Os personagens e as marcas infantis
Os personagens e as marcas infantis
Por Redação - 15/08/2007 Artigos
<p><strong>Os personagens e as marcas infantis</strong></p><p>Por Arnaldo Rabelo*</p><p>Muito se tem falado ultimamente sobre gest&atilde;o de marcas e o que podemos fazer para fortalec&ecirc;-las. Sabemos que as marcas s&atilde;o muito mais que s&iacute;mbolos gr&aacute;ficos; s&atilde;o s&iacute;mbolos da pr&oacute;pria empresa, de seus valores e de suas promessas ao consumidor. A empresa constr&oacute;i o significado desse s&iacute;mbolo n&atilde;o apenas na sua comunica&ccedil;&atilde;o, mas em toda a sua forma de agir. </p><p>Esse assunto afeta a competitividade das empresas, pois marcas fortes ajudam-nas a se diferenciar, representando uma vantagem sobre a concorr&ecirc;ncia. Tanto que as avalia&ccedil;&otilde;es de empresas j&aacute; levam em conta o valor desse ativo t&atilde;o intang&iacute;vel, a marca. Apenas a marca Coca-Cola, que &eacute; hoje a mais valiosa do mundo, teve seu valor estimado recentemente em 65 bilh&otilde;es de d&oacute;lares. Chamo a aten&ccedil;&atilde;o que neste valor n&atilde;o est&aacute; inclu&iacute;do nenhum bem material, apenas o registro da marca. </p><p>Mas n&oacute;s n&atilde;o nascemos sabendo interpretar esse ou qualquer outro s&iacute;mbolo. A habilidade de decodificar s&iacute;mbolos &eacute; aprendida e, antes, precisamos desenvolver a capacidade neurol&oacute;gica, cognitiva e psicol&oacute;gica para isso. O que fazer, ent&atilde;o, nos casos de marcas de produtos infantis? A partir de qual idade s&atilde;o compreendidas? Podemos ter outra abordagem?</p><p>As respostas a estas perguntas s&atilde;o valiosas, pois o mercado de produtos infantis movimenta mais de 50 bilh&otilde;es de reais, s&oacute; no Brasil. E o nosso pa&iacute;s est&aacute; entre os tr&ecirc;s principais mercados mundiais para v&aacute;rios segmentos de produtos direcionados &agrave;s crian&ccedil;as: higiene e beleza, balas, chocolates, entre outros. </p><p>Os personagens, ou mascotes, s&atilde;o a resposta, pois s&atilde;o facilmente reconhecidos pelas crian&ccedil;as. O desenho simples, as cores vivas e a expressividade das emo&ccedil;&otilde;es atribu&iacute;das a eles, fazem dos mascotes o porta-voz ideal da empresa para a crian&ccedil;a. Alguns estudos mostram que a crian&ccedil;a pode associar corretamente um personagem ao produto correspondente j&aacute; a partir dos quatro anos. As formas e cores s&atilde;o muito importantes nesse processo. No entanto, o significado da marca ainda n&atilde;o &eacute; compreendido.</p><p>A compreens&atilde;o de uma marca tradicional, sem personagem, come&ccedil;a a partir dos seis ou sete anos. N&atilde;o &eacute; por acaso que a crian&ccedil;a &eacute; alfabetizada nessa idade. Come&ccedil;a a&iacute; sua capacidade de compreender a linguagem simb&oacute;lica. Sua prefer&ecirc;ncia por determinadas marcas tamb&eacute;m come&ccedil;a nessa fase. No entanto, os personagens continuam sendo objeto de grande interesse das crian&ccedil;as at&eacute; os nove ou 10 anos, quando costumam substitu&iacute;-los por personalidades ou &iacute;dolos, como artistas e atletas.</p><p>Vemos que o desenvolvimento de personagens para representar marcas nas campanhas publicit&aacute;rias, ou at&eacute; mesmo ser a pr&oacute;pria marca, envolve muita responsabilidade e deve ser tratado com muita seriedade. O mascote &eacute; o porta-voz da empresa e a torna mais simp&aacute;tica e humanizada. Os valores da marca podem ser refor&ccedil;ados pela personalidade do mascote. Como em quase tudo relacionado a marketing infantil, a segmenta&ccedil;&atilde;o do mercado &eacute; o guia sobre os tipos de personagens que devem ser utilizados. Afinal, o desenvolvimento psicol&oacute;gico, intelectual e social da crian&ccedil;a &eacute; dado em est&aacute;gios relativamente bem definidos. </p><p>Para