<p>Por Cinthia Almeida*<br /> <br /> N&atilde;o &eacute; de hoje que ouvimos falar do importante papel da mulher no mercado de trabalho. Segundo dados levantados da Rela&ccedil;&atilde;o Anual de Informa&ccedil;&otilde;es Sociais (RAIS) no Brasil, as mulheres representaram 41,4% da for&ccedil;a de trabalho em 2009. Crescimento este de 5,34%, contra 3,87% dos homens se comparado ao ano de 2008. Al&eacute;m disso, as mulheres j&aacute; s&atilde;o maioria no quesito educa&ccedil;&atilde;o no pa&iacute;s, ocupando 912,5 mil postos ante 845,7 mil postos para os homens com n&iacute;vel superior incompleto. E no n&iacute;vel superior completo, com 3,970 milh&otilde;es de postos contra 2,763 milh&otilde;es de postos para os homens. E o que isso tem a ver com o consumo? Tudo! Consequentemente, mais mulheres trabalhando, mais estudos, mais ascens&atilde;o salarial, que gera mais consumo.<br /> <br /> De acordo com uma revista especializada de neg&oacute;cios, as brasileiras s&atilde;o respons&aacute;veis por cerca de 1,3 trilh&atilde;o dos 2 trilh&otilde;es totais gastos com consumo no pa&iacute;s. E n&atilde;o pense que este consumo se restringe a produtos de beleza e vestu&aacute;rio. Elas j&aacute; s&atilde;o presen&ccedil;a majorit&aacute;ria na educa&ccedil;&atilde;o dos filhos, alimenta&ccedil;&atilde;o da fam&iacute;lia e compra de medicamentos. Al&eacute;m disso, notamos este crescimento significativo n&atilde;o somente no lado bom da moeda. O fato &eacute; que elas j&aacute; s&atilde;o maioria tamb&eacute;m na lista de inadimplentes. Segundo pesquisa da Associa&ccedil;&atilde;o do Com&eacute;rcio de S&atilde;o Paulo (ACSP) feita em setembro de 2010, as mulheres, pela primeira vez ultrapassaram os homens em d&iacute;vidas, sendo 52% contra 48% do lado masculino.<br /> <br /> Isto afirma o crescimento da participa&ccedil;&atilde;o delas no mercado, por&eacute;m, constata tamb&eacute;m o aumento de cr&eacute;dito concedido a popula&ccedil;&atilde;o e a dif&iacute;cil tarefa de concili&aacute;-lo com a administra&ccedil;&atilde;o do or&ccedil;amento dom&eacute;stico. Parte da culpa, se &eacute; que podemos chamar assim, desta alta taxa de inadimpl&ecirc;ncia do lado das mulheres, deve-se ao aumento da participa&ccedil;&atilde;o da classe C no consumo. Muitas delas ainda utilizam o carn&ecirc; para realizar compras, mas tamb&eacute;m j&aacute; s&atilde;o adeptas ao cart&atilde;o de cr&eacute;dito e cheque, facilitando os parcelamentos e consequentemente a perda de controle das contas a pagar.<br /> <br /> Esta semana ao fazer visita a pontos de vendas para avaliar o perfil das compradoras, fui abordada por quatro ofertas para adquirir o cart&atilde;o de cr&eacute;dito das cinco redes varejistas visitadas, especializadas em roupas e acess&oacute;rios. Prova esta de que este m&eacute;todo de abordagem est&aacute; funcionando. E que as consumidoras est&atilde;o mais seguras e confiantes na economia do pa&iacute;s e na libera&ccedil;&atilde;o de cr&eacute;dito cada dia mais facilitado. <br /> <br /> O que vem se tornando uma locomotiva acelerada na economia do Brasil, necessita tamb&eacute;m de cuidados e aulas de planejamento. Todas elas (ou quase todas) buscam alcan&ccedil;ar patamares antes n&atilde;o ating&iacute;veis. Mas, somente parte delas sabe onde quer ou vai chegar. Elas simplesmente procuram de formas diferentes, o seu lugar e papel na sociedade.