<p><strong>O gigante desperta!</strong></p><p>Por Carlos Ferreirinha*</p><p>Todos os anos realizamos uma pesquisa de mercados internacionais. J&aacute; fomos na Argentina, Chile, Indon&eacute;sia, EUA, Tail&acirc;ndia, China e alguns outros pa&iacute;ses. Este ano decidimos descobrir dois outros novos mercados do neg&oacute;cio do Luxo: Dubai e R&uacute;ssia. Sobre Dubai, j&aacute; falamos semana passada e voc&ecirc; pode ler depois que chegar ao final neste texto. Agora, &eacute; a hora de falar da descoberta da R&uacute;ssia. Um colosso de propor&ccedil;&otilde;es incr&iacute;veis. Ber&ccedil;o do socialismo, comunismo e marxismo, 140 milh&otilde;es de habitantes muito concentrados em duas cidades &ndash; a moderna e cosmopolita Moscou e o centro cultural e do turismo, S&atilde;o Petersburgo, levando o metr&ocirc; de Moscou (muitas delas incr&iacute;veis museus urbanos) a ser o mais movimentado do mundo com nove milh&otilde;es de pessoas circulam diariamente. </p><p>A R&uacute;ssia &eacute; um pa&iacute;s que lembra em muito o Brasil. Gigante, dif&iacute;cil de ser governado, muitas diferen&ccedil;as sociais, mundos distintos dentro do mesmo espa&ccedil;o e em transforma&ccedil;&atilde;o. A R&uacute;ssia, entretanto, tem tido algo que &eacute; o grande alento econ&ocirc;mico, em especial no nosso caso, vital para o aquecimento de consumo do Luxo, a classe m&eacute;dia. &Eacute; impressionante ver como esta classe social da R&uacute;ssia despertou para o consumo. &Aacute;vida, impulsiva, desejando o novo. O dinheiro novo feito nestes poucos anos da nova revolu&ccedil;&atilde;o Russa, n&atilde;o mais do que 15 anos, est&aacute; em todos os lugares consumindo. </p><p>Todos n&oacute;s de alguma forma conhecemos a R&uacute;ssia. Lenin, Stalin e Marx sempre ocuparam nosso conhecimento s&oacute;cio-pol&iacute;tico. Filmes como Doutor Jivago e Girass&oacute;is da R&uacute;ssia nos encantaram. Os livros Guerra e Paz e Ana Karenina, nos fascinaram. Os escritores Tchekhov e o ilustre Punchkin nos levaram ao campo sublime da literatura. Dan&ccedil;amos ao lado de Nureyev e Baryhnikov em obras cl&aacute;ssicas como O Lago dos Cisnes (dizem os Russos que nunca houve um Cisne neste lago, portanto, deveria ser O Lago dos Patos) e Pedro e o Lobo. Nos impressionamos com os mestres do xadrex Karpov e Karparov, este &uacute;ltimo um dos grandes opositores atuais do governo Putin. A obra prima concerto n. 2 de Rachmaninoff at&eacute; hoje &eacute; emblem&aacute;tica e a escola de Bolshoi, presente no Brasil na cidade de Joinvile. Conhec&iacute;amos tamb&eacute;m a R&uacute;ssia pelo carro Lada &ndash; &iacute;cone da abertura de mercado brasileiro pelo governo Collor &ndash; detalhe: at&eacute; hoje produzido no pa&iacute;s de origem. </p><p>Dostoiewvski nos ensinou a entender os problemas do ser humano, muito antes, segundo o professor brasileiro Paulo Bezerra, de Freud. Este mesmo autor previu em suas obras a for&ccedil;a do capitalismo e do dinheiro que segundo ele exercem singular papel de atra&ccedil;&atilde;o na personalidade. Fica aqui, portanto, minha d&uacute;vida. Teria Dostoiewvski previsto que a R&uacute;ssia, respons&aacute;vel pela derrota da Fran&ccedil;a no s&eacute;culo XIX, a R&uacute;ssia que j&aacute; teve Moscou proclamada a terceira Roma no s&eacute;culo XV; R&uacute;ssia de Ivan IV &ldquo;o terr&iacute;vel&rdquo;, da Igreja Ortodoxa, dos Czres, de Pedro I &ldquo;o Grande&rdquo;, da U.R.R.S, da Vodka e de Catarina II, que transformou o pa&iacute;s em uma das mais fortes pot&ecirc;ncias mundiais, se tornaria um mercado disputado e