Presença em camelódromos e Trade Marketing combatem pirataria 30 de setembro de 2009

Presença em camelódromos e Trade Marketing combatem pirataria

         

Mesmo com problemas, empresas estrangeiras como Kingston e Synergex encontram soluções para enfrentar a falsificação de produtos no país

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<p>Entre os principais desafios que muitas multinacionais que embarcam no Brasil enfrentam é a falsificação de produtos. Mesmo antes da explosão da internet, que facilitou a falsificação de propriedades intelectuais, o problema já era grave no país, inclusive em produtos industriais.</p> <p>Mesmo em setores como o de medicamentos, onde o uso de produtos falsificados pode atentar contra a saúde do consumidor, a questão se tornou tão séria que motivou o governo federal a agir, criando a lei que regulamenta medicamentos genéricos e mais baratos no país em 1999.</p> <p>Sendo um dos países com as maiores taxas tributárias do mundo, muitos executivos e consumidores culpam a alta taxação de impostos pelo problema. Mesmo assim, boa parte deles acredita na força do mercado consumidor brasileiro e veem no Brasil uma oportunidade de expandir seus negócios.</p> <p><strong><img alt="" align="left" width="150" height="215" src="/images/materias/joao_albani_synergex.jpg" />Synergex investe no relacionamento com varejistas para quebrar resistência</strong><br /> A distribuidora de games Synergex é uma dessas empresas estrangeiras, tendo saído do Canadá, país onde a pirataria é quase nula, para enfrentar os desafios dos mercados da América Latina, onde a pirataria de software atinge índices bem altos. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES) e da Business Software Alliance (BSA) apontam que a média de pirataria em software entre os países da América Latina é de 65%, acima da média mundial, de 41%. Ainda assim, o Brasil apresenta a segunda menor taxa entre os países latinos (58%), atrás apenas da Colômbia (56%).</p> <p>Quando chegou ao Brasil, ainda em 2007, os videogames Wii, da Nintendo, e Xbox 360, da Microsoft, já eram plataformas pirateáveis, enquanto o Playstation 3, da Sony, estava protegido (vantagem ainda assegurada nos dias de hoje pela gigante japonesa). “Por isso, vendemos hoje 50% a menos de jogos para Xbox 360 do que para Playstation 3, mesmo sendo duas plataformas muito parecidas”, compara João Albani (foto), Gerente de Produtos da Synergex.</p> <p><img alt="" align="right" width="300" height="166" src="/images/materias/synergex_saraiva.jpg" />Para tentar não se abalar por esse cenário, a companhia investe no relacionamento não apenas com os consumidores, mas os próprios varejistas, já que muitos têm resistência em comercializar os games por conta da pirataria. Um dos exemplos é uma ação recente que promoveu um campeonato com o jogo de luta “Street Fighter IV” em plena Saraiva Mega Store dos Shoppings Eldorado e Anália Franco (foto), ambos em São Paulo. A ação foi divulgada em diversas mídias sociais, como o Twitter, além de material promocional e ações de merchandising no ponto-de-venda.</p> <p>Outra forma de divulgar a marca e seus produtos é através de concursos culturais em parceria com revistas segmentadas. Entre as vantagens asseguradas no produto está a certeza que o game irá funcionar sem trazer quaisquer danos e defeitos, uma vez que as plataformas atuais exigem atualização de sistema via internet, muitas vezes trazendo novas técnicas de proteção contra conteúdo pirateado. Além disso, o produto vem com embalagens e manuais em português (o que é exigido por lei).</p> <p><strong><img alt="" align="left" width="248" height="185" src="/images/materias/kingston_lojaconceito(1).jpg" />Kingston abriu loja-conceito em tradicionais camelódromos</strong><br /> A Kingston preferiu ousar e abriu lojas conceitos em plenos centros comerciais famosos pela venda de produtos falsificados: a rua Santa Ifigênia, em São Paulo, e o Info Centro, no Rio de Janeiro. “Antes disso, cinco a cada seis produtos vendidos eram falsos. Agora deve estar em cerca de um a cada dez”, comemora a americana Jackie Barrera, Diretora de Marketing Global da marca.</p> <p>Mas o prejuízo não se restringe às vendas, mas também à marca. É comum a ligação de clientes ao SAC da KIngston reclamando sobre mau funcionamento de produto, ou até propaganda enganosa (por vender um pendrive de 4 gigas quando na verdade oferece apenas 1, por exemplo). “Temos que explicar que os produtos são falsificados, mesmo assim isso arranha a imagem da Kingston”, lamenta a executiva. É por isso que a loja, que não vende produtos, explica aos consumidores como diferenciar um produto original de um falsificado, a garantia de qualidade e a vantagem de um suporte em caso de problemas no produto original, além de indicar quais lojas no local vendem produtos originais.