Red Bull: atitudes que ressignificam o produto 5 de janeiro de 2011

Red Bull: atitudes que ressignificam o produto

         

Ações transcendem o produto e geram uma máquina de conteúdos

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<p style="text-align: left">“O que importa é o que o consumidor pensa quando segura uma lata de Red Bull nas mãos”. Com esta objetividade, a empresa de bebidas austríaca criou uma das marcas mais reconhecidas do planeta a partir de um único produto. Por meio de iniciativas organizadas em plataformas de ação claras, a companhia europeia demonstra que atitudes de marca dão origem a experiências geradoras de vínculos e, também, de conteúdos que reforçam os atributos, o posicionamento e – principalmente – a identidade da corporação.<br /> <br /> Toda atitude de marca fundamenta-se em uma relação de cobranding. Ao associar-se a conteúdos ou propriedades esportivas, culturais, sociais, ambientais – dentre outras áreas -, uma organização tangibiliza seu universo de significados, cria experiências, engajamento e, por consequência, amplifica o potencial de ter maior valor atribuído por seus públicos.<br /> <br /> A história da Red Bull está intimamente ligada à trajetória de seu fundador, Dietrich Mateschitz. No início dos anos 1980, após tomar contato com as bebidas tônicas do oriente, o empresário idealizou a companhia e desenvolveu um conceito de Marketing para o produto, cuja comercialização teve como ponto de partida o mercado austríaco em 1987. No Brasil, a marca desembarcou 11 anos depois.</p> <p style="text-align: center"><strong><img alt="Red Bull: atitudes que ressignificam o produto" width="440" height="133" src="/images/materias/red_bull_sky_blog.jpg" /></strong></p> <p style="text-align: left">Atualmente, a distribuição da bebida – que conta com outras variantes, como uma cola elaborada com recursos 100% naturais – contempla 160 países, responsáveis, em 2009, por um volume de vendas próximo das 4 bilhões de latas. O resultado, considerado positivo pela companhia em decorrência das turbulências resultantes da crise financeira, deveu-se sobretudo ao bom desempenho na Ásia, França, Alemanha e no Brasil, no qual o progresso foi de 30%. No total, as movimentações da empresa chegaram a € 3,2 bilhões em 2009, com um leve decréscimo em relação ao ano anterior, quando o montante foi superior em cerca de € 60 milhões, embora, segundo a companhia, o lucro e a produtividade tenham obtido melhores índices mesmo com a receita inferior.<br /> <br /> Os números elevados demonstram o valor de uma empresa que aposta na transcendência do produto ao transformar seus benefícios funcionais em atributos que inspiram e servem como insumos para o desenvolvimento de experiências cujos conteúdos reverberam a marca de forma muito mais ampla.<br /> <br /> Com plataformas de atitudes segmentadas em diferentes áreas, a empresa procura gerar, junto aos seus públicos, associações que remetam a ideias como coragem, superação, desafios e performance. Uma vez que o benefício do produto relaciona-se a fatores como energia, estado de alerta e desempenho, ocorre uma elevação de um nível material para uma dimensão comportamental, cujo universo simbólico facilita o desenvolvimento de atitudes e a decorrente criação de vínculos.</p> <table border="0" cellspacing="10" cellpadding="10" width="300" align="left"> <tbody> <tr> <td> <p><strong><embed type="application/x-shockwave-flash" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" src="http://www.youtube.com/v/diDQJApYR44%26hl=en%26fs=1%26rel=0%26ap=%2526fmt=18" wmode="transparent" width="425" height="344"></embed></strong></p> </td> </tr> </tbody> </table> <p><strong>A organização das atitudes</strong><br /> As atitudes da marca Red Bull seguem no Brasil a mesma estrutura adotada internacionalmente. Os eixos de investimento da companhia dividem-se em patrocínios individuais a atletas e equipes, esportes radicais, cultura e entretenimento. Na maioria dos casos, a marca associa-se a esportes de risco, como automobilismo, skate, parkour, modalidades aéreas e aquáticas. O porte dos eventos também é variável: a empresa empresta sua marca desde um circuito internacional de corrida de aviões até um campeonato de Taco realizado em Campinas, no interior de São Paulo.<br /> <br /> O número de ações, indivíduos ou equipes patrocinados pela companhia é numeroso e diversificado, o que permite a geração de uma grande massa de conteúdos a partir do desempenho dos apoiados. Os eventos proprietários também criam uma atmosfera de alto impacto sobre o cotidiano das localidades nas quais são realizados, de modo a gerar um elevado grau de repercussão sobre tais acontecimentos.