<p>Entre os principais desafios que muitas multinacionais que embarcam no Brasil enfrentam &eacute; a falsifica&ccedil;&atilde;o de produtos. Mesmo antes da explos&atilde;o da internet, que facilitou a falsifica&ccedil;&atilde;o de propriedades intelectuais, o problema j&aacute; era grave no pa&iacute;s, inclusive em produtos industriais.</p> <p>Mesmo em setores como o de medicamentos, onde o uso de produtos falsificados pode atentar contra a sa&uacute;de do consumidor, a quest&atilde;o se tornou t&atilde;o s&eacute;ria que motivou o governo federal a agir, criando a lei que regulamenta medicamentos gen&eacute;ricos e mais baratos no pa&iacute;s em 1999.</p> <p>Sendo um dos pa&iacute;ses com as maiores taxas tribut&aacute;rias do mundo, muitos executivos e consumidores culpam a alta taxa&ccedil;&atilde;o de impostos pelo problema. Mesmo assim, boa parte deles acredita na for&ccedil;a do mercado consumidor brasileiro e veem no Brasil uma oportunidade de expandir seus neg&oacute;cios.</p> <p><strong><img alt="" align="left" width="150" height="215" src="/images/materias/joao_albani_synergex.jpg" />Synergex investe no relacionamento com varejistas para quebrar resist&ecirc;ncia</strong><br /> A distribuidora de games Synergex &eacute; uma dessas empresas estrangeiras, tendo sa&iacute;do do Canad&aacute;, pa&iacute;s onde a pirataria &eacute; quase nula, para enfrentar os desafios dos mercados da Am&eacute;rica Latina, onde a pirataria de software atinge &iacute;ndices bem altos. Dados da Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Empresas de Software (ABES) e da Business Software Alliance (BSA) apontam que a m&eacute;dia de pirataria em software entre os pa&iacute;ses da Am&eacute;rica Latina &eacute; de 65%, acima da m&eacute;dia mundial, de 41%. Ainda assim,&nbsp;o Brasil apresenta a segunda menor taxa entre os pa&iacute;ses latinos (58%), atr&aacute;s apenas da Col&ocirc;mbia (56%).</p> <p>Quando chegou ao Brasil, ainda em 2007, os videogames Wii, da Nintendo, e Xbox 360, da Microsoft, j&aacute; eram plataformas pirate&aacute;veis, enquanto o Playstation 3, da Sony, estava protegido (vantagem ainda assegurada nos dias de hoje pela gigante japonesa). &ldquo;Por isso, vendemos hoje 50% a menos de jogos para Xbox 360 do que para Playstation 3, mesmo sendo duas plataformas muito parecidas&rdquo;, compara Jo&atilde;o Albani (foto), Gerente de Produtos da Synergex.</p> <p><img alt="" align="right" width="300" height="166" src="/images/materias/synergex_saraiva.jpg" />Para tentar n&atilde;o se abalar por esse cen&aacute;rio, a companhia investe no relacionamento n&atilde;o apenas com os consumidores, mas os pr&oacute;prios varejistas, j&aacute; que muitos t&ecirc;m resist&ecirc;ncia em comercializar os games por conta da pirataria. Um dos exemplos &eacute; uma a&ccedil;&atilde;o recente que promoveu um campeonato com o jogo de luta &ldquo;Street Fighter IV&rdquo; em plena Saraiva Mega Store dos Shoppings Eldorado e An&aacute;lia Franco (foto), ambos em S&atilde;o Paulo. A a&ccedil;&atilde;o foi divulgada em diversas m&iacute;dias sociais, como o Twitter, al&eacute;m de&nbsp;material promocional e a&ccedil;&otilde;es de merchandising no ponto-de-venda.</p> <p>Outra forma de divulgar a marca e seus produtos &eacute; atrav&eacute;s de concursos culturais em parceria com revistas segmentadas. Entre as vantagens asseguradas no produto est&aacute; a certeza que o game ir&aacute; funcionar sem trazer quaisquer danos e defeitos, uma vez que as plataformas atuais exigem atualiza&ccedil;&atilde;o de sistema via internet, muitas vezes trazendo novas t&eacute;cnicas de prote&ccedil;&atilde;o contra conte&uacute;do pirateado. Al&eacute;m disso, o produto vem com embalagens e manuais em portugu&ecirc;s (o que &eacute; exigido por lei).