<p>Por Rodrigo Batalha*<br /> <br /> Num primeiro momento pode parecer estranho falar sobre o significado de fatos, acontecimentos e pensamentos sem ao menos um exemplo pontual, mas aos poucos uma esp&eacute;cie de bomba maravilhosa acaba caindo em nosso colo ao perceber que milhares de quadros que fazem parte de nossa vida foram pintados com os pinc&eacute;is das interpreta&ccedil;&otilde;es que demos ao que vivemos. Em outras palavras, mais uma vez temos a certeza de que somos os &uacute;nicos respons&aacute;veis pelo que constru&iacute;mos ou destru&iacute;mos. Parece notoriamente claro, mas tome uma ta&ccedil;a de champagne e espere at&eacute; o final do texto.<br /> <br /> Significados s&atilde;o definidos com base nas refer&ecirc;ncias que possu&iacute;mos, e essas, se apoiando nas experi&ecirc;ncias que vivemos. &Eacute; como uma mesa e suas pernas. Tudo parece complexo, mas &eacute; muito simples: um mesmo fato ter&aacute; v&aacute;rios significados para diversas pessoas, variando do mais positivo ao extremo negativo, apenas porque elas pensam diferente. Ou seja, cada um sustenta as tampas de suas mesas (refer&ecirc;ncias) com pernas constru&iacute;das usando diferentes mat&eacute;rias primas e formas variadas (experi&ecirc;ncias), n&atilde;o &eacute; verdade?<br /> <br /> &Oacute;bvio? Pode ser, mas a&iacute; cabe uma pergunta: por que? &Eacute; simples, nossa vida &eacute; guiada pelo tecido das refer&ecirc;ncias que absorvemos desde que nascemos e associadas mentalmente a fatos experimentados. Muitas jamais foram revistas, outras foram modificadas, e muitas continuam s&oacute;lidas como rochas. E o mais incr&iacute;vel: s&atilde;o elas que guiam nossas decis&otilde;es que, por sua vez, constroem nosso destino.<br /> <br /> A grande verdade &eacute; que muitas quest&otilde;es consideradas evidentes como essa, quando nos deparamos com elas, passam a ser complexas se tentamos reconfigura-las em nosso c&eacute;rebro a fim de melhorar nossa qualidade de vida e atingir nossos objetivos. Para ser bem sincero, a dificuldade na maioria das vezes come&ccedil;a na capacidade de cada um rever suas pr&oacute;prias refer&ecirc;ncias na busca por outras melhores.<br /> <br /> Agora, voltemos &agrave;s interpreta&ccedil;&otilde;es. Se damos determinado significado a algo &eacute; porque usamos algum par&acirc;metro para tal. Mas se tivermos par&acirc;metros melhores, sem d&uacute;vida daremos um significado mais bem conceituado. Concorda? Um exemplo interessante s&atilde;o as bebidas. Se oferecermos um champagne de alta qualidade a algu&eacute;m que s&oacute; bebe cacha&ccedil;a, provavelmente a pessoa ir&aacute; ingerir e dizer que n&atilde;o tem a menor gra&ccedil;a, que &eacute; como &aacute;gua com g&aacute;s. <br /> <br /> N&atilde;o duvide se ele disser que a bebida &eacute; ruim, de p&eacute;ssima qualidade, e que &ldquo;sem a menor d&uacute;vida&rdquo; uma cachacinha &eacute; melhor. E se voc&ecirc; tentar convenc&ecirc;-lo do contr&aacute;rio, n&atilde;o conseguir&aacute;, afinal, suas refer&ecirc;ncias s&atilde;o bem diferentes da dele. O significado sobre a bebida foi consolidado com o tempo e s&oacute; mudar&aacute; &agrave; propor&ccedil;&atilde;o que um novo condicionamento se encarregar de refinar seu paladar at&eacute; que este esteja t&atilde;o afinado quanto a dos que j&aacute; possuem a mesma capacidade.<br /> &nbsp;<br /> Ao mesmo tempo, se fizermos o caminho inverso, teremos um resultado parecido em termos de insatisfa&ccedil;&atilde;o, pois o especialista em champagne poder&aacute; dizer que a cacha&ccedil;a &eacute; agressiva para suas papilas. Sendo assim, quem est&aacute; certo? Ambos!! Ora, se cada um da significado &agrave;s coisas com base em suas pr&oacute;prias experi&ecirc;ncias e refer&ecirc;ncias absorvidas, E PECULIARMENTE INTERPRETADAS durante a vida, n&atilde;o podemos dizer que algu&eacute;m est&aacute; certo ou errado. A verdade nesse caso &eacute; individual e absolutamente pessoal, por mais que se pague 2 mil d&oacute;lares por um champagne e cinco reais numa garrafa de cacha&ccedil;a.</p> <p style="text-align: center;"><em>&ldquo;A maior li&ccedil;&atilde;o da vida &eacute; a de que, &agrave;s vezes, at&eacute; os tolos tem raz&atilde;o&rdquo; (Winston Churchil)</em></p> <p>O fant&aacute;stico disso tudo &eacute; que se voc&ecirc; acha que champagne &eacute; bem melhor, mais refinado, delicado e saboroso, entenda que para muitos que possuem refer&ecirc;ncias extremamente superiores sobre champagne, voc&ecirc; n&atilde;o passa de um grande bebedor de cacha&ccedil;a. E sabe o que &eacute; mais engra&ccedil;ado? Voc&ecirc; ter&aacute; plena convic&ccedil;&atilde;o que o tolo &eacute; ele, e n&atilde;o voc&ecirc;.</p> <p style="text-align: center;"><em>&ldquo;Quanto mais me elevo, menor me torno aos olhos dos que n&atilde;o sabem voar&rdquo; (F.Nietzsche)</em></p> <p>De um jeito ou de outro, &eacute; importante salientar a necessidade de ampliarmos nosso tecido de refer&ecirc;ncias e evoluir na forma de interpretar fatos que vivemos. S&oacute; isso nos far&aacute; dar melhores significados e optar por caminhos mais efetivos em nossas vidas. Sa&uacute;de, Feliz 2011!<br /> <br /> * Rodrigo Batalha &eacute; Performance Coach e Escritor, Especialista em Condicionamento Neuroassociativo pela Robbins Research International (LA) e p&oacute;s graduado em Gest&atilde;o Empresarial.</p>
O significado das interpretações
2 de fevereiro de 2011