<p>Pol&iacute;tica de cotas em universidades do Governo, feriado nacional da Consci&ecirc;ncia Negra, marcas lan&ccedil;ando produtos voltados para pele negra e brinquedos lan&ccedil;ando bonecos afro-descendentes. A cultura negra est&aacute; sendo inserida, mesmo que timidamente ainda, no contexto de Marketing de empresas. Marcas como a Niely, por exemplo, oferecem linhas de produtos para consumidores negros e, com isso, ganha um mercado de cerca de 94 milh&otilde;es de pessoas, segundo Jo&atilde;o Bosco de Oliveira Borba, presidente da Associa&ccedil;&atilde;o Nacional dos Coletivos de Empres&aacute;rios e Empreendedores Afro-brasileiros (ANCEABRA).</p> <p>A Niely relan&ccedil;ou este ano a linha Permanente Afro. Mesmo com 20 anos de mercado, estes produtos ganharam maior import&acirc;ncia para a marca e destaque nos pontos-de-venda recentemente. Mas o reconhecimento da cultura afro-descendente no mercado brasileiro est&aacute; longe do ideal para Maur&iacute;cio Pestana, presidente do Conselho Editorial da revista Ra&ccedil;a Brasil. De acordo com ele, o destaque para os negros na TV, por exemplo, acontece principalmente no futebol e no carnaval.</p> <p>Mesmo tendo a imagem da mulata como um s&iacute;mbolo da cultura e da etnia brasileira no exterior, no Brasil s&atilde;o poucas as refer&ecirc;ncias aos negros – <a target="_blank" href="https://www.mundodomarketing.com.br/5,12067,playmobil-lanca-bonecos-em-homenagem-ao-dia-da-consciencia-negra.htm">como a Playmobil que lan&ccedil;ou recentemente bonecos negros para celebrar o Dia da Consci&ecirc;ncia Negra</a> -&nbsp;em diversos setores na opini&atilde;o de Maur&iacute;cio Pestana. Por outro lado, Jo&atilde;o Bosco afirma que hoje j&aacute; s&atilde;o 247 mil negros inseridos no programa governamental ProUni (Programa Universidade&nbsp;Para Todos)&nbsp;e empresas estudam o lan&ccedil;amento de aparelhos celulares e at&eacute; carros voltados para os afro-descendentes.</p> <p><strong><img alt="Marcas e estudos mostram poder de consumo de Afro-descendentes" align="right" width="150" height="211" src="/images/materias/negros_delane_nialy.jpg" />Niely relan&ccedil;a linha com foco no PDV</strong><br /> A estrat&eacute;gia de Marketing para o relan&ccedil;amento da linha Permanente Afro da Niely este ano teve foco principalmente no ponto-de-venda. Antes, a marca investia em m&iacute;dia e depois no PDV. &ldquo;Atualmente temos uma equipe treinada para atender os clientes nas lojas e investimos em a&ccedil;&otilde;es de relacionamento&rdquo;, explica Delane D&rsquo;Azevedo (foto), gerente de produto da Niely e respons&aacute;vel pela linha Permanente Afro.</p> <p>A a&ccedil;&atilde;o de relacionamento a qual a executiva se refere consiste em cabeleireiras presentes nas lojas Niely para tirar d&uacute;vidas e ensinar as consumidoras a usar corretamente os produtos da linha. &ldquo;Estamos investindo tamb&eacute;m em materiais diferenciados no ponto-de-venda porque l&aacute; &eacute; o local onde o consumidor &eacute; mais impactado pela marca&rdquo;, diz Delane em entrevista ao Mundo do Marketing.</p> <p>Esta mudan&ccedil;a de estrat&eacute;gia da Niely foi iniciada&nbsp;h&aacute; cerca de cinco anos e inclui, al&eacute;m de investimentos consistentes no PDV, eventos t&eacute;cnicos para colaboradores, a&ccedil;&otilde;es de merchandising alinhadas com estrat&eacute;gias de m&iacute;dia e materiais impressos. &ldquo;Al&eacute;m disso temos um projeto de parceria com empresas que j&aacute; atuam no mercado de venda porta a porta&rdquo;, diz Delane ao site.