<br /> <br /> Diferente da figura da &ldquo;Am&eacute;lia&rdquo; do passado, a mulher moderna agrega tarefas no seu cotidiano, exercendo diversos pap&eacute;is e fun&ccedil;&otilde;es de uma s&oacute; vez e querem ser reconhecidas em todos eles. <br /> Muitas delas j&aacute; s&atilde;o figuras principais do chefe de fam&iacute;lia, respons&aacute;veis por toda ou pela maior parte da renda mensal da casa. <br /> <br /> E nem por isso abandonam a responsabilidade de cuidar dos filhos, do marido, de si mesmas e de se destacarem na vida profissional. Elas se tornaram mais ambiciosas e galgam cada vez mais por posi&ccedil;&otilde;es importantes na carreira. Mas tamb&eacute;m se preocupam com o equil&iacute;brio entre vida pessoal e profissional. As mulheres de hoje buscam por sua independ&ecirc;ncia financeira, e muitas colocam a ascens&atilde;o na carreira como objetivo priorit&aacute;rio na vida. Sem abrir m&atilde;o &eacute; claro da t&atilde;o sonhada maternidade. Um dos grandes desafios das mulheres multi-tarefas &eacute; administrar o tempo entre todas as atividades que est&atilde;o expostas.<br /> <br /> Estas consumidoras se tornaram mais seletivas e cr&iacute;ticas em rela&ccedil;&atilde;o aos produtos e servi&ccedil;os que s&atilde;o oferecidos pelas empresas. N&atilde;o aceitam propagandas que n&atilde;o falem diretamente com elas, nem promessas de marcas que n&atilde;o s&atilde;o cumpridas. Afinal, elas n&atilde;o tem tempo a perder com engana&ccedil;&otilde;es.<br /> <br /> A comunica&ccedil;&atilde;o cada vez mais acess&iacute;vel seja atrav&eacute;s de m&iacute;dias convencionais como m&iacute;dias digitais faz parte deste processo. As consumidoras dividem experi&ecirc;ncias sejam elas boas ou ruins com outras mulheres. Como muitas n&atilde;o tem tempo a perder, esta troca de conhecimento ajuda a otimiz&aacute;-lo funcionando como confid&ecirc;ncias entre amigas a realizar suas escolhas de forma mais r&aacute;pida e assertiva.<br /> <br /> E as maiores reclama&ccedil;&otilde;es vem para aquelas empresas de produtos ou servi&ccedil;os relacionados em sua maioria para assuntos considerados mais masculinos, como seguros e servi&ccedil;os financeiros. Considerando que elas j&aacute; assumem o papel de chefe de fam&iacute;lia, nada mais natural que considerar abordagens diferenciadas a elas. &Eacute; importante pensar com alma feminina nestes casos. Por&eacute;m, outras vem se atentando a isso, como foi o caso da Brahma neste ultimo comercial em que reconhece que a mulher bebe cerveja e a insere no contexto de celebra&ccedil;&atilde;o, de independ&ecirc;ncia e at&eacute; de competitividade.<br /> <br /> Resta saber se a maioria das empresas est&aacute; preparada para atender esta nova mulher. Muitas companhias vem mostrando sinais que est&atilde;o direcionando estrat&eacute;gias de marketing claras e assertivas. No entanto, h&aacute; outras tantas que n&atilde;o se deram conta de que precisam inovar, refor&ccedil;ar sua for&ccedil;a tarefa ou at&eacute; mesmo adentrar neste mundo t&atilde;o peculiar, curioso e encantador que &eacute; o universo feminino.<br /> <br /> * Cinthia Almeida &eacute; Diretora da Consultoria de Marketing especializada no mercado feminino &ndash; Delas! Mkt. Publicit&aacute;ria com MBA em Marketing pela ESPM-SP, &eacute; autora do livro &ldquo;O casamento ideal entre sua empresa e o cliente&rdquo;. </p>
Mulheres no comando e no consumo
13 de dezembro de 2010