Pesquisas: como evitar a desinformação do leitor 16 de janeiro de 2013

Pesquisas: como evitar a desinformação do leitor

         

Se os resultados da pesquisa forem utilizados de forma resumida, o ideal é procurar o autor do levantamento para saber se ele dispõe deste formato mais sucinto

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A difusão e a transmissão do conhecimento são armas poderosas, requerendo o mínimo de responsabilidade de quem divulga determinada informação, em especial as retiradas de pesquisas, cujos dados não devem ser alterados ou omitidos, sob pena de desinformar o leitor e, dependendo do assunto, levá-lo ao erro. Com a Internet presente cada vez mais no cotidiano das pessoas, agora de forma mais incisiva por conta dos tablets e smartphones, estamos testemunhando diariamente o rápido surgimento e desaparecimento de sites e blogs e até de redes sociais.

A partir deste cenário dinâmico, tornou-se comum que muitos sites e blogs utilizem dados de pesquisas divulgados por diversos institutos, empresas e entidades de classe. Em geral, os editores desses ambientes virtuais acabam apenas replicando as notícias de outras fontes disponíveis na web. Nada contra isso, muito pelo contrário. Fazemos pesquisas com o intuito de divulgá-las e, quanto mais são replicadas em blogs e redes sociais, maior é o alcance dessas informações que, esperamos, sejam úteis às pessoas.

Entretanto, quando há problemas, e estes ocorrem em várias frentes, seja quando as informações são postadas sem a menção da fonte que realizou a pesquisa, seja no momento de inseri-las, quando deturpam – intencionalmente ou não – os dados contidos nas matérias e tentam interpretá-los, mesmo sem conhecimento a respeito do tema.

Um exemplo emblemático aconteceu há mais ou menos dois anos, no post de um blog. Ao ler, algo me pareceu muito errado, pois a nota informava que “50% da população brasileira faz…”. E não mencionava o autor da pesquisa. Ao buscar a notícia original no Google, com a frase descrita, a localizei no site da empresa que realizou e divulgou a pesquisa. Lá estava escrito: “47% da população brasileira economicamente ativa faz…”. Ops! Ao menos dois equívocos saltaram aos olhos de imediato.

Primeiro erro: há uma grande diferença entre falar da população brasileira como um todo, que era o assunto do blog que li anteriormente, e mencionar a parcela da população economicamente ativa, conforme a notícia original, fonte de inspiração para o blog que utilizou os dados da pesquisa, de modo interpretativo. Ora, a população economicamente ativa é muito menor que a população como um todo, ou seja, muitos milhões de pessoas a menos. Portanto, omitir duas palavrinhas – “economicamente ativa” – levará o leitor a cometer um erro muito grave de interpretação. Ao replicar o resultado de pesquisa, não se deve alterar o sentido da informação, omitindo ou alterando aquilo que estiver escrito originalmente.

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Segundo erro: o autor do blog arredondou o percentual original de 47% para 50%. Toda pesquisa tem uma margem de erro, e esta deve ser a menor possível. Portanto, alterar dados com arredondamentos ampliará ainda mais o erro, simplesmente porque esse não é o resultado correto. No caso, quem arredondou para 50%, acrescentou alguns milhões de pessoas ao resultado final.

Quanto a opinar sobre os resultados da pesquisa, trata-se de um fenômeno natural, próprio do ser humano e, como tal, as pessoas devem acrescentar seu ponto de vista baseadas nas experiências e vivências. Desta forma, com responsabilidade, estarão contribuindo para melhorar o entendimento da pesquisa e agregar valor ao próprio post.

Para tanto, alguns cuidados podem ser tomados para evitar a divulgação de dados incorretos. As mais indicadas: procurar o site do responsável pela pesquisa para ter certeza que as informações estão completas e corretas. Depois, replicar as informações tal como elas são, sem mudar o seu teor; e, não menos importante, dar o crédito para o responsável pela pesquisa.

Se os resultados da pesquisa forem utilizados de forma resumida, o ideal é procurar o autor do levantamento para saber se ele dispõe deste formato mais sucinto. Desta maneira, com dados confiáveis, todos saem ganhando – o autor da pesquisa; o editor que a replicou; e os milhares de leitores que terão acesso a informações verdadeiras que poderão, sim, fazer grande diferença em seu dia a dia.


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