</p> <p><strong><img alt="" align="left" width="248" height="185" src="/images/materias/kingston_lojaconceito(1).jpg" />Kingston abriu loja-conceito em tradicionais camel&oacute;dromos</strong><br /> A Kingston preferiu ousar e abriu lojas conceitos em plenos centros comerciais famosos pela venda de produtos falsificados: a rua Santa Ifig&ecirc;nia, em S&atilde;o Paulo, e o Info Centro, no Rio de Janeiro. &ldquo;Antes disso, cinco a cada seis produtos vendidos eram falsos. Agora deve estar em cerca de um a cada dez&rdquo;, comemora a americana Jackie Barrera, Diretora de Marketing Global da marca.</p> <p>Mas o preju&iacute;zo n&atilde;o se restringe &agrave;s vendas, mas tamb&eacute;m &agrave; marca. &Eacute; comum a liga&ccedil;&atilde;o de clientes ao SAC da KIngston reclamando sobre mau funcionamento de produto, ou at&eacute; propaganda enganosa (por vender um pendrive de 4 gigas quando na verdade oferece apenas 1, por exemplo). &ldquo;Temos que explicar que os produtos s&atilde;o falsificados, mesmo assim isso arranha a imagem da Kingston&rdquo;, lamenta a executiva. &Eacute; por isso que a loja, que n&atilde;o vende produtos, explica aos consumidores como diferenciar um produto original de um falsificado, a garantia de qualidade e a vantagem de um suporte em caso de problemas no produto original, al&eacute;m de indicar quais lojas no local vendem produtos originais.</p> <p><strong>Pfizer atua junto ao governo e mudou embalagens para combater pirataria</strong><br /> Outra empresa muito atenta &agrave; quest&atilde;o de falsifica&ccedil;&atilde;o &eacute; a fabricante de rem&eacute;dios Pfizer. A pirataria nesse setor &eacute; mais branda por mexer com algo muito caro ao consumidor: sua sa&uacute;de. Ainda assim esta &eacute;&nbsp;uma caracter&iacute;stica do mercado que incomoda. Mesmo porque o consumo costuma ser inconsciente, uma vez que o comprador &eacute; enganado, acreditando adquirir um rem&eacute;dio original muitas vezes.</p> <p>Isso motivou a companhia a adotar reformula&ccedil;&otilde;es em suas embalagens que dificultem a c&oacute;pia perfeita por parte dos piratas, trazendo a<img alt="" align="right" width="150" height="184" src="/images/materias/viagra_novamebalagem(2).jpg" />legorias como a impress&atilde;o sob tinta, de forma semelhante &agrave;s &ldquo;raspadinhas&rdquo; de Loteria. O esfor&ccedil;o tamb&eacute;m inclui prote&ccedil;&otilde;es contra viola&ccedil;&otilde;es, como aconteceu com a colagem da caixa de Viagra (foto)&nbsp;&ndash; quando abertas, as quatro abas se descolam e s&atilde;o danificadas. Al&eacute;m disso, a caixa da p&iacute;lula azul usa um papel diferenciado oito vezes mais caro que o comum. Alguns dos obst&aacute;culos enfrentados pela companhia s&atilde;o as restri&ccedil;&otilde;es governamentais para campanhas de comunica&ccedil;&atilde;o no setor de medicamentos, o que impede um di&aacute;logo mais aberto com os consumidores.</p> <p>&ldquo;A companhia toma ainda outras medidas como centraliza&ccedil;&atilde;o das informa&ccedil;&otilde;es, den&uacute;ncias, intima&ccedil;&otilde;es, a&ccedil;&otilde;es e interven&ccedil;&otilde;es por meio da&nbsp;Ger&ecirc;ncia de Seguran&ccedil;a&nbsp;Corporativa, as quais s&atilde;o imediatamente informadas &agrave;s autoridades e institui&ccedil;&otilde;es do segmento; faz um controle rigoroso no processo de produ&ccedil;&atilde;o por meio do sistema de seguran&ccedil;a e controle de acesso; e mant&ecirc;m um alinhamento de a&ccedil;&otilde;es com outras &aacute;reas da empresa&rdquo;, explica Adilson Montaneira, Diretor da Unidade de Neg&oacute;cios Primary Care da Pfizer Brasil.