Privacidade: Um conceito que ?explodiu? 10 de dezembro de 2013

Privacidade: Um conceito que ?explodiu?

         

E em breve estará desatualizado

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O "Big Data" ameaça a privacidade pessoal?

Essa é a pergunta que um repórter europeu me fez recentemente após uma apresentação que fiz a respeito da "confiança extrema" e da confiabilidade proativa. Dado o atual crescimento e difusão das câmeras, a privacidade também é o tema principal na edição de 16 de novembro da The Economist.

Os meios de comunicação não falam muito a respeito disso, mas eu, pessoalmente, acho que Mark Zuckerberg quer dizer algo quando prevê que em breve a privacidade já não será uma "norma social".

Obviamente, pessoas diferentes tem opiniões diferentes sobre privacidade, mas há também um distinto e notório gradiente de idade nisso. Quanto mais velho você for, em geral, mais provável é que você esteja mais preocupado com sua privacidade pessoal. Baby Boomers [1]parecem ficar excitados sobre a questão, mas para a maioria de nós, da geração do milênio, proteger a privacidade praticamente não é um problema. Basta tentar iniciar uma conversa com alguém de 20 e poucos anos e perguntar qual é o "medo" que eles tem de ter sua privacidade violada. Você provavelmente vai receber um olhar de "WTF?" e não muito mais do que isso. (E sim, eu considero minha idade mental milenar, mesmo que minha idade cronológica me desqualifique.)

Mais importante do que uma empresa ter suas informações pessoais, é o que ela faz com suas informações. Cada vez mais, transacionar em qualquer tipo de esfera requer a troca de dados digitais – informações pessoais que são usadas para tornar um produto ou serviço mais relevante, e para poupar que o consumidor tenha que repassar novamente suas informações. Mas esses dados, como quaisquer outros dados, podem ser armazenados, analisados??, explorados e reutilizados, praticamente para sempre.

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Esta certamente é uma das razões pela qual as pessoas estão exigindo cada vez mais a confiança dos vendedores e de todos com quem fazem negócios. A minha maneira de ilustrar a confiabilidade proativa em minhas apresentações, é destacando que a Amazon sempre irá me lembrar de que já comprei um livro antes, antes mesmo de cometer o erro de encomendá-lo de novo. E se posso confiar na Amazon por estarem atentos aos meus interesses desta forma proativa, então por que eu iria me preocupar se de alguma forma eles farão um "Big Brother" com minhas informações? Não faz sentido. Por outro lado, se eu não confiasse neles, então eu iria me expor o mínimo possível. Por que diabos alguém iria fazer negócios com uma empresa na qual não se pode confiar?

A verdade é que a conveniência de desfrutar de uma experiência do cliente sem atrito é extremamente atraente para todos nós, mas ainda mais para os mais jovens, que estão enviando mensagens de texto, estão no Facebook, no Pinterest e no WhatsApp mais do que todos os outros. Eles não tem tempo para atritos, por isso, se uma empresa confiável como a Amazon está olhando por seus interesses de forma proativa, tendo certeza inclusive de que um reembolso seria obtido sem ao menos ter que solicitá-lo, então também são a favor dela. O fato de poder confiar na Amazon por estarem sempre atentos aos meus interesses, é um dos motivos pelo qual eu amo a empresa.

Mas pense a respeito do que eu disse, porque eu poderia muito bem ter dito que eu "amo" uma linha de código de computador – afinal, é um programa de computador que me passa esse lembrete, não uma pessoa. Enquanto realizo minhas compras, não há nenhuma pessoa na digitalização da Amazon checando quais foram os livros que já comprei ou verificando quais foram os vídeos já comprados por mim e como foram transmitidos. Isso seria certamente uma grave violação da política do funcionário interno da Amazon por percorrer os hábitos de compras individuais dos clientes particulares, da mesma forma que é uma violação na política do representante de call center anotar suas informações de cartão de crédito após ter recebido uma ligação sua, ou até para uma garçonete por fazer fotocópias dos recibos de cartão de crédito que ela processa na caixa registradora .

Não significa que coisas como estas nunca acontecem, mas elas não acontecem com tanta frequência, e não é uma estratégia oficial da empresa. Como poderia ser? Todos nós já saberíamos através do Twitter! Então, se você está preocupado com o fato de que a Amazon "sabe" quais são os produtos que você já comprou, então o que está realmente dizendo – que algum banco de dados em algum lugar "sabe" disso? Notícia de última hora: Os bancos de dados são inanimados, pois eles não sabem nada, e eles não tem intenções, boas ou más.

Dito isto, eu ainda acho que é uma boa ideia praticar hábitos de higiene de dados, apenas para evitar a possibilidade de roubo de identidade e fraude. E até mesmo alguns jovens se preocupam com sua privacidade pessoal, apesar da sua nobre tranquilidade sobre o assunto.

Novos métodos tecnológicos estão se tornando disponíveis para ajudar. A Privowny, por exemplo, vai gerar um e-mail one-time-only (uma única vez) para você usar ao efetuar o login no sistema de um novo fornecedor, e também fornece uma barra de controle para o seu navegador da Web que informa quantos cookies estão sendo colocados em seu computador pelo site que você está visitando. (Confesso: eu estou no Conselho Consultivo da Privowny.)

É claro que os governos continuarão envolvidos com as leis e regulamentos concebidos para nos ajudar a proteger nossa privacidade, mas por mais que sejam tão bem intencionados assim, eles simplesmente não são tão eficazes quanto as soluções privadas desenhadas por empresários que visam satisfazer as necessidades de alguns consumidores genuínos, para que se mantenham nos negócios. Além disso, os regulamentos sempre criam atritos econômicos e os danos colaterais que eles causam às vezes podem superar os benefícios (pense na Sarbanes-Oxley ou na Dodd-Frank, por exemplo).

Então, me chame de otimista (culpado da acusação), mas acho que os abusos de privacidade serão mais disciplinados e de forma mais eficiente por um mercado livre. Como todos nós continuamos a nos tornar mais interligados, o mau comportamento é tornado público de forma mais rápida, mesmo se você estiver falando sobre a Arabic Spring ou sobre um vídeo da United Breaks Guitars no YouTube.

E por que motivo as pessoas continuariam a tolerar uma empresa ou um governo nos quais não confiam?

[1] Um baby boomer é uma pessoa nascida entre 1945 e 1964 na Europa (especialmente Grã Bretanha e França), Estados Unidos, Canadá ou Austrália. Depois da segunda guerra mundial estes países experimentaram um súbito aumento de natalidade, que ficou conhecido como baby boom A geração baby boomer torna-se uma parte substancial da população norte-americana. Representando cerca de 20% do público americano, os baby boomers tem um impacto significativo sobre a economia e são muitas vezes o foco de campanhas de marketing e planos de negócios

 


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