<br /> <br /> As atitudes, sob a forma de experiências diretas ou patrocínios relativos a tais eventos, requerem consistência de conteúdos para que tenham relevância junto aos públicos interessados – que se dividem por segmentos diversos, dada a multiplicidade de áreas contempladas pelas iniciativas. A propriedade da equipe campeã dos mundiais de pilotos e construtores de Fórmula 1, por exemplo, ilustra tal preocupação. Ao optar por não ser figurante na categoria, a marca criou condições de exposição não somente baseadas em critérios midiáticos de volume, mas uma visibilidade qualificada pelo bom desempenho obtido na competição – critério que norteia as outras ações da companhia.<br /> <br /> <img alt="" align="right" width="250" height="375" src="/images/materias/RedBullX-Fighters_blog.jpg" /> <strong>Comunicação adequada</strong><br /> Com um investimento em marketing que consome aproximadamente um terço do seu faturamento, a Red Bull aproveita-se de um contexto no qual o consumidor amplificou o poder perante as marcas. Neste sentido, a empresa – por meio de suas atitudes – gera experiências e acontecimentos com potenciais próprios de conteúdo, os quais – além de reverberarem a identidade da companhia – divulgam a marca sob formas diversas, seja em uma corrida aérea, em um festival de música no metrô de grandes cidades ou na aquisição de direitos sobre uma equipe de automobilismo.<br /> <br /> No livro Brand Hijack, o autor Alex Wipperfürth afirma que o mais recomendável é fazer com que o mercado expanda voluntariamente o conhecimento de uma marca. Em um trecho dedicado ao caso da companhia austríaca, o escritor afirma que a organização “oferece uma visão com a qual as pessoas se identificam e desejam envolver-se de modo mais profundo”.<br /> <br /> Segundo Wipperfürth, enquanto a rotina tradicional da gestão de marcas direciona esforços para o volume e o lucro, marcas vanguardistas muitas vezes abrem mão dos números para aprofundar o vínculo junto aos públicos por meio de experiências consistentes. E, quanto mais exclusivos e abrangentes os contatos com a marca – no que o autor chama de “perspectiva inclusiva” – maior atratividade a empresa constrói junto ao mercado.<br /> <br /> No caso da Red Bull, de acordo com Wipperfürth, cria-se um “ar de exclusividade” para os consumidores com ações em bares, festas e sets de filmagem, bem como um acesso limitado a itens personalizados (como camisetas) e uma “deliberada limitação na distribuição do produto quando se adentra um novo mercado”.<br /> <br /> Ao analisar o caso da empresa de bebidas, o livro aponta para a capacidade desenvolvida pela Red Bull de agir junto a influenciadores que, no contexto de suas atitudes, geram um efeito “word of mouth” altamente eficaz. Conheça os principais eixos que sustentam as atitudes da Red Bull:<br /> <br /> <strong>1. Conexão ao negócio:</strong> as experiências geradas pela companhia dialogam com os benefícios funcionais do produto vendido, de modo a estabelecer conexões que resultam em percepção de valor e, consequentemente, em lembrança no momento da compra.<br /> <br /> <strong>2. Alinhamento à marca:</strong> as atitudes tangibilizam os atributos componentes da marca Red Bull ao criarem uma dimensão comportamental para potencializar as características do produto vendido pela companhia.<br /> <br /> <strong>3. Relevância perante os públicos:</strong> os eventos e patrocínios abrangem áreas vinculadas aos atributos, porém diferentes quanto a temas de interesse ao contemplarem desde um campeonato de skate até residências artísticas. Por atingir diferentes segmentos sem perder a coerência perante a identidade, a marca amplifica, de forma integrada, seu universo simbólico e, assim, expande sua perspectiva de vendas e lealdade.<br /> <br /> <strong>4. Ativação adequada e criativa:</strong> a Red Bull comunica-se menos por ser uma marca de produtos de consumo e mais por se caracterizar como uma empresa geradora de conteúdos vinculados a um determinado conjunto de símbolos e significados que engajam públicos de diferentes naturezas em torno de um mesmo rol de atributos. A comunicação por meio das atitudes amplia o espectro de conteúdos a serem disseminados, o que contribui para a diversificação de formatos, meios e mensagens a serem propagados a partir das iniciativas.<br /> <br /> <strong>5. Glocal:</strong> em meio ao grande volume de ações, a Red Bull concilia eventos de porte global, como o circuito de corridas aéreas e atitudes ligadas à particularidade de territórios específicos, como uma “roda de bola” feminina (prática em que um conjunto de pessoas toca uma bola de futebol sem deixá-la cair) no Rio de Janeiro. Esta articulação demonstra a abrangente presença da companhia e um conhecimento centrado em determinados mercados.<br /> <br /> <em>* Por Rodolfo Araújo. Esta reportagem foi publicada originalmente no portal <a target="_blank" href="http://comatitude.com.br">Com:Atitude</a>, da Edelman Significa, e agora no Mundo do Marketing de acordo com parceria que os dois portais mantêm.</em></p>


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