O anti-candidato em campanha 21 de setembro de 2010

O anti-candidato em campanha

         

O Serra candidato é um pesadelo, uma tragédia do marketing

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<p>Por Paulo Ferreira*<br /> <br /> Tenho pena dos marketeiros responsáveis pela campanha do Serra à presidência. Simplesmente porque ninguém merece um candidato que faz sua própria anti-campanha de forma mais efetiva do que faz sua campanha. E nesse comentário estou me referindo apenas ao Serra candidato, não estou argumentando nada relacionado ao administrador ou ao homem público. Mas o Serra candidato é um pesadelo, uma tragédia do marketing.<br /> <br /> Isso me chamou muito a atençãoquando pude vê-lo em ação, durante a Bienal do Livro de São Paulo: primeiro, se recusou a dar entrevista para a equipe que cobria o evento para os organizadores – ou seja, entrevista sem o menor risco, nenhuma pergunta espinhosa, apenas a chance de falar à vontade sobre um evento que trata de livro e educação. <br /> <br /> Em seguida, durante seu passeio pelo evento, acompanhado de um grande grupo de jornalistas das maiores redes de TV do país, foi antipático com as equipes de TV, mal falou com os visitantes do evento, evitou os caminhos que seus próprios assessores e seguranças sugeriram que ele fizesse, em movimentos que pareciam tentativas de dificultar o posicionamento das equipes de TV.</p> <p>E quando finalmente parou para a coletiva, foi seco e pouco simpático com todos os jornalistas de todas as redes e aqui,  pelo menos não se pode dizer que favoreça qualquer uma delas. Para se dar uma ideia da pouca simpatia, a uma pergunta que nada tinha de incômoda nem de saia justa, feita pelo repórter de uma das maiores emissoras de TV do país, Serra simplesmente respondeu: – Não! Assim mesmo, enfaticamente, secamente, com tom de cortar a conversa.<br /> <br /> E eu fiquei me perguntando – mas porque é que um candidato sai de casa para fazer sua anti-divulgação? Se não quer dar entrevista, não quer falar com a imprensa, por que vai a um lugar público em visita anunciada?<br /> <br /> Bem, outro dia vi mais uma notícia que realmente me fez concluir que, a esta altura dos acontecimentos, a melhor coisa que o Serra poderia fazer para sua campanha eleitoral seria ficar em casa. A cada contato com a imprensa, Serra cria uma maneira de transformar oportunidade em problema para a sua imagem. Desta vez, quis abandonar a entrevista que estava concedendo à Márcia Peltier com a frase –“Faz de conta que eu não vim!”<br /> <br /> Tudo porque ela lhe perguntou sobre a quebra do sigilo e sobre os resultados das últimas pesquisas eleitorais. Reproduzo aqui o comentário que a Márcia fez ao Serra: – Mas pense bem, candidato… Pois é: pense bem, candidato: tem como não perguntar sobre isso? Tem como não perguntar sobre o resultado da última pesquisa ao candidato à presidência?<br /> <br /> Enfim, a melhor coisa que o anti-candidato poderia fazer pela sua campanha seria, curiosamente, ficar longe dos holofotes.Com tanta dificuldade para subir nas pesquisas, talvez o Serra administrador e político pudesse se beneficiar se tirasse de cena seu maior adversário politico: Serra, o anti-candidato.<br /> <br /> * Paulo Ferreira é Diretor de Criação da Subway Link. Publicitário, escritor, roteirista, músico e compositor, fundador da consultoria Wasaby Innovation; é colaborador da HSM; Mundo do Marketing e Trendwatching; editor-contribuinte do All Music Guide.</p>


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