O gigante desperta! 20 de dezembro de 2007

O gigante desperta!

         

O gigante desperta!

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<p><strong>O gigante desperta!</strong></p><p>Por Carlos Ferreirinha*</p><p>Todos os anos realizamos uma pesquisa de mercados internacionais. Já fomos na Argentina, Chile, Indonésia, EUA, Tailândia, China e alguns outros países. Este ano decidimos descobrir dois outros novos mercados do negócio do Luxo: Dubai e Rússia. Sobre Dubai, já falamos semana passada e você pode ler depois que chegar ao final neste texto. Agora, é a hora de falar da descoberta da Rússia. Um colosso de proporções incríveis. Berço do socialismo, comunismo e marxismo, 140 milhões de habitantes muito concentrados em duas cidades – a moderna e cosmopolita Moscou e o centro cultural e do turismo, São Petersburgo, levando o metrô de Moscou (muitas delas incríveis museus urbanos) a ser o mais movimentado do mundo com nove milhões de pessoas circulam diariamente. </p><p>A Rússia é um país que lembra em muito o Brasil. Gigante, difícil de ser governado, muitas diferenças sociais, mundos distintos dentro do mesmo espaço e em transformação. A Rússia, entretanto, tem tido algo que é o grande alento econômico, em especial no nosso caso, vital para o aquecimento de consumo do Luxo, a classe média. É impressionante ver como esta classe social da Rússia despertou para o consumo. Ávida, impulsiva, desejando o novo. O dinheiro novo feito nestes poucos anos da nova revolução Russa, não mais do que 15 anos, está em todos os lugares consumindo. </p><p>Todos nós de alguma forma conhecemos a Rússia. Lenin, Stalin e Marx sempre ocuparam nosso conhecimento sócio-político. Filmes como Doutor Jivago e Girassóis da Rússia nos encantaram. Os livros Guerra e Paz e Ana Karenina, nos fascinaram. Os escritores Tchekhov e o ilustre Punchkin nos levaram ao campo sublime da literatura. Dançamos ao lado de Nureyev e Baryhnikov em obras clássicas como O Lago dos Cisnes (dizem os Russos que nunca houve um Cisne neste lago, portanto, deveria ser O Lago dos Patos) e Pedro e o Lobo. Nos impressionamos com os mestres do xadrex Karpov e Karparov, este último um dos grandes opositores atuais do governo Putin. A obra prima concerto n. 2 de Rachmaninoff até hoje é emblemática e a escola de Bolshoi, presente no Brasil na cidade de Joinvile. Conhecíamos também a Rússia pelo carro Lada – ícone da abertura de mercado brasileiro pelo governo Collor – detalhe: até hoje produzido no país de origem. </p><p>Dostoiewvski nos ensinou a entender os problemas do ser humano, muito antes, segundo o professor brasileiro Paulo Bezerra, de Freud. Este mesmo autor previu em suas obras a força do capitalismo e do dinheiro que segundo ele exercem singular papel de atração na personalidade. Fica aqui, portanto, minha dúvida. Teria Dostoiewvski previsto que a Rússia, responsável pela derrota da França no século XIX, a Rússia que já teve Moscou proclamada a terceira Roma no século XV; Rússia de Ivan IV “o terrível”, da Igreja Ortodoxa, dos Czres, de Pedro I “o Grande”, da U.R.R.S, da Vodka e de Catarina II, que transformou o país em uma das mais fortes potências mundiais, se tornaria um mercado disputado e atrativo para ícones do consumo capitalista como McDonald’s, presente em todas as esquinas ou das célebres marcas de Luxo como Tiffany, Gucci, Tod’s, Boucheron, Cartier, Louis Vuitton, Dior, Ferrari e Porshe? </p><p>O Luxo cresce à um ritmo impressionante na Rússia até para os especialistas mais conservadores. Department stores como GUM, Petrovsky Passazh e a TSUM, fascinam. Já é possível encontrar as poderosas marcas de Luxo de todas as áreas em diversas operações na Rússia, seja diretamente com operações de varejo monomarcas, através de parcerias e investidores locais, seja nas diversas multimarcas espalhadas principalmente por São Petersburgo. Vestuário, cafeterias, spas, centros de estética, carros, trens como GrandExpress (este já bem mais estilo europeu) e hotéis como o francês Ritz Carlton, que já cintila ao lado do onipresente Kremlin, já marcaram presença. Espaços simbólicos da cultura soviética como a Tretyahov Passage, presente nos contos de Tchekhov, hoje são habitados por marca ícones do consumo mundial do Luxo. </p><p>A Rússia da KGB é um novo país. A juventude sorri diferente. Atualmente, fazem de tudo para se sentirem parte do mundo. Os resquícios do poder soviético ainda está presente (ainda bem!) nos inacreditáveis museus como o Arsenal, com a fantástica ala dos Ovos Fabergé e a ala de carroças que eram as Ferraris em séculos passados; tem ainda o surpreendente Hermitage com três milhões de peças no acervo. Sempre existiu Luxo na Rússia. Entender este Luxo que sempre existiu é fundamental para o aprendizado de gestão atual. Visitar a Igreja do Salvador Sobre o Sangue Derramado em São Petersburgo é ter a oportunidade de participar de um MBA em Gestão dos Detalhes. Perceber a restauração em apenas dois anos da Catedral do Cristo Salvador em Moscou, que demorou 15 anos para ser finalizada, é decifrar a obsessão por precisão, tradição, origem e história.</p><p>Poucos falam inglês. Pouco de inglês ou qualquer outra língua latina está escrito nas cidades, o que leva a aventura de tentar ler cirílico ser insana. Muitos ainda são hostis. Gorbachov, para a maior parte deles, não é este herói como acreditamos que seja. Mas, para um País que desenha um novo presente e um novo futuro nos últimos 15 anos somente, gera um sentimento de porque não também assim no Brasil? Ou será que estamos também nesta revolução e não percebemos a intensidade?</p><p>O negócio do Luxo se preocupa constantemente com a inovação. A Rússia tem inovado e muito! Agora, o que diria Lenin, Stalin e Marx desta moderna Rússia, que este mês até hospedou a Conferência anual do Negócio do Luxo organizada pelo IHT-International Herald Tribune?</p><p>* Carlos Ferreirinha é Diretor Presidente da MCF Consultoria & Conhecimento especializada no Negócio do Luxo e Premium.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Acesse</span><br /><a href="http://www.mcfconsultoria.com.br" target="_blank">www.mcfconsultoria.com.br</a></p>


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