Cenografia de shows: como os devices e conteúdos impactam na criação dos palcos Bruno Mello 14 de abril de 2023

Cenografia de shows: como os devices e conteúdos impactam na criação dos palcos

         

Deza Abdanur fala sobre as estruturas são pontos importantes de estratégia e experiência

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Os grandes palcos em famosos eventos e festivais, com seus elaborados sistemas de iluminação e telões hipnotizantes, são verdadeiras obras de arte da arquitetura do entretenimento. Para os amantes de shows, presenciar a imponência dessas estruturas e sua interação com o público e os artistas é uma experiência emocionante e inspiradora. Os momentos mágicos que surgem quando artistas e palcos se unem, formando um espetáculo visual e sonoro inesquecível, são a prova da habilidade da cenografia em pensar e criar espaços imponentes que se destacam em meio a multidões e se tornam referências culturais duradouras.

E para além de guardar esses momentos na memória, como forma eternizar as imagens dos shows, sempre buscamos maneiras de registrar os acontecimentos. Antes usávamos câmeras digitais e contávamos com a gravação das atrações sendo transmitida pela TV ou disponível em aparelhos de DVD e fita cassete. Sendo assim, o formato dos palcos e seus telões seguia o padrão de formato 4:3 para proporcionar a melhor experiência para todos que fossem assistir de alguma forma e ainda utilizando um modelo que todos estavam familiarizados.

Com a chegada de novas tecnologias, tudo se transformou e as televisões que transmitem esses shows passaram a ter a configuração de 16:9, o que alterou também a estrutura dos palcos. O surgimento dos streamings e o crescimento das redes sociais, igualmente, proporcionaram novas formas de consumir conteúdo. O celular virou o principal device de suporte para qualquer conteúdo, seja vertical ou horizontal. Com isso, a cenografia dos palcos se adapta a forma como as pessoas estão consumindo entretenimento em determinados momentos da história para estar em sintonia com seu público.

O que vemos por aí

Por isso, por exemplo, vemos grandes artistas da nova geração, como Harry Styles, usando telões verticais ao lado do palco de sua turnê mundial Love on Tour. Essa não é uma escolha aleatória, na realidade está totalmente ligada a seu público mais jovem e assíduo das redes sociais, que cresceu durante a era digital. Essas pessoas certamente gravaram muitos stories para postar no Instagram durante a apresentação do artista e garantiu muitas publicações orgânicas, que suscitaram o interesse pelo show e pelo músico em diversas outras pessoas.

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Foto: Divulgação / Allianz Parque

A escolha da quantidade de telas e telões para uma turnê é determinada pelo artista, sua equipe e pela atmosfera que desejam transmitir. É essencial conhecer o conteúdo que será transmitido para planejar a cenografia do palco de forma que se harmonize e transmita adequadamente o mood desejado.

Os telões localizados atrás dos cantores e bandas podem apresentar dois tipos de conteúdo. Em primeiro lugar, com o auxílio de agências de conteúdo, é possível conceber uma cenografia personalizada e com formatos personalizados e totalmente inovadores, como a Adele fez na turnê Adele Live, utilizando um formato diferente do habitual. Em segundo lugar, é possível utilizar conteúdos pré-existentes, como videoclipes e imagens da criação visual do álbum que guia a turnê.

Foto: Palco Adele – Jornal Ibiá

Grandes shows normalmente não contam com grandes cenografias tradicionais, a cenografia é definida em função da tecnologia e do conteúdo que será transmitido. Para ter diversas telas no show é recomendado que se tenha um grande diretor artístico estratégia, responsável por criar texturas e definir o clima do ambiente, com base no conceito da turnê de quem vai se apresentar, como fez o U2 que, na turnê Innocence + Experience, contou com grandes painéis de LED em cima da passarela que levava ao meio da pista. Apesar de ser uma super estrutura, quem realmente criou o environment foram os conteúdos reproduzidos.

Foto: Palco U2 – Tenhomaisdiscosqueamigos

Em festivais a história é diferente. O lineup fica limitado à estrutura pré-definida dos palcos e pode apenas levar alguns adereços ou abusar dos telões. Grandes festivais como Rock in Rio e Lollapalooza oferecem palcos com uma cenografia bem determinada em sua volta como uma forma de demonstrar a personalidade dos eventos (salvo algumas exceções, como Beyoncé, em sua volta marcante no Coachella).

Independentemente da natureza do show, é crucial manter-se atualizado com as últimas tendências e inovações e planejar o entretenimento em função dos hábitos de consumo do target. Ficar por dentro das novidades é a chave para proporcionar uma experiência inesquecível para todos os envolvidos.

*Deza Abdanur, Arquiteta, apaixonada por design, cinema e artes transformou seu senso estético em um grande diferencial para o mercado de cenografia para eventos corporativos e virtuais, segmento em que atua há 15 anos. É sócia-fundadora do Studio Panda e sócia da Guilt.


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