</p> <p><strong>Para consumidor, pirataria seria forma de relevar injusti&ccedil;as sociais</strong><br /> S&atilde;o justamente as institui&ccedil;&otilde;es governamentais que, junto com as fabricantes, s&atilde;o&nbsp;as principais culpadas pela pirataria na opini&atilde;o de consumidores. Pesquisas do Instituto Akatu apontam que o consumidor rejeita campanhas que o acusam de criminoso pelo consumo de produtos piratas.</p> <p>Pelo contr&aacute;rio, muitos veem na pr&aacute;tica uma forma de relevar injusti&ccedil;as sociais, j&aacute; que a alta taxa de impostos e a &ldquo;gan&acirc;ncia&rdquo; dos fabricantes e varejistas teriam deixado o pre&ccedil;o dos produtos muito elevados, principalmente na compara&ccedil;&atilde;o com o mesmo produto ou semelhantes em outros pa&iacute;ses. Em muitos casos, o pre&ccedil;o no Brasil &eacute; tr&ecirc;s a quatro vezes mais caro que no exterior.</p> <p>Mesmo assim, Jo&atilde;o Albani acredita que isso n&atilde;o justifica a pr&aacute;tica, j&aacute; que pode trazer problemas em longo prazo ao consumidor e n&atilde;o necessariamente ajuda o camel&ocirc; que vende o game falsificado. &ldquo;Nem&nbsp;o consumidor e nem o governo sabem para onde o dinheiro vai. Al&eacute;m disso, esses camel&ocirc;s n&atilde;o recebem os direitos trabalhistas. O comprador pode pensar que est&aacute; se dando bem, mas ele n&atilde;o consegue olhar adiante no mercado&rdquo;, analisa.</p> <p><strong>Abertura de f&aacute;bricas no pa&iacute;s por enquanto &eacute; a &uacute;nica solu&ccedil;&atilde;o</strong><br /> Para fugir das altas taxas de importa&ccedil;&otilde;es, a &uacute;nica solu&ccedil;&atilde;o &eacute; abrir f&aacute;bricas no Brasil, o que, al&eacute;m de ser uma op&ccedil;&atilde;o de custo elevado, &eacute; algo invi&aacute;vel no neg&oacute;cio de algumas companhias. A Synergex, por exemplo, n&atilde;o pode fabricar jogos de plataformas fechadas no Brasil, j&aacute; que ficam sob o controle das fabricantes. &Eacute; necess&aacute;rio ent&atilde;o fazer parcerias com essas empresas, no caso da exist&ecirc;ncia de f&aacute;bricas especializadas no Brasil.&nbsp;Para jogos&nbsp;de computador -&nbsp;uma plataforma aberta -&nbsp;isso n&atilde;o &eacute; necess&aacute;rio, o que justifica o pre&ccedil;o final de mais de 100% de um mesmo game em rela&ccedil;&atilde;o a sua vers&atilde;o para consoles.</p> <p>Por aqui, apenas a Sony possui infra-estrutura para fabricar seus jogos, embora&nbsp;n&atilde;o tenham come&ccedil;ado ainda. A Microsoft e a Nintendo, por sua vez, n&atilde;o possuem f&aacute;bricas no pa&iacute;s e&nbsp;a Kingston tamb&eacute;m n&atilde;o fabrica seus produtos por aqui.</p> <p>&ldquo;A aus&ecirc;ncia de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas de impedimento ao crescimento da pirataria &eacute; o maior bloqueador do setor no Brasil. Estamos em contato com grupos de discuss&atilde;o que buscam apoiar projetos de lei de pol&iacute;ticos que estejam voltados &agrave; prote&ccedil;&atilde;o da propriedade intelectual e ao incentivo ao entretenimento eletr&ocirc;nico&rdquo;, diz Albani, da Synergex.</p>
Presença em camelódromos e Trade Marketing combatem pirataria
30 de setembro de 2009
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