ChatGPT e AI no Marketing: artificialidade pode reproduzir a emoção das marcas? Bruno Mello 16 de fevereiro de 2023

ChatGPT e AI no Marketing: artificialidade pode reproduzir a emoção das marcas?

         

Gustavo Franco analisa possibilidades da ferramenta e até onde ela pode ir

Publicidade

O ChatGPT chegou para ficar. É título de 9 em 10 notícias de portais de tecnologia no Brasil e no mundo. Com tecnologia de inteligência artificial acessível, a grande sacada não está exatamente no conteúdo que a ferramenta produz, mas sim na sua acessibilidade. Como a maioria das tecnologias inovadoras, muito se fala, porém, pouco se produz e aplica. E menos ainda se tornam acessíveis para nós, reles mortais, que dependemos do Google para tomar decisões, trabalhar e encontrar os melhores produtos e serviços. Tornar a AI tangível e mostrar o seu potencial é, sem dúvidas, um trunfo do ChatGPT.

Como boa e nova tecnologia, o ChatGPT suscitou muitas discussões. Desde a possibilidade do desaparecimento de certas profissões – programadores, por exemplo – até a total revolução do mercado de educação. Este segundo, inclusive, já vem sentindo os impactos da plataforma nas salas de aula. Professores e universidades têm desenvolvido métodos para identificar se trabalhos acadêmicos estão sendo desenvolvidos com a ferramenta. Como o ChatGPT cria textos baseados em conteúdos pré-existentes, não podemos dizer que ele está necessariamente plagiando uma ideia. 

Porém o que ocorre é que os alunos, supõem-se, não estão aplicando o senso crítico sobre as produções da ferramenta, prejudicando seu processo de aprendizagem e criação. A verdade é que a hype do ChatGPT vem em um momento onde os investidores e o mercado de tecnologia vivem uma relação conturbada. Se por um lado sabemos que a tecnologia é, sem dúvidas, o futuro, por outro, também sabemos que a euforia da pandemia e das startups causou um mal estar no mercado. Vide as recentes demissões em massa. Isso pode ser positivo, pois força os ambientes de tecnologia e os conglomerados de inovação a buscarem aplicabilidade de suas propostas.

Quando o assunto é marketing, o campo é extenso. Se em 2012 as redes sociais revolucionaram como os consumidores se relacionam com as marcas, agora a AI desperta especialmente reflexões sobre personalização, previsibilidade de comportamentos do consumidor, otimização de serviços de atendimento ao cliente e criação de mensagens e campanhas por meio da inteligência artificial. 

Se por um lado o trabalho da AI faz com que as marcas de fato ganhem tração e velocidade, por outro, no entanto, a artificialidade dessas comunicações pode ser um ponto de atenção. Em um artigo anterior que publiquei aqui no Mundo do Marketing comentei sobre o fato de “marcas estarem no coração”. Essa frase, embora bastante romântica a princípio, carrega fatos. Marcas são símbolos, verdadeiras construções sociais de significado e significante. São formadas por estrategistas, mas também pela própria história dos fundadores, colaboradores e sociedade. Imaginar que máquinas possam tomar de assalto todo esse processo parece ser distante da realidade.

Publicidade

Gosto bastante sobre o tema de marketing geracional. Aquela disciplina que está relacionada a discutir que, hoje em dia, não é mais tão simples construir propostas de valor abrangentes, que conseguem atender a grandes fatias de público. Cada vez mais as gerações se encurtam e o surgimento de novos padrões de comportamento e consumo são revolucionários. 

O que tem ganhado força no campo social e de escolha é, sem dúvidas, o projeto de identidade destes consumidores. Em um mundo dominado pela generalidade das redes sociais, as gerações mais novas buscam sentido em toda e qualquer atitude – seja de consumo ou não. São as máquinas capazes de capturar essa tensão e traduzir estratégias que atendam a demandas psicológicas e sociais tão complexas? 

Caberá a nós, profissionais de marketing e comunicação, balancear o uso da AI e de ferramentas como o ChatGPT no nosso dia a dia. Se por um lado o ganho de produtividade pode ser imenso, por outro, a artificialidade também pode ser um entrave para construir marcas poderosas e que se conectam as mentes e corações dos consumidores, cada dia mais fragmentados em atenção e sedentos de propósitos que vão além do discurso. A ver o quão artificial uma marca pode realmente ser. 

*Gustavo Franco é Country Manager na Labelium, Mestrando em Administração – Mackenzie e Linkedin Creator.


Publicidade