</p> <p style="text-align: center"><img alt="Marcas e estudos mostram poder de consumo de Afro-descendentes" width="350" height="186" src="/images/materias/negros_niely_linhaafro.jpg" /></p> <p><strong>Ra&iacute;zes, produtos espec&iacute;ficos, carro e cosm&eacute;ticos</strong><br /> A import&acirc;ncia da cultura africana est&aacute; registrada h&aacute; milhares de anos. De acordo com Elisa Larkin Nascimento, professora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros, os mais importantes avan&ccedil;os tecnol&oacute;gicos ocorreram na &Aacute;frica, desde a civiliza&ccedil;&atilde;o at&eacute; a primeira escrita. Hoje, a classe negra consumidora do Brasil &eacute; composta por 79 milh&otilde;es de pessoas que t&ecirc;m necessidades como identifica&ccedil;&atilde;o com suas ra&iacute;zes, ter produtos espec&iacute;ficos para suas caracter&iacute;sticas e ser representada nos meios de comunica&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Estes dados fazem parte de um trabalho de pesquisa apresentado por Jo&atilde;o Bosco durante o evento Reflex&otilde;es Sobre a Cultura Afro, realizado pela ESPM Rio. O estudo mostra que 45% dos consumidores negros querem ter um carro novo, 88% consomem cosm&eacute;ticos e 65% deles procuram produtos de beleza espec&iacute;ficos. &ldquo;A quest&atilde;o negra tem que ser tratada com respeito e ser aceita pela sociedade&rdquo;, afirma Bosco.</p> <p>O presidente da ANCEABRA adiantou que est&aacute; em contato com empresas do setor de telefonia m&oacute;vel e de autom&oacute;vel para lan&ccedil;ar no Brasil aparelhos celulares e carros voltados para os consumidores negros. &ldquo;Esta &eacute; uma forma de inclus&atilde;o do negro no mercado consumidor&rdquo;, aponta.</p> <p><strong>Ra&ccedil;a ainda sustenta recorde de vendas</strong><br /> A revista Ra&ccedil;a Brasil&nbsp;&eacute; voltada para os afro-descendentes e tem 70% de suas vendas concentradas em S&atilde;o Paulo. O curioso &eacute; que a capital da Bahia, Salvador – onde os negros representam cerca de 80% da popula&ccedil;&atilde;o local&nbsp;- est&aacute; em sexto lugar em vendas, atr&aacute;s de Rio de Janeiro (2&ordm;) e Porto Alegre (3&ordm;). &quot;O problema &eacute; que a Ra&ccedil;a Brasil&nbsp;&eacute; a &uacute;nica no mercado e para atender todos os negros &eacute; dif&iacute;cil&rdquo;, ressalta o presidente do Conselho Editorial da revista Ra&ccedil;a Brasil, Maur&iacute;cio Pestana.</p> <p>Para Pestana, a inser&ccedil;&atilde;o do negro nos meios de comunica&ccedil;&atilde;o precisa ser revista. Segundo ele, na Dinamarca existem mais negros na TV do que no Brasil. Em n&uacute;meros, a evid&ecirc;ncia se torna ainda maior. &ldquo;Somos apenas 1,3% dos alunos da PUC SP. No dia 23 de novembro de 2002, o Jornal Nacional da Rede Globo&nbsp;teve, pela primeira vez, um apresentador afro-descendente, mas foi no s&aacute;bado e ele estava cobrindo a folga dos &acirc;ncoras&rdquo;, destaca.</p> <p>O poder de consumo dos afro-descendentes pode ser medido pelo n&uacute;mero de vendas da primeira edi&ccedil;&atilde;o da revista Ra&ccedil;a Brasil, lan&ccedil;ada em setembro de 1996. De acordo com Pestana, foram 280 mil exemplares vendidos na primeira tiragem da publica&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Este &eacute; um recorde que permanece at&eacute; os dias de hoje&rdquo;, completa.</p>
Marcas e estudos mostram poder de consumo de Afro-descendentes
27 de novembro de 2009
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