Nova fase da Montblanc e da Vuitton no Brasil 31 de outubro de 2012

Nova fase da Montblanc e da Vuitton no Brasil

         

Vuitton e Montblanc não são mais a única referência. É preciso reforçar a imagem, a marca. É preciso estar presente no processo de decisão do consumidor

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Os últimos dias de outubro de 2012 foram bem movimentados para o mercado de Luxo no país, com a Montblanc assumindo operação direta dos negócios no Brasil e a francesa Louis Vuitton abrindo sua primeira Global Store – loja em que se encontram toda a linha de produtos da empresa, das bolsas com monogramas até vestuário, passando por relógios, sapatos e joias.

Ambas as grifes foram pioneiras em chegar ao Brasil iniciando suas operações muito antes de se quer pensarmos em shoppings de luxo como JK Iguatemi e Cidade Jardim e, ironicamente, é justamente a chegada de novas grifes com esses dois shoppings um dos motivos que levaram essas duas grifes a expandir suas operações no país.

Por muito tempo o mercado brasileiro de luxo era bem restrito em número de compradores potenciais e mesmo aqueles que conquistavam o poder aquisitivo para realizar apenas uma ou duas transações como essa por ano não tinham opção. Ou era comprar uma bolsa da Louis Vuitton ou uma das grifes nacionais.

Hoje não faltam opções (e, concorrentes) para todos: Goyard, Lanvin, Prada, Miu Miu, Valentino, Canali, IWC, Officine Panerai, Van Cleef & Arpels, Jaeger-LeCoultre, TUMI – todas já com operação local e outras como Tod’s, Saint Laurent, Balenciaga, FENDI, Tag Heuer e Balmain também tem planos para o Brasil.

Além disso, o brasileiro viaja muito mais para o exterior. Ele começar a conhecer todas as opções de grifes. Vuitton e Montblanc não são mais a única referência. É preciso reforçar a imagem, a marca. É preciso estar presente no processo de decisão do consumidor.

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Claro que todas essas grifes que chegam ao país querem vender por aqui e tornarem suas operações lucrativas, contudo, acredito que um outro grande objetivo com a abertura de lojas por aqui é branding, ou seja, mesmo que os brasileiros que não comprem aqui por conta dos preços lembrem da marca quando estiverem no exterior.

Então, ao invés de ir direto comprar uma caneta na Montblanc da Avenida Champs-Élysées em Paris e depois atravessar para o outro lado e ficar na fila da LV, o turista brasileiro começa a perceber que nos arredores existem outras grifes que agora podem comprar e quando voltarem ao Brasil todos saberão do que se trata e isso justifica a compra.

A Montblanc tem um desafio bem interessante pela frente – o de reforçar sua marca não somente como sinônimo de canetas, mas também como de acessórios de couro tanto masculino e feminino, bem como no de joias e relógios. A tomada da operação brasileira é fundamental para isso, afinal quantas pessoas se lembram de Montblanc quando se fala de carteiras, bolsas, braceletes e relógios? Lembro de uma pesquisa da consultoria GFk de 2010 que apontava a Tiffany & Co como uma das marcas preferidas dos brasileiros e nenhuma menção à grife alemã.

Não que a Tiffany&Co não tenha o mesmo problema, porque ela também tem sua linha em couro e não é lembrada por isso, mas a Montblanc tem a vantagem de ter a linha de produtos completa no Brasil. Acredito que a próxima fronteira a ser vencida é a presença online das grifes no país. A maioria delas, incluindo Louis Vuitton e Montblanc tem um e-commerce em operação nos EUA, Europa e Ásia, mas no Brasil somente a Rimowa se utiliza desse canal de venda. A inglesa Burberry que até pouco tempo atrás vendia através do seu site com preços em reais e todos os impostos já incluídos resolveu parar a operação tendo o enorme desafio de enfrentar a burocracia de importação brasileira.

Ao mesmo tempo que Global Store e Flagship Stores são um convite à um passeio pelo mundo das grifes, elas são imponentes e até amedrontadoras para as pessoas que até pouco tempo atrás não tinham como comprar uma bolsa com o monograma ou uma caneta com a estrela na ponta e, a internet, com sua liberdade e democracia é a porta de entrada para a maioria.

De acordo com um estudo sobre o comportamento do e-consumidor brasileiro realizada pela Hi-Mídia e M.Sense, a internet é a grande influenciadora da decisão de compra. Setenta e sete por cento dos entrevistados afirmaram que buscam informações sobre os produtos em sites de busca, redes sociais, blogs ou sites institucionais das empresas.

O mercado latino-americano, incluindo o Brasil, é uma das regiões com o maior crescimento do Mercado de Luxo no mundo e esse crescimento vem de onde? Sim dos novos milionários e isso traz uma grande oportunidade, mas as grifes tem o desafio de entender esse cliente e principalmente atende-lo em suas lojas porque eles podem ter (muito) dinheiro mas ninguém gosta de ser mal-tratado por uma força de venda despreparada e esnobe, principalmente quem tem dinheiro.


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