Mulheres no comando e no consumo 13 de dezembro de 2010

Mulheres no comando e no consumo

         

Resta saber se a maioria das empresas está preparada para atender esta nova mulher

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<p>Por Cinthia Almeida*<br /> <br /> Não é de hoje que ouvimos falar do importante papel da mulher no mercado de trabalho. Segundo dados levantados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) no Brasil, as mulheres representaram 41,4% da força de trabalho em 2009. Crescimento este de 5,34%, contra 3,87% dos homens se comparado ao ano de 2008. Além disso, as mulheres já são maioria no quesito educação no país, ocupando 912,5 mil postos ante 845,7 mil postos para os homens com nível superior incompleto. E no nível superior completo, com 3,970 milhões de postos contra 2,763 milhões de postos para os homens. E o que isso tem a ver com o consumo? Tudo! Consequentemente, mais mulheres trabalhando, mais estudos, mais ascensão salarial, que gera mais consumo.<br /> <br /> De acordo com uma revista especializada de negócios, as brasileiras são responsáveis por cerca de 1,3 trilhão dos 2 trilhões totais gastos com consumo no país. E não pense que este consumo se restringe a produtos de beleza e vestuário. Elas já são presença majoritária na educação dos filhos, alimentação da família e compra de medicamentos. Além disso, notamos este crescimento significativo não somente no lado bom da moeda. O fato é que elas já são maioria também na lista de inadimplentes. Segundo pesquisa da Associação do Comércio de São Paulo (ACSP) feita em setembro de 2010, as mulheres, pela primeira vez ultrapassaram os homens em dívidas, sendo 52% contra 48% do lado masculino.<br /> <br /> Isto afirma o crescimento da participação delas no mercado, porém, constata também o aumento de crédito concedido a população e a difícil tarefa de conciliá-lo com a administração do orçamento doméstico. Parte da culpa, se é que podemos chamar assim, desta alta taxa de inadimplência do lado das mulheres, deve-se ao aumento da participação da classe C no consumo. Muitas delas ainda utilizam o carnê para realizar compras, mas também já são adeptas ao cartão de crédito e cheque, facilitando os parcelamentos e consequentemente a perda de controle das contas a pagar.<br /> <br /> Esta semana ao fazer visita a pontos de vendas para avaliar o perfil das compradoras, fui abordada por quatro ofertas para adquirir o cartão de crédito das cinco redes varejistas visitadas, especializadas em roupas e acessórios. Prova esta de que este método de abordagem está funcionando. E que as consumidoras estão mais seguras e confiantes na economia do país e na liberação de crédito cada dia mais facilitado. <br /> <br /> O que vem se tornando uma locomotiva acelerada na economia do Brasil, necessita também de cuidados e aulas de planejamento. Todas elas (ou quase todas) buscam alcançar patamares antes não atingíveis. Mas, somente parte delas sabe onde quer ou vai chegar. Elas simplesmente procuram de formas diferentes, o seu lugar e papel na sociedade.<br /> <br /> Diferente da figura da “Amélia” do passado, a mulher moderna agrega tarefas no seu cotidiano, exercendo diversos papéis e funções de uma só vez e querem ser reconhecidas em todos eles. <br /> Muitas delas já são figuras principais do chefe de família, responsáveis por toda ou pela maior parte da renda mensal da casa. <br /> <br /> E nem por isso abandonam a responsabilidade de cuidar dos filhos, do marido, de si mesmas e de se destacarem na vida profissional. Elas se tornaram mais ambiciosas e galgam cada vez mais por posições importantes na carreira. Mas também se preocupam com o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. As mulheres de hoje buscam por sua independência financeira, e muitas colocam a ascensão na carreira como objetivo prioritário na vida. Sem abrir mão é claro da tão sonhada maternidade. Um dos grandes desafios das mulheres multi-tarefas é administrar o tempo entre todas as atividades que estão expostas.<br /> <br /> Estas consumidoras se tornaram mais seletivas e críticas em relação aos produtos e serviços que são oferecidos pelas empresas. Não aceitam propagandas que não falem diretamente com elas, nem promessas de marcas que não são cumpridas. Afinal, elas não tem tempo a perder com enganações.<br /> <br /> A comunicação cada vez mais acessível seja através de mídias convencionais como mídias digitais faz parte deste processo. As consumidoras dividem experiências sejam elas boas ou ruins com outras mulheres. Como muitas não tem tempo a perder, esta troca de conhecimento ajuda a otimizá-lo funcionando como confidências entre amigas a realizar suas escolhas de forma mais rápida e assertiva.<br /> <br /> E as maiores reclamações vem para aquelas empresas de produtos ou serviços relacionados em sua maioria para assuntos considerados mais masculinos, como seguros e serviços financeiros. Considerando que elas já assumem o papel de chefe de família, nada mais natural que considerar abordagens diferenciadas a elas. É importante pensar com alma feminina nestes casos. Porém, outras vem se atentando a isso, como foi o caso da Brahma neste ultimo comercial em que reconhece que a mulher bebe cerveja e a insere no contexto de celebração, de independência e até de competitividade.<br /> <br /> Resta saber se a maioria das empresas está preparada para atender esta nova mulher. Muitas companhias vem mostrando sinais que estão direcionando estratégias de marketing claras e assertivas. No entanto, há outras tantas que não se deram conta de que precisam inovar, reforçar sua força tarefa ou até mesmo adentrar neste mundo tão peculiar, curioso e encantador que é o universo feminino.<br /> <br /> * Cinthia Almeida é Diretora da Consultoria de Marketing especializada no mercado feminino – Delas! Mkt. Publicitária com MBA em Marketing pela ESPM-SP, é autora do livro “O casamento ideal entre sua empresa e o cliente”. </p>


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