Mobilidade urbana: problema que traz oportunidade de negócios 12 de maio de 2015

Mobilidade urbana: problema que traz oportunidade de negócios

         

Com necessidades cada vez mais urgentes, consumidores buscam conveniência e estão dispostos a pagar mais caro por isso. Empresas devem inovar para ganhar destaque

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Perdidos no caos do transporte público, nas complicadas vias e na falta de políticas públicas para mobilidade urbana encontram-se iniciativas capazes de melhorar a rotina do brasileiro, gerar lucro e, ainda, fidelizar clientes. Cansados de enfrentar tantos desafios para cumprir os compromissos diários, o público lança um olhar mais cuidadoso às questões internas e espera que as empresas estejam ao lado dele oferecendo soluções criativas e inovadoras. Esta, inclusive, é uma das tendências em consumo apontadas para América Latina pela Trendwatching, que prevê a integração do varejo ao transporte. O cenário cada vez mais conturbado e a escassez de tempo colocam a conveniência no centro das atenções.

Como boa parte do dia é desperdiçado tentando se locomover para cumprir suas obrigações, o consumidor quer iniciativas que ofereçam experiências prazerosas, mas sem perder o tão desejado tempo. Este, inclusive, mudou de referência quando a sociedade incorporou a tecnologia ao dia a dia. O recurso que sufoca a população com tanta informação e que a angustia parecendo que não conseguirá dar conta de tantas tarefas é o mesmo que permite que as pessoas comprem e se aventurem por qualquer lugar mesmo quando estão presas no trânsito. Pensando neste público que foi desenvolvido um aplicativo que permite ao shopper fazer compras de supermercado pela internet, com a facilidade de recebê-las em casa. O Mercode é um market place onde é possível comprar produtos de açougue, hortifrúti, mercearias, empórios e supermercados com poucos cliques.

Apesar de já estar completamente no ambiente digital, o que já facilita a operação, os diretores da empresa resolveram inovar ao instalar gôndolas virtuais em estações de metrô de São Paulo. Com o dispositivo, as compras podem ser feitas através da leitura de QR Code pelo celular, de maneira simples, ágil como apresentado na ação. “A ideia é impactar o consumidor e estimulá-lo a fazer compras pela internet, principalmente aqueles que ainda não estão habituados. Com essas iniciativas conseguimos aumentar o número de downloads do aplicativo em 100%. O setor supermercadista é o mais atrasado no varejo em questões digitais e queremos mostrar que é possível fazer compras de mercado, como comida e frutas, pela internet com toda a conveniência para quem não quer perder horas fazendo isso”, explica Fabio Campos, Sócio Diretor do Mercode, em entrevista ao Mundo do Marketing.

O mundo sobre duas rodas
É justamente para tentar poupar o tempo que as bicicletas estão cada vez mais fazendo parte da realidade dos brasileiros. Não por acaso, o país é o quinto maior mercado consumidor de bicicletas no mundo, atrás da China, Estados Unidos, Japão e Índia, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Bicicletas (Abraciclo). Impulsionados pelas pedaladas, algumas empresas estão enxergando grande potencial nos consumidores que andam sobre duas rodas. Foi com por conta desse olhar que surgiu a Ciclomídia, que tem a missão de solucionar os problemas enfrentados por ciclistas que não encontram o local ideal para deixar as bicicletas enquanto fazem suas compras.

A empresa nasceu da necessidade vivida pelo fundador Edu Grigoletto, que passou a utilizar a bicicleta para ir ao trabalho e com a nova rotina começou a enxergar a cidade de outra maneira. O novo hábito despertou o interesse para áreas que ele até então desconhecia, como livrarias, sebos, lanchonetes. “Comecei a ir para todos os lugares de bicicleta, inclusive, ao mercado, mas não encontrava uma área para deixá-la. Em alguns, a receptividade também não era das melhores. Durante as minhas experiências, comecei a enxergar que esses estabelecimentos ainda não viam essas pessoas como consumidores e resolvi pesquisar soluções para tentar resolver esse problema”, explicou o CEO da Ciclomídia, em entrevista ao Mundo do Marketing.

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Foi a senha para a instalação de bicicletários que leva novos consumidores aos estabelecimentos e contribui para que as empresas ganhem pontos ao entrar para o grupo das bike friendly. A unidade Vila Olímpia (SP) do restaurante Hooters, por exemplo, apostou na instalação de paraciclos para sinalizar que também aposta em ações sustentáveis. A iniciativa gerou pequeno aumento no faturamento nos domingos e feriados, dias em que a CicloFaixa é instalada em São Paulo, mas os ganhos de imagem foram os principais dividendos colhidos pela iniciativa. “A faixa temporária ajuda a movimentar a região, mas sabemos que é uma questão cultural. O aumento da oferta de áreas exclusivas para os ciclistas pode melhorar ainda mais o movimento no comércio”, vislumbra o empresário Marcel Gholmieh, Sócio Diretor do Hooters, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Roupas especiais para os ciclistas urbanos
De olho neste público crescente, a Levi’s lançou em 2011 uma linha exclusiva para quem usa a bicicleta como meio de transporte. As peças são produzidas com material altamente tecnológico, que traz características necessárias para quem precisa ter mais mobilidade durante a pedalada. São calças sociais, jeans, camisas, jaquetas, casacos e bermudas produzidos com tecidos repelente a água e poeira, com tecnologia antimicrobiana para repelir odores, com refletividade para segurança, tecidos termorreguladores, para evitar o suor excessivo provocado pelo calor.

As peças foram desenvolvidas em parceria com ciclistas para oferecer todas as funcionalidades de quem precisa utilizar este meio de transporte. Por isso, a linha Commuter conta com detalhes de design adicionais, que incluem suporte traseiro para a trava da bicicleta, bolsos utilitários discretamente posicionados, bainha traseira mais baixa nas blusas, e cinturas mais altas nas calças, ou seja, tudo especificamente pensado para quem inclui a bicicleta em seu dia a dia e não apenas nos momentos de atividade física.

Neste ano, a Levi’s fez o lançamento global da versão feminina da linha, que também já chegou no Brasil. Por aqui, as peças Commuter estão disponíveis em todas as lojas da rede e ainda há a possibilidade dela ser comercializada em estabelecimentos exclusivos para ciclistas.

“Esses produtos têm uma tecnologia a mais e que se comparados a uma calça jeans normal são mais caros. É por isso que estamos mudando a nossa estratégia para buscar o ciclista o urbano, que entende esses atributos e que estão dispostos a pagarem um pouco mais por isso”, explica Marina Kadooka, Coordenadora de Marketing da Levi’s Brasil, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Leia também: Desafios e oportunidades da mobilidade urbana. Estudo do Mundo do Marketing Inteligência. Conteúdo exclusivo para assinantes.

Commuter | Conveniência | comodidade | Compartilhamento | Bicicleta


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