<p>Por Adri&aacute;n Pierini* <br /> <br /> A realidade muda dia a dia, os gostos se diversificam e o ponto de vista sobre tudo aquilo que o homem deseja evoluciona. Fatores culturais, sociais e, porque n&atilde;o, contextos econ&ocirc;micos flutuantes afetaram sensivelmente e, desde sempre, a percep&ccedil;&atilde;o dos consumidores sobre o que precisam ou sobre o que acham que precisam. De fato, a percep&ccedil;&atilde;o sobre os objetos n&atilde;o podem ser separados da hist&oacute;ria transcorrida e do contexto no qual se movimenta. O ontem e o hoje se conjugam para estabelecer os par&acirc;metros de valoriza&ccedil;&atilde;o e de prefer&ecirc;ncia.<br /> <br /> O s&eacute;culo XXI recebe um consumidor muito particular. &Eacute; uma estranha mistura de ser exigente, esperando uma novidade, auto complacente, egoc&ecirc;ntrico, sens&iacute;vel e desejoso de poder projetar atrav&eacute;s dos seus pertences, a maneira de entender a vida mesma. Muitos aspectos desta combina&ccedil;&atilde;o geneal&oacute;gica n&atilde;o n&oacute;s deveria surpreender, j&aacute; que desde o come&ccedil;o dos tempos a humanidade utilizou os objetos como portadores de sentidos e por mais que poder&iacute;amos afirmar que essas mesmas caracter&iacute;sticas continuam no s&eacute;culo XXI, basta observar a realidade circundante para poder conjecturar que vai se consolidando um forte perfil orientado ao consumo externo que, na minha opini&atilde;o, n&atilde;o &eacute; mais que a manifesta&ccedil;&atilde;o mais clara do desejo do homem de reafirmar a sua posi&ccedil;&atilde;o no mundo: &ldquo;Eu sou esta imagem que voc&ecirc;s v&ecirc;em. Minha roupa, meus &oacute;culos, meu carro e at&eacute; meu perfume contar&aacute; tudo sobre mim&rdquo;. <br /> <br /> Esta forma de expressar-se dos consumidores do novo s&eacute;culo surge paradoxalmente em uma &eacute;poca de grandes avances tecnol&oacute;gicos, tanto comunicativamente como em gerir informa&ccedil;&atilde;o. Um mundo que se anuncia cada vez mais integrado, na verdade &eacute; v&iacute;tima de um forte isolamento social, reduzindo o contato entre o homem e o universo circundante da l&iacute;ngua visual, priorizando o intang&iacute;vel sobre &ldquo;o presencial ou tang&iacute;vel&rdquo;. Contudo, toda esta introdu&ccedil;&atilde;o sobre a conduta consumista e de apar&ecirc;ncia que caracteriza ao homem atual tenta dar um framework que permita entender o porque das novas estrat&eacute;gias comerciais corporativas.<br /> <br /> O que antes era uma fun&ccedil;&atilde;o hoje &eacute; uma ilus&atilde;o, o que no s&eacute;culo passado era decora&ccedil;&atilde;o hoje &eacute; uma manifesta&ccedil;&atilde;o concreta da realidade social; os objetos passaram de ser o meio atrav&eacute;s do qual as pessoas se comunicam, &agrave; transformar-se na comunica&ccedil;&atilde;o em si mesma. As empresas&nbsp; transformaram a sua vis&atilde;o sobre o mercado, entenderam este novo contexto macro econ&ocirc;mico e puseram no desenho um dos principais pontos de ataque. A imagem agora &eacute; protagonista na nova gera&ccedil;&atilde;o de consumidores, por isso n&atilde;o &eacute; estranho que a est&eacute;tica alcance um lugar inestim&aacute;vel na hora de estimular o consumo. Dentro desta insinuante realidade, tentarei estabelecer algumas chaves b&aacute;sicas sobre o que pareceria ser a tend&ecirc;ncia &agrave; que apontam os novos produtos.<br /> <br /> <strong>1-Algo novo, e original, duas vezes bom</strong><br /> O novo s&eacute;culo coloca a inova&ccedil;&atilde;o dentro dos seus pilares principais, a busca de originalidade e de novos caminhos que permitam redescobrir o que j&aacute; existe, e a capacidade de dar uma resposta &agrave; um consumidor &aacute;vido de novidade devem ser premissas b&aacute;sicas no plano de todo lan&ccedil;amento.