atrativo para &iacute;cones do consumo capitalista como McDonald&rsquo;s, presente em todas as esquinas ou das c&eacute;lebres marcas de Luxo como Tiffany, Gucci, Tod&rsquo;s, Boucheron, Cartier, Louis Vuitton, Dior, Ferrari e Porshe? </p><p>O Luxo cresce &agrave; um ritmo impressionante na R&uacute;ssia at&eacute; para os especialistas mais conservadores. Department stores como GUM, Petrovsky Passazh e a TSUM, fascinam. J&aacute; &eacute; poss&iacute;vel encontrar as poderosas marcas de Luxo de todas as &aacute;reas em diversas opera&ccedil;&otilde;es na R&uacute;ssia, seja diretamente com opera&ccedil;&otilde;es de varejo monomarcas, atrav&eacute;s de parcerias e investidores locais, seja nas diversas multimarcas espalhadas principalmente por S&atilde;o Petersburgo. Vestu&aacute;rio, cafeterias, spas, centros de est&eacute;tica, carros, trens como GrandExpress (este j&aacute; bem mais estilo europeu) e hot&eacute;is como o franc&ecirc;s Ritz Carlton, que j&aacute; cintila ao lado do onipresente Kremlin, j&aacute; marcaram presen&ccedil;a. Espa&ccedil;os simb&oacute;licos da cultura sovi&eacute;tica como a Tretyahov Passage, presente nos contos de Tchekhov, hoje s&atilde;o habitados por marca &iacute;cones do consumo mundial do Luxo. </p><p>A R&uacute;ssia da KGB &eacute; um novo pa&iacute;s. A juventude sorri diferente. Atualmente, fazem de tudo para se sentirem parte do mundo. Os resqu&iacute;cios do poder sovi&eacute;tico ainda est&aacute; presente (ainda bem!) nos inacredit&aacute;veis museus como o Arsenal, com a fant&aacute;stica ala dos Ovos Faberg&eacute; e a ala de carro&ccedil;as que eram as Ferraris em s&eacute;culos passados; tem ainda o surpreendente Hermitage com tr&ecirc;s milh&otilde;es de pe&ccedil;as no acervo. Sempre existiu Luxo na R&uacute;ssia. Entender este Luxo que sempre existiu &eacute; fundamental para o aprendizado de gest&atilde;o atual. Visitar a Igreja do Salvador Sobre o Sangue Derramado em S&atilde;o Petersburgo &eacute; ter a oportunidade de participar de um MBA em Gest&atilde;o dos Detalhes. Perceber a restaura&ccedil;&atilde;o em apenas dois anos da Catedral do Cristo Salvador em Moscou, que demorou 15 anos para ser finalizada, &eacute; decifrar a obsess&atilde;o por precis&atilde;o, tradi&ccedil;&atilde;o, origem e hist&oacute;ria.</p><p>Poucos falam ingl&ecirc;s. Pouco de ingl&ecirc;s ou qualquer outra l&iacute;ngua latina est&aacute; escrito nas cidades, o que leva a aventura de tentar ler cir&iacute;lico ser insana. Muitos ainda s&atilde;o hostis. Gorbachov, para a maior parte deles, n&atilde;o &eacute; este her&oacute;i como acreditamos que seja. Mas, para um Pa&iacute;s que desenha um novo presente e um novo futuro nos &uacute;ltimos 15 anos somente, gera um sentimento de porque n&atilde;o tamb&eacute;m assim no Brasil? Ou ser&aacute; que estamos tamb&eacute;m nesta revolu&ccedil;&atilde;o e n&atilde;o percebemos a intensidade?</p><p>O neg&oacute;cio do Luxo se preocupa constantemente com a inova&ccedil;&atilde;o. A R&uacute;ssia tem inovado e muito! Agora, o que diria Lenin, Stalin e Marx desta moderna R&uacute;ssia, que este m&ecirc;s at&eacute; hospedou a Confer&ecirc;ncia anual do Neg&oacute;cio do Luxo organizada pelo IHT-International Herald Tribune?</p><p>* Carlos Ferreirinha &eacute; Diretor Presidente da MCF Consultoria &amp; Conhecimento especializada no Neg&oacute;cio do Luxo e Premium.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Acesse</span><br /><a href="http://www.mcfconsultoria.com.br" target="_blank">www.mcfconsultoria.com.br</a></p>
O gigante desperta!
20 de dezembro de 2007