O valor do dinheiro 22 de novembro de 2010

O valor do dinheiro

         

A grande questão é que a maioria das pessoas confunde valores meios com valores fins

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<p>Por Rodrigo Batalha*<br /> <br /> Aguardando meu voo no aeroporto de Congonhas, assisti uma matéria ao vivo onde o apresentador de um telejornal questiona uma psicóloga sobre a razão das pessoas estarem se apegando a objetos materiais e ao dinheiro cada vez mais. Ressalta que é uma condição inconsciente e questiona até que ponto dinheiro traz felicidade.<br /> <br /> A psicóloga responde que tal apego é devido a cultura moderna do individualismo, de uma vida cada vez mais egocêntrica, ao contrário do pensamento coletivo, familiar, e da sociedade como um todo. Em sua opinião isso provoca o aumento do materialismo existente. No final, orienta as pessoas a pensarem mais em emoções e sentimentos, em buscar felicidade, ao invés de tanto foco no dinheiro. E solta a velha frase: “dinheiro não traz felicidade”, pra fechar a reportagem.<br /> <br /> Veja que caso interessante de se analisar. Respeito todo tipo de manifestação e opinião, assim como a da psicóloga em questão, mas entendo de forma um pouco mais pontual esse emaranhado de informações transmitidas. Se fizermos passo a passo o caminho que percorre a mente humana neste processo, podemos identificar uma etapa interessante, e nos presentear com a seguinte pergunta: o que é o dinheiro?<br /> <br /> O dinheiro em primeiro lugar é inútil se visto de forma material, pois se o tivermos em nossas mãos sem poder gasta-lo, nada poderemos proporcionar. Olhando por esse parâmetro dinheiro não é gostoso, não tem bancos de couro, não traz informação, não é sexy e nem tem imagem paradisíaca. É apenas papel, e numa ilha deserta só serviria para fazer fogueira.<br /> <br /> Por outro lado o dinheiro é o que chamo de “valor meio”, que nos da a oportunidade de alcançar “valores fins” como segurança, liberdade, aventura e paixão. E quem disse que isso tudo não se traduz em felicidade? No fundo, quem quer dinheiro quer o que ele proporciona em termos emocionais. E o que é felicidade, se não um estado emocional? Mas obviamente o dinheiro não compra tudo.<br /> <br /> Por outro lado, já percebeu quantas pessoas extremamente apegadas ao dinheiro se transformaram depois que algum ente querido faleceu? Souberam afinal equilibrar sua lista de prioridades entre valores fins e valores meios. Perceberam que sem vida, dinheiro pra nada serve. <br /> <br /> Já algumas outras tem o dinheiro como um valor fim, e por isso vivem infelizes mesmo milionárias, pois o dinheiro não se transforma em emoções, muito menos proporcionam emoções a si e a outros que necessitam. E esta seria uma maneira fantástica de transformar um valor meio num valor fim altamente nobre: contribuição.<br /> Mas lamentavelmente quando o dinheiro é visto como um valor fim, as pessoas nem sabem o que fazer com ele.<br /> <br /> Em outros casos o dinheiro é apenas um valor meio pra se obter um valor fim chamado “sensação de poder”. E depois que o possuem, mal sabem usar. Curioso né? A grande questão é que a maioria das pessoas confunde valores meios com valores fins, e acabam conjecturando toda uma estrutura de ideias superficiais se esquecendo que por trás de cada valor existe um objetivo emocional, quando não o é.  No fundo o ser humano é assim, sempre voltado consciente ou subconscientemente para seu bem estar emocional. Mas o pior: não conhece seus próprios valores, e por isso sofrem.<br /> <br /> No meio corporativo é natural essa confusão de valores. As pessoas objetivam um valor e acabam fazendo opções que na prática lhe proporcionam outros valores totalmente diferentes, e com isso, sentem-se infelizes. Portanto, se no final de um projeto de vida você se der conta que anda infeliz, reveja a prioridade de seus valores e não confunda valores meios com valores fins. <br /> <br /> Um grande desafio é quando as pessoas traçam planos sem saberem o que no fundo elas intimamente prezam na vida, ou seja, quais são realmente seus valores. E depois do objetivo conquistado ficam se perguntando: acabou, era só isso? E assim a vida passa, com muitos valores meios sendo altamente blindados, enquanto valores fins continuam ignorados.<br /> <br /> * Rodrigo Batalha é Performance Coach especializado em Condicionamento Neuroassociativo pela Robbins Research International (LA). É pós-graduado em Gestão Empresarial e autor de “Medo – O Controle em Suas Mãos” – Editora Saraiva.</p>


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