<p>Por Paulo Ferreira*<br /> <br /> Tenho pena dos marketeiros respons&aacute;veis pela campanha do Serra &agrave; presid&ecirc;ncia. Simplesmente porque ningu&eacute;m merece um candidato que faz sua pr&oacute;pria anti-campanha de forma mais efetiva do que faz sua campanha. E nesse coment&aacute;rio estou me referindo apenas ao Serra candidato, n&atilde;o estou argumentando nada relacionado ao administrador ou ao homem p&uacute;blico. Mas o Serra candidato &eacute; um pesadelo, uma trag&eacute;dia do marketing.<br /> <br /> Isso me chamou muito a aten&ccedil;&atilde;oquando pude v&ecirc;-lo em a&ccedil;&atilde;o, durante a Bienal do Livro de S&atilde;o Paulo: primeiro, se recusou a dar entrevista para a equipe que cobria o evento para os organizadores &ndash; ou seja, entrevista sem o menor risco, nenhuma pergunta espinhosa, apenas a chance de falar &agrave; vontade sobre um evento que trata de livro e educa&ccedil;&atilde;o. <br /> <br /> Em seguida, durante seu passeio pelo evento, acompanhado de um grande grupo de jornalistas das maiores redes de TV do pa&iacute;s, foi antip&aacute;tico com as equipes de TV, mal falou com os visitantes do evento, evitou os caminhos que seus pr&oacute;prios assessores e seguran&ccedil;as sugeriram que ele fizesse, em movimentos que pareciam tentativas de dificultar o posicionamento das equipes de TV.</p> <p>E quando finalmente parou para a coletiva, foi seco e pouco simp&aacute;tico com todos os jornalistas de todas as redes e aqui,&nbsp; pelo menos n&atilde;o se pode dizer que favore&ccedil;a qualquer uma delas. Para se dar uma ideia da pouca simpatia, a uma pergunta que nada tinha de inc&ocirc;moda nem de saia justa, feita pelo rep&oacute;rter de uma das maiores emissoras de TV do pa&iacute;s, Serra simplesmente respondeu: – N&atilde;o! Assim mesmo, enfaticamente, secamente, com tom de cortar a conversa.<br /> <br /> E eu fiquei me perguntando &ndash; mas porque &eacute; que um candidato sai de casa para fazer sua anti-divulga&ccedil;&atilde;o? Se n&atilde;o quer dar entrevista, n&atilde;o quer falar com a imprensa, por que vai a um lugar p&uacute;blico em visita anunciada?<br /> <br /> Bem, outro dia vi mais uma not&iacute;cia que realmente me fez concluir que, a esta altura dos acontecimentos, a melhor coisa que o Serra poderia fazer para sua campanha eleitoral seria ficar em casa. A cada contato com a imprensa, Serra cria uma maneira de transformar oportunidade em problema para a sua imagem. Desta vez, quis abandonar a entrevista que estava concedendo &agrave; M&aacute;rcia Peltier com a frase &ndash;&ldquo;Faz de conta que eu n&atilde;o vim!&rdquo;<br /> <br /> Tudo porque ela lhe perguntou sobre a quebra do sigilo e sobre os resultados das &uacute;ltimas pesquisas eleitorais. Reproduzo aqui o coment&aacute;rio que a M&aacute;rcia fez ao Serra: – Mas pense bem, candidato&hellip; Pois &eacute;: pense bem, candidato: tem como n&atilde;o perguntar sobre isso? Tem como n&atilde;o perguntar sobre o resultado da &uacute;ltima pesquisa ao candidato &agrave; presid&ecirc;ncia?<br /> <br /> Enfim, a melhor coisa que o anti-candidato poderia fazer pela sua campanha seria, curiosamente, ficar longe dos holofotes.Com tanta dificuldade para subir nas pesquisas, talvez o Serra administrador e pol&iacute;tico pudesse se beneficiar se tirasse de cena seu maior advers&aacute;rio politico: Serra, o anti-candidato.<br /> <br /> * Paulo Ferreira &eacute; Diretor de Cria&ccedil;&atilde;o da Subway Link. Publicit&aacute;rio, escritor, roteirista, m&uacute;sico e compositor, fundador da consultoria Wasaby Innovation; &eacute; colaborador da HSM; Mundo do Marketing e Trendwatching; editor-contribuinte do All Music Guide.</p>
O anti-candidato em campanha
21 de setembro de 2010