Irene e o Marketing 2 de julho de 2013

Irene e o Marketing

         

Uma parte das corporações presentes em terras brasileiras e vários de seus profissionais ainda não perceberam que marketing não é uma questão de vida ou morte

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Cantem comigo, todos juntos: “A casa d'Irene si canta si ride. C'e gente viene, c'e gente che va. A casa d'Irene bottiglie di vino. A casa d'Irene stasera si va … “ Realmente não sei o que acontece com o Marketing em certas empresas do Brasil. Muitos colegas parecem músicos de prostíbulo, visitando A Casa da Irene, imortalizada na voz de Nico Fidenco. Tocam suas músicas e animam no térreo enquanto a ação ocorre mesmo é no andar de cima (não gosto de composições chulas, mas essa analogia tentou-me). Resignados e limitados anedoticamente ao tático, superficial, absurdamente guiados quando deveriam ser seguidos. Dizer a verdade sem malícias ou rancores não deveria incomodar, certo? Não deveria, mas, claro, incomoda. Mas que pelo menos o incômodo sirva para uma mudança de postura.

Quero deixar claro que essa crítica é à estrutura corporativa e departamental. Não é uma análise em torno da ideologia marquetóloga. Defendo com todas as forças que marketing é a única coisa que uma empresa faz. Por isso, TUDO E TODOS o exercem em uma máquina mercadológica e corporativa. A crítica não é a isso. Concentro toda minha Niágara anárquica em torno do mecanismo empresarial e de associação ao marketing e seus profissionais. Isso sim está triste no ecossistema brasileiro.

Lógico que muito disso não é culpa dos colaboradores. Muitos deles querem apenas ganhar seu honesto dinheiro, e isso eu respeito muito. Boa parte do problema é seriamente cultural em “see level”. O “pessoal do marketing” é aquele que faz viralzinho bonitinho oba-oba (isso soa tão década passada), aprovação do email marketing, alimenta o blog e o facebook, investe o budget em propaganda e é pau pra toda obra. Miopia bizarra e horrenda. Horripilante. Apliquem-me uma injeção enquanto durmo, mas poupem-me do discurso mequetrefe de “guru” de quinta categoria de que a maioria faz muito mais do que isso, que a maioria é estratégica. Mentira!

Empresas menores e seus empreendedores desbravadores parecem que, muitas vezes, entendem melhor. Talvez pelo fato que, com exceção das familiares, não produzem cabide de empregos (Ad cautelam, informo que de forma alguma estou generalizando). Um bom exemplo de uma iniciativa de pequeno porte que não resume o marketing a meros devaneios táticos é a start-up Baby.com.br (não é cliente da minha empresa). Claramente, os profissionais de marketing dessa iniciativa são estratégicos e líderes. Primeiramente pensaram e construíram uma marca forte. Tiveram consciência que  start-ups sofrem com a “síndrome do bebê feio”, pois, se mal lançada, a marca será sempre feia perante o público-alvo. Também, há de se destacar, entre outras coisas, o foco correto em relação ao target.  É preciso decidir qual público atingir, estudar suas características e conhecê-lo a fundo. Geralmente uma start-up nasce de uma ideia – e o mentor dela não se preocupa com quem “falar”. É preciso focar em determinado público. O pessoal do baby.com.br fez exatamente isso.

Estudante começando sua carreira ou colega que deseja se redimensionar, uma dica: não se misture com profissionais de marketing conformados e acomodados. Vocês ficarão conformados, acomodados e frustrados. Experientia docet. Não quero ter qualquer ligação com essa gente. Ostrogodos intelectuais. Caricaturas do marketing. Profissionais com anos de mercado que ainda são os melhores exemplos de juniorização e peleguice. Uma parte das corporações presentes em terras brasileiras e vários de seus profissionais ainda não perceberam que marketing não é uma questão de vida ou morte. Marketing é muito mais importante do que isso. Mandem os conformados, que tendem a ser músicos de Irene, às favas. “A casa de Irene se canta, se ri, tem gente que vem, tem gente que vai. A casa de Irene, garrafas de vinho, a casa de Irene esta noite se vai…“

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