NRF 2018 Retail’s Big Show: transparência está na moda? 16 de janeiro de 2018

NRF 2018 Retail’s Big Show: transparência está na moda?

         

Conceito de uma marca a qual consumidores podem recorrer para obter informações e produtos confiáveis se torna mais forte este ano. Cases americanos reforçam tendência

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Mais uma vez o ano passou tão rápido que novamente estamos nós em Nova Iorque para a 107ª edição da NRF Retail’s Big Show, maior evento anual de varejo do mundo que nos faz refletir sobre o que já foi e o que será todo o segmento de varejo, consumo e Marketing. Ontem teve início no Jacob K. Javits Convention Center a programação que reúne cerca de 35 mil pessoas, mais de 18 mil varejistas e 600 expositores de 95 países diferentes. E, como sempre, os brasileiros estão em peso por aqui: historicamente somos o terceiro país com mais representantes (sendo a segunda maior delegação estrangeira, atrás do Canadá) e esse ano não deve ser diferente.

Um dos grandes destaques que chamou bastante nossa atenção foi a questão da transparência no centro dos holofotes. Durante a edição de 2017 assistimos esse conceito se tornar mais objetivo. No ano passado, ficamos surpresos com a empresa criada por Jessica Alba, a The Honest Company, que nasceu porque seus fundadores visionários sentiam a necessidade de uma marca a qual poderiam recorrer para obter informações e produtos confiáveis. E, como não encontraram o que estavam procurando e também perceberam que eles não eram os únicos que pensavam assim, a ideia da Honest nasceu: uma marca de bem-estar com valores estabelecidos na consciência, na comunidade e na transparência.

E, para surpresa de todos, na abertura da edição de 2018 da NRF, já na segunda conferência do dia sobre a transformação da experiência do consumidor, vimos essa ideia voltar novamente, mas com muito mais força, indo um passo adiante. É o caso da Beauty Pie, fundada por Marcia Kilgore, uma empresária de sucesso que já realizou vários projetos anteriores a esse. O e-commerce chega com uma proposta provocativa, em que a promessa é entregar produtos de luxo aos consumidores a preços de fábrica.

A fundadora explica que o custo de produção de um cosmético é de 10% do seu preço de varejo e sua inquietação foi pensar que isso não é justo com os consumidores. Por isso, sua plataforma funciona sem intermediários e sem canais de distribuição ou varejistas: os produtos vão da planta direto para a casa do cliente. Isso, em alguns casos, gera até 85% de economia em relação ao valor praticado nas lojas. Esse modelo disruptivo é chamado por Marcia de “a Netflix dos cosméticos”. Ou seja, a empresa não fabrica produtos. Ela compra diretamente dos laboratórios, cortando completamente a cadeia de suprimentos.

Além disso, sua comunicação de Marketing é tão ousada quanto sua proposta de valor. Os anúncios de rua anunciam "batom de luxo por menos do que você paga pelo seu café". Isso porque, as pessoas podem entrar no ecommerce e comprar direto tudo que desejar. Porém, seu negócio principal é oferecer ao consumidor uma assinatura que custa apenas US$10 por mês que dá direito a descontos de até 85% nos itens. Por exemplo, um batom que custaria normalmente US$25 sairá por US$3,57 para os assinantes. E, de forma agregada, eles têm acesso aos custos dos produtos para comprar com total transparência e visualizar as economias geradas em relação aos canais tradicionais do varejo.

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Esta é a fórmula da Beauty Pie: Antes da sua existência, a empresa era obrigada a lidar com muitas fases até que seu produto chegasse às mãos do consumidor. Sem este processo, o markup vai de 85% a 0%. É desta economia que vem o desconto benéfico a ela e ao consumidor.

Essa criação ousada nos deixa perguntando o que aconteceria se em todas as indústrias o custo real da produção fosse revelado, assim como as margens dos intermediários. E também, como seria se empresas como a Beauty Pie se dedicassem a vender a produção dos fabricantes?

Ainda não podemos saber essa resposta, mas a tendência nos mostra que cada vez mais fortemente a transparência está na moda.


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