<p><strong>O Consumidor do VER: A Evolu&ccedil;&atilde;o Virtual do TER</strong></p><p>*Edu Oliva</p><p>Por um longo tempo nesse s&eacute;culo que passou, o assunto Ser e Ter fez a pauta da reflex&atilde;o cr&iacute;tica e o mais interessante &eacute; que n&atilde;o se imaginava qual seria a palavra-consenso que resultaria dessa reflex&atilde;o. Uns imaginavam que a Sociedade P&oacute;s-moderna privilegiasse o Ser depois de uma &eacute;poca marcada pela estrutura capitalista do Ter, outros imaginavam que o Ter continuaria na pauta mesmo esvaziado de subst&acirc;ncia mas como novo falso paradigma de um s&eacute;culo que se aproximava.</p><p>Mas o que ningu&eacute;m, esperava era que o Ver estava a correr por fora da pista, o Ver que, paradoxalmente vem para alimentar os indiv&iacute;duos. O que um esp&iacute;rito esportivo pode desejar: Uma Ferrari, o que um mero mortal pode almejar, um chaveiro ou camiseta dessa marca, mas que um belo poster produzido por uma c&acirc;mera digital de n p&iacute;xels e confeccionado em Grande formato por uma Big Plotter tamb&eacute;m pode proporcionar a qualquer um de n&oacute;s: desejo, prazer…s&oacute; de ver o autom&oacute;vel.</p><p>Uma celebridade em a&ccedil;&atilde;o com seu namorado em uma praia da Andaluzia faz com que ind&iacute;v&iacute;duos no mundo inteiro discutam a respeito, baixem filmes na Internet, fotografias, critiquem seu modus-operandi entre julgamentos &eacute;ticos e po&eacute;ticos atrav&eacute;s de imagens publicadas.</p><p>O Programa Big Brother desperta sensa&ccedil;&otilde;es nunca antes imaginadas. Pessoas que, al&eacute;m de se tornarem voyeurs compulsivos ligam para o Programa no intuito de escolher aquele interno que ele mais se identifica. Al&eacute;m de Ver voc&ecirc; ainda interage. H&aacute; uma frui&ccedil;&atilde;o doentia entre o Interno, a Emissora de Televis&atilde;o e o Espectador.</p><p>Turistas s&atilde;o fascinados pelo Ver, mas n&atilde;o pelo Ver, Sentir, Perceber e sim pelo mero registro documental de uma viagem. Seguran&ccedil;as quando pedem para um visitante desligar uma c&acirc;mera fotogr&aacute;fica ou filmadora diante de uma obra de arte num museu s&atilde;o obrigados a ver o visitante guardar os aparelhos e ir embora deixando a obra entre outras para tr&aacute;s, pois o que importa &eacute; o registro e n&atilde;o a intera&ccedil;&atilde;o dele com a obra.</p><p>Ver agora &eacute; muito mais que perceber pela vis&atilde;o, que enxergar, Ver nem mais carrega aquela inten&ccedil;&atilde;o contemplativa, nem a de avistar, de divisar, testemunhar, assistir, ter conhecimento ou experi&ecirc;ncia de algo, Ver agora &eacute; apropria&ccedil;&atilde;o. </p><p>Imaginem (que etimologicamente prov&eacute;m de imagem) os consumidores desse novo s&eacute;culo….</p><p>Vai vendo…</p><p>* Edu Oliva &eacute; consultor e professor de Marketing da ADVB – Associa&ccedil;&atilde;o dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil -, da FIESP – Federa&ccedil;&atilde;o das Ind&uacute;strias do Estado de S&atilde;o Paulo – e da FBM – Funda&ccedil;&atilde;o Brasileira de Marketing. Entre seus clientes destacam-se Siemens, Nestl&eacute;, Natura, entre outros.</p>
O Consumidor do VER: A Evolução Virtual do TER
18 de outubro de 2006