A ascensão do Founder Led Marketing e o impacto no PR das startups em 2024 Bruno Mello 10 de maio de 2024

A ascensão do Founder Led Marketing e o impacto no PR das startups em 2024

         

Silas Colombo detalha sobre a importância da relação com pessoas, antes mesmo das marcas, e o quanto essa característica está em ascensão

A ascensão do Founder Led Marketing e o impacto no PR das startups em 2024
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Ultimamente, a equipe de relações públicas do Mark Zuckerberg e da Meta tem dado uma verdadeira aula de estratégia de PR e (re)branding pessoal. As ações vão desde treinos de Jiu-Jitsu Brasileiro muito bem documentados nas redes sociais, passando por encontros memoráveis com líderes da indústria e explorando até mesmo a especulação sobre a construção de um bunker nuclear no Havaí – essa última parte é brincadeira, mas nem tanto. 

Esses movimentos fizeram com que Zuckerberg passasse de um possível alienígena vivendo entre nós para um líder “cool” e relacionável em apenas 18 meses. São características importantes que transbordam para a percepção da marca do grupo, que começou, em 2023, a lançar produtos de inovação que não podem virar itens de “nerds” ou ideias malucas, como foi o metaverso no passado. 

O caso do CEO da Meta não é  isolado. E essa visão destaca uma tendência significativa e crescente no marketing para startups em 2024: o Founder Led Marketing (FLM) ou o marketing liderado pelo fundador.

Outras grandes figuras da tecnologia, como Brian Chesky, do Airbnb, e Sam Altman, da OpenAI, têm adotado abordagens similares, sendo altamente visíveis e ativamente envolvidos em todos os lançamentos de produtos e iniciativas de suas empresas. Essa tendência também se estende para além do campo da tecnologia, com líderes de marcas de consumo como George Eaton, da Represent, e Nick Baer, da VPN, utilizando  das suas personalidades para moldarem a imagem de suas empresas.

Estudos recentes, inclusive, revelam que o público B2B é o mais propenso a se envolver com líderes de marcas que compartilham insights e conteúdo de liderança inovadora. De acordo com um levantamento feito pela CEO.com, empresas com CEOs que interagem nas redes sociais têm uma taxa de crescimento do preço das ações 46% maior do que aquelas que não contam com posicionamento do líder. O envolvimento executivo em atividades de liderança inovadora também tende a ter avaliações de mercado mais elevadas e melhor desempenho financeiro geral.

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Mas por que essa estratégia de marketing e conteúdo está ganhando tanta tração? 

Existem duas razões principais que precisam ser consideradas: ela constrói uma relação direta entre o fundador, a empresa e o público. Um exemplo claro disso foi o comentário de Zuckerberg sobre o lançamento do Apple Vision Pro, transmitido diretamente da sala de estar de sua casa. Essa abordagem humana e pessoal teve uma recepção muito melhor do que teria uma entrevista de TV altamente produzida, demonstrando que a audiência valoriza a autenticidade.

Além disso, essa abordagem liderada pelo fundador permite um controle mais eficaz da narrativa sobre a empresa e seus produtos nas redes sociais e outros canais de comunicação. Isso é crucial em um ambiente onde as notícias se espalham rapidamente e a opinião pública pode ser volátil. Manter esse controle ajuda a garantir que a mensagem desejada alcance as pessoas certas.

Esse movimento tem ótimos expoentes também no Brasil, como o exemplo de Rafael Kiso, fundador e CMO da MLabs, que, hoje, tem quase o dobro de seguidores no Instagram, comparado à plataforma que criou, mesmo tendo assumido os holofotes muito mais recentemente; e Tallis Gomes, que, entre reels sobre a sua rotina de meditação e espiritualidade no escritório, é muito mais efetivo na condução da narrativa sobre modelos de trabalho do que as próprias marcas que fundou, como Singu e Easy Táxi.

Com essa estratégia, Zuckerberg, por exemplo, passou de uma figura controversa para um bilionário admirado em um período relativamente curto. Se isso não é uma prova do poder do branding pessoal, então o que seria? 

A realidade é que, quando bem executado, o marketing liderado pelo fundador não apenas coloca a marca em um holofote mais favorável, mas também fortalece a conexão entre consumidores e a empresa de uma maneira que poucas outras estratégias conseguem. 

Por outro lado, isso não significa abandonar as estratégias das marcas institucionais, até porque a conexão e aceleração das duas frentes é o que tem levado os exemplos citados ao sucesso.

Portanto, ao considerar as melhores práticas de marketing e relações públicas para sua startup em 2024, pense seriamente em colocar seus fundadores no centro das atenções. A autenticidade e a transparência não são apenas preferidas, mas sim esperadas pelo público moderno. 

Adotar essa abordagem pode não apenas diferenciar sua empresa no mercado saturado de hoje, mas também construir uma base sólida de confiança e lealdade que será fundamental para o sucesso a longo prazo, principalmente quando falamos da dura missão de atrair investidores para apoiar no crescimento da empresa.

*Silas Colombo é CCO e fundador da MOTIM. Formado em Jornalismo e com MBA em Estratégias de Comunicação e Marketing pela Cornell University, foi responsável por desenvolver campanhas de comunicação para marcas como Itaú, Volkswagen e o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Na aceleradora, é diretor de comunicação e já produziu estratégias de relações públicas para mais de 200 marcas de inovação, tecnologia e empreendedorismo, desde startups a multinacionais.


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