crian&ccedil;as na fase de quatro a sete anos de idade, aproximadamente, os personagens ser&atilde;o muito mais eficientes que marcas tradicionais, pois s&oacute; eles s&atilde;o compreendidos. Nessa etapa a crian&ccedil;a desenvolve alguns padr&otilde;es de identifica&ccedil;&atilde;o:<br />- cuida do outro: a crian&ccedil;a cuida da boneca, do brinquedo, do animal de estima&ccedil;&atilde;o e tamb&eacute;m do personagem;<br />- se enxerga no outro: a crian&ccedil;a identifica no brinquedo, animal ou personagem qualidades que ela tem, ela os humaniza;<br />- quer ser como o outro: a crian&ccedil;a admira e imita o personagem, pois quer possuir certas caracter&iacute;sticas dele;<br />- vivencia no outro o que n&atilde;o pode ser: a crian&ccedil;a, neste caso, n&atilde;o quer ser igual, mas &eacute; atra&iacute;da pelas qualidades negativas que o personagem tem &ndash; estamos falando de um vil&atilde;o ou uma bruxa &ndash; pois pode expressar nele frustra&ccedil;&otilde;es e raiva. </p><p>Nessa faixa et&aacute;ria, a crian&ccedil;a come&ccedil;a a buscar uma necessidade b&aacute;sica humana: poder e controle. Da&iacute; o sucesso de lutadores e super-her&oacute;is, principalmente para os meninos. A velocidade tamb&eacute;m atrai, pois remete a poder e divers&atilde;o. J&aacute; as meninas est&atilde;o mais interessadas na socializa&ccedil;&atilde;o e no relacionamento com as amigas. A partir dessa fase a moda &eacute; cada vez mais importante para elas, pois expressa a sua personalidade e sinaliza qual &eacute; o grupo ao qual pertence, facilitando a sua integra&ccedil;&atilde;o.</p><p>Portanto, para desenvolvermos um personagem de forma profissional, devemos determinar:<br />- sua personalidade: os tra&ccedil;os correspondes &agrave; identidade da marca;<br />- caracter&iacute;sticas de identifica&ccedil;&atilde;o com o p&uacute;blico: algo que o p&uacute;blico quer ser, atributos e atitudes que a crian&ccedil;a admire ou com os quais se identifique;<br />- capacidade de relacionamento: o personagem deve ser capaz de estabelecer um relacionamento com o p&uacute;blico, deve criar uma liga&ccedil;&atilde;o emocional;<br />- o cen&aacute;rio: a ambienta&ccedil;&atilde;o e o contexto do personagem, o mundo que &eacute; expresso pelo personagem e com o qual ele se relaciona diretamente;<br />- os aspectos f&iacute;sicos: como em qualquer projeto, os elementos concretos &ndash; o desenho, os tra&ccedil;os, as roupas e cores &ndash; s&atilde;o o final do processo, expressando o estilo, a personalidade e os atributos mais adequados.</p><p>&Eacute; muito importante valorizar os aspectos emocionais do personagem, definir como e quando se expressam nele suas emo&ccedil;&otilde;es: amor, tristeza, alegria, medo ou raiva. Outro ponto fundamental a ser considerado s&atilde;o os valores dos pais, pois n&atilde;o deve haver conflito entre o que &eacute; proposto &agrave;s crian&ccedil;as e o que os pais aprovam.</p><p>A partir da&iacute;, o uso do personagem e sua express&atilde;o nas embalagens, publicidade ou promo&ccedil;&otilde;es pede os mesmos cuidados que as marcas: busca de diferencia&ccedil;&atilde;o, pertin&ecirc;ncia em seu discurso e coer&ecirc;ncia ao longo do tempo.</p><p>* Arnaldo Rabelo &eacute; consultor de Marketing Infantil e professor em cursos de gradua&ccedil;&atilde;o nas &aacute;reas de Marketing e Publicidade.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Leia tamb&eacute;m<br /></span><a href="../2006/blognews.asp?cod=1092" target="_blank">Quem s&atilde;o os futuros consumidores? <br />Crian&ccedil;as marcam presen&ccedil;a na internet</a> <br /><a href="../2006/blognews.asp?cod=1148" target="_blank">Shrek 3 chega com for&ccedil;a total &agrave;s estrat&eacute;gias de marketing</a> </p><p><span class="texto_laranja_bold">Acesse</span><br /><a href="http://www.arnaldorabelo.com.br/">www.arnaldorabelo.com.br</a></p>