Mercado de orgânicos aposta em informação para crescer 17 de novembro de 2009

Mercado de orgânicos aposta em informação para crescer

         

Marcas como Mundo Verde e Bio Gourmet orientam consumidores sobre a importância de produtos livre de aditivos químicos ou sintéticos

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<p>Os produtos orgânicos brasileiros encontraram sua força no exterior. Da produção nacional, 70% é absorvido por outros países. Mas este cenário começa a mudar. Empresas como o Mundo Verde e a recém-lançada Bio Gourmet aquecem o mercado interno e funcionam como um estímulo para o crescimento do setor dentro do país.</p> <p><img alt="Mercado brasileiro de orgânicos investe em informação" align="right" width="300" height="450" src="/images/materias/organicos_mundoverde.jpg" />Mundialmente, o mercado de produtos orgânicos fatura R$ 132 bilhões. A expectativa é de que, até 2010, o Brasil movimente US$ 3 bilhões, segundo informações da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Atualmente, o país ocupa a sexta posição entre os maiores produtores de agricultura orgânica. Em relação às áreas de produção, o Brasil garante o segundo lugar do ranking, com 6,5 milhões de hectares de área cultivada com orgânicos, atrás apenas da Austrália.</p> <p>De acordo com estimativas do Governo, entre agosto de 2006 e dezembro de 2008, o país faturou cerca de US$ 29 milhões com exportação. Entre os principais destinos dos produtos brasileiros estão a Holanda, com 32,1% de participação; a Suécia com 17,8%; os Estados Unidos com 11,8%; o Reino Unido com 8% e a França com 6,8%.</p> <p><strong>Informação para convencer o consumidor</strong><br /> Para o Diretor de Marketing do Mundo Verde Donato Ramos, a informação é a principal estratégia para fomentar o consumo destes produtos no Brasil. “A maioria das lojas do Mundo Verde tem nutricionistas que orientam os clientes. As equipes passam por treinamentos semanais em que os produtos orgânicos são sempre pauta”, explica, em entrevista ao Mundo do Marketing.</p> <p>Paulo Vilela, consultor do segmento e sócio do Bio Gourmet, também aposta no conhecimento a respeito dos produtos para motivar as vendas no país. Além de investir em treinamentos para a equipe, o primeiro quiosque da marca, inaugurado este mês no Shopping Nações Unidas, na zona Sul de São Paulo, conta com uma comunicação digital que informa sobre produtos e ofertas a partir de um monitor eletrônico.</p> <p>Outra estratégia da Bio Gourmet são as campanhas de e-mail Marketing com informações sobre os produtos e receitas. O modelo foge do rótulo de spam e ajuda a convencer o cliente sobre a importância do consumo livre de aditivos químicos ou sintéticos. O projeto da Bio Gourmet é resultado de uma parceria entre Vilela, ex-Diretor Comercial da Cia Orgânica, de café, e Pierre Landolt, proprietário da Fazenda Tamanduá.</p> <p><strong><img alt="Produtos Bio Gourmet" align="left" width="200" height="258" src="/images/materias/organicos_biogourmet.jpg" />Pequenos produtores devem ser incentivados</strong><br /> A propriedade existe há 33 anos e há mais de 10 atua com agricultura e pecuária orgânica. Os principais produtos têm origem na Fazenda, como arroz vermelho, queijos e mel, mas o portfolio também conta com cosméticos, roupas, espumante, chocolate, cachaça e iogurtes, além de cestas especiais para datas como o Natal.</p> <p>A marca ainda dá espaço para os pequenos produtores, reservando 30% do portfolio para estes produtos. A atitude é uma das primeiras mudanças que o mercado brasileiro de orgânicos deve realizar para se consolidar. “As empresas devem aprender a lidar com o produtor, abrir exceções, ser mais flexíveis”, aponta Vilela, da Bio Gourmet, sobre os agricultores que normalmente não conseguem vender para grandes lojas e supermercados por falta de escala.</p> <p>Assim como a Bio Gourmet, o Mundo Verde também incentiva os pequenos produtores há 22 anos, desde a criação da rede. “Sempre abrimos as portas para fornecedores orgânicos e apostamos nos pequenos produtores”, comenta Ramos (foto), Diretor de Marketing da rede. O maior exemplo disto são as 15 unidades, entre as 146 lojas Mundo Verde, que oferecem feirinhas de produtos orgânicos, possibilitando que os consumidores tenham acesso a produtos de hortifruti, como verduras, legumes, frutas e hortaliças.</p> <p><strong><img alt="Donato Ramos, Diretor de Marketing do Mundo Verde" align="right" width="150" height="197" src="/images/materias/donato-ramos_mundoverde.jpg" />Valor agregado ao produto</strong><br /> Atualmente, o Mundo Verde conta com 381 produtos orgânicos e 36 fornecedores. Os produtos sem agrotóxicos correspondem a 5% do faturamento da rede e suas vendas crescem 25% ao ano. O resultado é fruto do trabalho feito a partir do forte investimento em ações como e-mail Marketing para 50 mil pessoas contendo informações e receitas, assim como faz a Bio Gourmet, além de um blog que recebe 30 mil visitantes por mês e o site oficial da rede.</p> <p>A informação bem disseminada faz com que o consumidor entenda os valores agregados aos produtos orgânicos e optem por eles, mesmo sendo mais caros. “O público que consome estes produtos é exigente, quer saber a história, a procedência e a qualidade. Sabe que, comprando o orgânico, não estará apoiando o trabalho escravo ou infantil, a poluição e ainda contribuirá para a sustentabilidade do planeta”, acredita Vilela, da Bio Gourmet.</p> <p>Vilela, também um especialista no mercado de orgânicos, lembra sobre a importância do incentivo à produção. “Quando o agricultor conseguir trabalhar em escala, os preços diminuirão. Nos Estados Unidos e na Europa, os produtos são no máximo 30% mais caros. No Brasil, este número sobre para 50%, 60% atualmente”, compara.</p> <p><strong><img alt="Quiosque da Bio Gourmet" align="left" src="/images/materias/quiosque_biogourmet.jpg" />Orgânicos no dia a dia</strong><br /> Misturar os orgânicos aos produtos tradicionais também contribui para que o consumidor os entenda de forma mais natural, diz a estratégia do Mundo Verde. “Quando a gôndola da loja só tem produtos orgânicos, o cliente fica com medo, acha que é mais caro. Se eles são inseridos no segmento, o consumidor compara um tradicional com um orgânico e vê que vale a pena comprar, aumentando o giro”, comenta o Diretor de Marketing da rede.</p> <p>Foi pensando em levar os produtos orgânicos para o dia a dia das pessoas que Vilela e Landolt optaram por quiosques em locais com grande concentração de pessoas como corredores de shoppings, para que os visitantes pudessem ter contato com os produtos. Com apenas uma loja no país, os sócios já pensam em expandir o modelo e estudam propostas de franquias.</p> <p>A expansão será inevitável. Com consumidores mais informados, produção em maior escala e preços mais baixos, o Brasil tem chance de inverter a proporção entre a exportação e o mercado interno. “O Brasil tem tudo para ser um grande produtor e ter um grande consumidor. Hoje, 70% dos produtos são exportados, mas sei que se você me entrevistar daqui a cinco anos, o número será outro”, afirma Paulo Vilela, da Bio Gourmet, ao site.</p>


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