<p>Por Fernando Adas*</p> <p>Sim… sim… sim… Dezembro chegou e voc&ecirc; vai ter que decidir pelas compras das in&uacute;meras lembrancinhas, a visita ao shopping para ver a neve, as confraterniza&ccedil;&otilde;es e resgates pessoais e profissionais. N&atilde;o… n&atilde;o… n&atilde;o… Voc&ecirc; n&atilde;o vai querer enfrentar filas no estacionamento, nas lojas e nos caixas. Est&aacute; finalizando seus projetos de 2009 e j&aacute; entra no esp&iacute;rito de paz e harmonia junto &agrave; fam&iacute;lia. Como exercer o seu direito (e &agrave;s vezes o dever) &agrave;s compras, com alguma dignidade, efici&ecirc;ncia e prazer, nessa &eacute;poca do ano? Sair &agrave;s lojas ou entrar na internet?</p> <p>Tradicionalmente, lojas reais e virtuais segmentam vendas e consumidores. Enquanto as primeiras focam esfor&ccedil;os em atendimento e visual merchandising, o e-commerce agrega conveni&ecirc;ncia e pre&ccedil;o. Com a populariza&ccedil;&atilde;o da internet, o varejo de bens dur&aacute;veis acirrou a disputa nas vendas e promoveu a capilariza&ccedil;&atilde;o das filiais, fator decisivo ao aumento da competitividade e redu&ccedil;&atilde;o de custos operacionais.</p> <p>Entretanto, o segmento &ldquo;mole&rdquo; (de roupas, acess&oacute;rios e cama-mesa-banho) pouco se motivou a considerar a internet como um canal de distribui&ccedil;&atilde;o eficaz e rent&aacute;vel. Problemas de padronagem nas confec&ccedil;&otilde;es, apelos emocionais na decis&atilde;o de compras e elevado &iacute;ndice de trocas inibiam as grandes redes a aderirem &agrave; loja virtual. Sair de casa para as compras, fazer pesquisa, interagir com vendedores, provar e at&eacute; trocar as compras ainda estava associado a uma experi&ecirc;ncia de prazer.</p> <p>Nos &uacute;ltimos anos, este contexto vem se alterando e &eacute; percept&iacute;vel a ado&ccedil;&atilde;o da internet, &ldquo;por dor ou prazer&rdquo;, junto a segmentos de moda dos mais populares aos mais elitizados. Hoje, compra-se pela internet uma lingerie de R$ 19,90 e at&eacute; uma &ldquo;alta costura&rdquo; 1.000 vezes mais caro. Giorgio Armani e o Valentino est&atilde;o testando lojas virtuais nesta temporada em busca de novas fontes de receita. Roberto Cavalli e a f&aacute;brica de sapatos Salvatore Ferragamo abriram &quot;e-lojas&quot; nas &uacute;ltimas cinco semanas.</p> <p>Se a crise afetou o segmento AAA, as marcas ampliam seus horizontes em busca de novos consumidores, sobretudo os mais jovens e familiares &agrave; internet, mas que mant&eacute;m uma rela&ccedil;&atilde;o de cautela com as grifes de luxo e a consequente visita &agrave;s lojas. Cautela por valorizarem a qualidade da marca, ao mesmo tempo que se sentem culpados por consumi-las em momentos de crise.</p> <p>As marcas de luxo est&atilde;o dispon&iacute;veis na web americana, ao menos h&aacute; quatro anos. Segundo estudo da Deloitte, cerca de 14% dos italianos far&atilde;o suas compras de fim de ano pela internet. Maior op&ccedil;&atilde;o de escolha, evitar as lojas lotadas e falta de tempo para fazer compras est&atilde;o entre os motivos citados para tanto. A maior desvantagem &eacute; n&atilde;o poder ver ou tocar diretamente os artigos.</p> <p>No Brasil, a situa&ccedil;&atilde;o evolui junto &agrave;s grandes redes. A Lojas Renner prev&ecirc; inaugurar, at&eacute; final de mar&ccedil;o de 2010, seu site que vender&aacute; perfumes, rel&oacute;gios e moda &iacute;ntima feminina. Redes de grande porte como Marisa e Hering tamb&eacute;m j&aacute; criaram canais de venda web. Roupas masculinas e femininas e acess&oacute;rios s&atilde;o vendidos pela Hering Web Store. O canal da Marisa na internet tem op&ccedil;&otilde;es mais amplas, incluindo al&eacute;m de artigos de vestu&aacute;rio, rel&oacute;gios e itens de cama, mesa e banho. Outra marca consagrada no varejo que dever&aacute; entrar em opera&ccedil;&atilde;o no e-commerce at&eacute; maio de 2010 &eacute; a Mesbla. Ap&oacute;s ir &agrave; fal&ecirc;ncia nos anos 90, apenas a marca Mesbla voltar&aacute;, dessa vez para comercializar artigos de vestu&aacute;rio exclusivamente na internet.</p> <p>Percebe-se a corrida aos pontos virtuais e a consequente busca por maiores fatias de mercado. Nos Estados Unidos a categoria de roupas e acess&oacute;rios ocupa a segunda coloca&ccedil;&atilde;o em volume de vendas; no Brasil est&aacute; entre a 15&ordf; e 20&ordf; posi&ccedil;&atilde;o, o que demonstra o potencial de crescimento do setor. Esse potencial pode ser dimensionado em n&uacute;meros. Enquanto no Brasil, o faturamento em roupas e acess&oacute;rios vendidos pela internet dever&aacute; atingir R$ 300 milh&otilde;es, nos Estados Unidos movimenta US$ 20 bilh&otilde;es.</p> <p>Voltando ao dilema pessoal da compras, relaxe, concentre-se, planeje-se e prepare-se para visitar os sites com a mesma energia com que visita os corredores dos shopping centers. E boas compras.</p> <p>* Fernando Adas &eacute; diretor de planejamento e atendimento da <a target="_blank" href="http://www.fmarketing.com.br ">FM &ndash; The Fine Marketing</a>. E-mail: <a href="mailto:[email protected]">[email protected]</a></p>
Natal real ou virtual?
3 de dezembro de 2009