</p> <p><strong>Pfizer atua junto ao governo e mudou embalagens para combater pirataria</strong><br /> Outra empresa muito atenta à questão de falsificação é a fabricante de remédios Pfizer. A pirataria nesse setor é mais branda por mexer com algo muito caro ao consumidor: sua saúde. Ainda assim esta é uma característica do mercado que incomoda. Mesmo porque o consumo costuma ser inconsciente, uma vez que o comprador é enganado, acreditando adquirir um remédio original muitas vezes.</p> <p>Isso motivou a companhia a adotar reformulações em suas embalagens que dificultem a cópia perfeita por parte dos piratas, trazendo a<img alt="" align="right" width="150" height="184" src="/images/materias/viagra_novamebalagem(2).jpg" />legorias como a impressão sob tinta, de forma semelhante às “raspadinhas” de Loteria. O esforço também inclui proteções contra violações, como aconteceu com a colagem da caixa de Viagra (foto) – quando abertas, as quatro abas se descolam e são danificadas. Além disso, a caixa da pílula azul usa um papel diferenciado oito vezes mais caro que o comum. Alguns dos obstáculos enfrentados pela companhia são as restrições governamentais para campanhas de comunicação no setor de medicamentos, o que impede um diálogo mais aberto com os consumidores.</p> <p>“A companhia toma ainda outras medidas como centralização das informações, denúncias, intimações, ações e intervenções por meio da Gerência de Segurança Corporativa, as quais são imediatamente informadas às autoridades e instituições do segmento; faz um controle rigoroso no processo de produção por meio do sistema de segurança e controle de acesso; e mantêm um alinhamento de ações com outras áreas da empresa”, explica Adilson Montaneira, Diretor da Unidade de Negócios Primary Care da Pfizer Brasil.</p> <p><strong>Para consumidor, pirataria seria forma de relevar injustiças sociais</strong><br /> São justamente as instituições governamentais que, junto com as fabricantes, são as principais culpadas pela pirataria na opinião de consumidores. Pesquisas do Instituto Akatu apontam que o consumidor rejeita campanhas que o acusam de criminoso pelo consumo de produtos piratas.</p> <p>Pelo contrário, muitos veem na prática uma forma de relevar injustiças sociais, já que a alta taxa de impostos e a “ganância” dos fabricantes e varejistas teriam deixado o preço dos produtos muito elevados, principalmente na comparação com o mesmo produto ou semelhantes em outros países. Em muitos casos, o preço no Brasil é três a quatro vezes mais caro que no exterior.</p> <p>Mesmo assim, João Albani acredita que isso não justifica a prática, já que pode trazer problemas em longo prazo ao consumidor e não necessariamente ajuda o camelô que vende o game falsificado. “Nem o consumidor e nem o governo sabem para onde o dinheiro vai. Além disso, esses camelôs não recebem os direitos trabalhistas. O comprador pode pensar que está se dando bem, mas ele não consegue olhar adiante no mercado”, analisa.</p> <p><strong>Abertura de fábricas no país por enquanto é a única solução</strong><br /> Para fugir das altas taxas de importações, a única solução é abrir fábricas no Brasil, o que, além de ser uma opção de custo elevado, é algo inviável no negócio de algumas companhias. A Synergex, por exemplo, não pode fabricar jogos de plataformas fechadas no Brasil, já que ficam sob o controle das fabricantes. É necessário então fazer parcerias com essas empresas, no caso da existência de fábricas especializadas no Brasil. Para jogos de computador - uma plataforma aberta - isso não é necessário, o que justifica o preço final de mais de 100% de um mesmo game em relação a sua versão para consoles.</p> <p>Por aqui, apenas a Sony possui infra-estrutura para fabricar seus jogos, embora não tenham começado ainda. A Microsoft e a Nintendo, por sua vez, não possuem fábricas no país e a Kingston também não fabrica seus produtos por aqui.</p> <p>“A ausência de políticas públicas de impedimento ao crescimento da pirataria é o maior bloqueador do setor no Brasil. Estamos em contato com grupos de discussão que buscam apoiar projetos de lei de políticos que estejam voltados à proteção da propriedade intelectual e ao incentivo ao entretenimento eletrônico”, diz Albani, da Synergex.</p>


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