Inteligência artificial e as PMEs: o que o avanço da tecnologia ensina aos negócios de pequeno porte? Bruno Mello 31 de maio de 2023

Inteligência artificial e as PMEs: o que o avanço da tecnologia ensina aos negócios de pequeno porte?

         

Sócias da Jahe Marketing explicam que empreendedores não devem temer o ingresso dessas ferramentas e que adesão pode ser diferencial

Inteligência artificial e as PMEs: o que o avanço da tecnologia ensina aos negócios de pequeno porte?
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Nos últimos meses, o mundo se surpreendeu com os saltos de desenvolvimento das tecnologias de Inteligência Artificial, em especial no que diz respeito à chamada IA generativa – aquela capaz de aprender e gerar conteúdo novo, a exemplo do tão discutido ChatGPT.

O espanto pareceu tamanho que, no final de março, centenas de especialistas, empreendedores e cientistas assinaram uma carta pedindo uma pausa no desenvolvimento de IAs mais avançadas do que o já surpreendente modelo de linguagem GPT-4, da OpenAI (a criadora do ChatGPT).

A preocupação, que é natural com qualquer nova tecnologia que muda a maneira que trabalhamos, é compreensível – e válida. É importante, contudo, perceber (ou relembrar) que a inteligência artificial já está no dia a dia das empresas brasileiras. De acordo com pesquisa da IBM, 41% delas já adotam soluções que utilizam IA, seja para melhorar processos, analisar dados ou atender clientes.

Agora, nesta nova onda de evolução, assistimos a um número crescente de companhias anunciarem utilizações criativas para as ferramentas de IA generativa, dando continuidade a este processo.

Os aplicativos de compras Shopify e Instacart (esta última disponível nos EUA e Canadá), por exemplo, anunciaram a integração das ferramentas do GPT em suas plataformas, para sugerir itens aos clientes que não sabem bem o que estão buscando ou trazer ideias de receitas que podem ser preparadas com produtos disponíveis no mercado.

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O mundo da moda também tem se valido desse tipo de tecnologia para criar imagens totalmente virtuais, ainda que alinhadas com o que se parece nas lojas. A marca de fast fashion Stradivarius, por exemplo, acaba de publicar sua primeira campanha gerada totalmente por inteligência artificial. São “fotografias” que apresentam roupas inexistentes trajadas por modelos virtuais. No entanto, o conceito floral da campanha é uma referência à coleção física da marca, que pode ser encontrada nas lojas da Stradivarius.

Vale mencionar também o app Duolingo, que fez uma parceria com a OpenAI para tornar mais fácil para os usuários aprenderem novas línguas. Os assinantes do serviço Duolingo Max podem usar dois novos recursos orientados por IA: “Explain My Answer” (explique minha resposta) e “Roleplay” (interpretação de papéis), este último, uma simulação no qual é possível conversar com a IA como se esta fosse uma pessoa real falante da língua a ser aprendida.

Em meio às primeiras utilizações da IA generativa no contato com o consumidor e à guerra das gigantes para avançar primeiro no desenvolvimento de tecnologia, o que vemos no nosso dia a dia são micro e pequenas empresas que acreditam que a inteligência artificial ainda é uma realidade distante de suas atividades – e orçamentos.

Muitas fazem parte dos 59% de negócios no Brasil que ainda não adotam soluções de IA – e que podem se beneficiar muito delas, ainda que comecem com pequenos passos. Contam, por exemplo, com ferramentas digitais para obter insights, aumentar a satisfação dos clientes e a produtividade.

A mera inclusão de assistentes virtuais como Siri, Alexa ou Assistente Google na agenda de empresas já têm o potencial de melhorar a organização diária. A Microsoft também lançou recentemente o Copilot, uma espécie de assistente embutido no Outlook, e que ajuda na produtividade e organização de tarefas.

Parece pouco revolucionário? Até chatbots que funcionam com plataformas mais simples  possuem atualmente custos acessíveis para empresas de variados tamanhos. Existem planos para WhatsApp ou Facebook que custam cerca de R$ 500, por exemplo.

Além das ferramentas que simulam diálogos, as campanhas de marketing digital podem ser personalizadas com base em análises de inteligência artificial, de forma a indicarem no que os consumidores estão interessados – elevando as chances de concluir a venda.

Mas o que fazer sobre as soluções de IA generativa, como o ChatGPT? Elas serão acessíveis às PMEs no curto prazo? Embora ainda não tenhamos resposta para essa pergunta, é possível analisar com clareza para onde as soluções anunciadas até aqui apontam. E o que surge como trilha a ser seguida são os conceitos de personalização e customização utilizados de maneira cada vez mais intensiva, de modo a aperfeiçoar a experiência do consumidor.

E nesse campo, a fronteira entre o que pequenos e grandes empreendimentos podem fazer está cada vez mais indistinguível. O que é uma boa notícia para PMEs. O maior gargalo é fazer com que esse potencial de fato seja empregado pelas companhias.

“Será que toda essa modernidade é também para o meu negócio?”, muitos podem se perguntar. Bem, se o primeiro passo rumo à onda da IA nas companhias é inevitável, então devemos pensar agora como desenharemos essa primeira pegada – evitando, contudo, soluções apressadas.

Correr para pegar a onda só porque ela está arrebentando na praia não é uma boa ideia. Não é preciso digitalizar com pressa todas as experiências do cliente, até porque já aprendemos que essas ferramentas fazem muito, mas não fazem tudo e nem operam de maneira perfeita.

É fundamental, assim, voltarmos às primeiras lições de casa do marketing. Sua empresa conhece bem seus clientes e audiência? Como a experiência do consumidor com a sua companhia pode ser aprimorada? Essas respostas devem nortear todas as decisões do empresário, também no que diz respeito à IA. Porque de uma coisa, temos certeza: cliente insatisfeito é o começo do fim de qualquer negócio.

*Satye Inatomi e Thaís Faccin são sócias da Jahe Marketing


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