<br /> <br /> <strong>2-A explora&ccedil;&atilde;o da parte emocional brinda sentido ao &oacute;bvio</strong><br /> Os produtos sob o lema de inova&ccedil;&atilde;o s&atilde;o redescobertos e expostos atrav&eacute;s do seu lado sensorial. &Eacute; curioso, mas neste novo s&eacute;culo o desenho de uma embalagem deve lograr o equil&iacute;brio justo entre a efici&ecirc;ncia necess&aacute;ria para tornar a proposta cr&iacute;vel e o valor emotivo que produzir&aacute; o impulso de compra. O novo consumidor n&atilde;o se conformar&aacute; com um bom sabor ou com a limpeza mais profunda si isso n&atilde;o &eacute; prometido, como um pack, um mundo de sensa&ccedil;&otilde;es por descobrir ou a felicidade instant&acirc;nea em cada bocado. <br /> <br /> <strong>3- O produto tem que chegar aos sentidos, mas tamb&eacute;m deve servir para estabelecer um v&iacute;nculo com o meu entorno</strong><br /> Status, n&iacute;vel cultural, n&iacute;vel econ&ocirc;mico, gostos. O desenho deve falar do consumidor e estabelecer desde o visual aqueles aspectos positivos que o definir&atilde;o como um ser especial frente aos demais. A embalagem ser&aacute; uma arma de sedu&ccedil;&atilde;o at&eacute; depois de cumprir seu papel prim&aacute;rio de venta. <br /> <br /> <strong>4- A especificidade como sin&ocirc;nimo de evolu&ccedil;&atilde;o, racioc&iacute;nio e efic&aacute;cia</strong><br /> O consumidor da nova era se movimenta em um entorno de alta tecnologia. Mesmo sabendo que n&atilde;o sempre acede a ela, poder alcan&ccedil;&aacute;-la e desfruta tanto da sua apar&ecirc;ncia como do seu uso. Os produtos devem tomar esta mensagem e pouco a pouco ir clarificando a sua oferta, buscando um lugar preciso no mercado que possa substituir os valores gen&eacute;ricos pelos atributos bem definidos. A especificidade &eacute; vista pelo target como portadora de especialidade, vanguarda, e alta efic&aacute;cia (tecnologia), o que ser&aacute; maior qualidade e prefer&ecirc;ncia. <br /> <br /> <strong>5- O pre&ccedil;o extra &eacute; preferido quando o beneficio &eacute; extra</strong><br /> O mercado pouco a pouco vai priorizando a qualidade sob o pre&ccedil;o. Muitos produtos atuam como indulg&ecirc;ncias (reconhecimentos merecidos frente ao sacrif&iacute;cio cotidiano) ou como indicador de n&iacute;vel socioecon&ocirc;mico frente aos meus iguais. Pelo que &eacute; importante prestar aten&ccedil;&atilde;o especial em tudo que &ldquo;vestir&aacute;&rdquo; no produto. Uma embalagem atrativa e um desenho correto e impactante somar&atilde;o valor &agrave; oferta. <br /> <br /> <strong>6- A globalidade da mensagem vai potenciar as op&ccedil;&otilde;es de venta</strong><br /> O novo s&eacute;culo se caracteriza pela consolida&ccedil;&atilde;o do &ldquo;conceito global&rdquo;. Cada vez h&aacute; mais estrat&eacute;gias que consideram ao mundo como objetivo final. Impulsionar os novos desenvolvimentos a partir de uma vis&atilde;o abrangente permitir&aacute; aumentar a capacidade de oferta e maximiza&ccedil;&atilde;o do sucesso comercial. A qualidade de desenho, o tom da mensagem e da originalidade da proposta ser&aacute; determinante para poder conquistar os mercados internacionais. <br /> <br /> Estas seis chaves s&atilde;o somente algumas das considera&ccedil;&otilde;es que todo lan&ccedil;amento que pretenda ter sucesso dever&aacute; implementar; realiz&aacute;-lo lhe permitir&aacute; estar de acordo com as tend&ecirc;ncias de consumo do novo s&eacute;culo e se preparar para as futuras mudan&ccedil;as importantes. A capacidade crescente e a velocidade de decodifica&ccedil;&atilde;o do target e os avan&ccedil;os tecnol&oacute;gicos na produ&ccedil;&atilde;o, embalado, e embalagem anunciam um futuro ainda mais surpreendente.&nbsp; <br /> <br /> A decis&atilde;o de cada empresa em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; esta nova realidade ser&aacute; determinante para sua subsist&ecirc;ncia no novo cen&aacute;rio mundial. A sua capacidade para compreender que as estrat&eacute;gias comerciais tradicionais s&atilde;o obsoletas e observar que a inova&ccedil;&atilde;o e o desenho est&atilde;o se transformando nos principais impulsores do crescimento do s&eacute;culo XXI, marcar&atilde;o a diferen&ccedil;a entre convertesse em vanguardista ou concluir submergidas no estancamento.<br /> <br /> * Adri&aacute;n Pierini &eacute; Designer gr&aacute;fico plaa Universidade de Buenos Aires (UBA) e diretor geral criativo da Pierini Partners. &Eacute; autor de livro &ldquo;Designers Go!&rdquo;.</p>
Inovação e design, chaves para seduzir o consumidor do século XXI
8 de outubro de 2010