não fizer isso vai se perder completamente”, completa Silvio Meira.

* O Mundo do Marketing foi a Campinas a convite da CI&T. 


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