Mais da metade dos brasileiros (51%) entrevistados em um levantamento realizado pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box reservam parte do orçamento para hobbies e produtos ligados à cultura geek. Entre eles, 73% destinam até R$300,00 a essas compras.
Os dados indicam um consumo diversificado. Filmes e séries lideram as preferências, citados por 53% dos participantes, seguidos por tecnologia (43%), games (38%) e animes (33%). O padrão se repete quando o assunto são os principais gastos: streaming e assinaturas aparecem em primeiro lugar, com 57%, acompanhados por tecnologia e gadgets, com 31%, e por livros e histórias em quadrinhos, com 29%.
O entusiasmo, porém, cobra seu preço. Entre os entrevistados, 38% dizem já ter se endividado para manter o hobby, enquanto 15% relatam ter atrasado ou deixado de pagar contas básicas por causa desse tipo de consumo.

A especialista da Serasa em educação financeira, Laisse Francisco, observa que a força emocional que rege esse comportamento tende a influenciar diretamente o orçamento, o que torna fundamental reconhecer limites e organizar gastos para evitar desequilíbrios.
O estudo também explora a forma como o público se identifica dentro do próprio universo geek. A distinção tradicional entre “nerd” e “geek” perde força na prática, já que ambas as identidades convivem e se sobrepõem. A maioria dos entrevistados (69%) afirma sentir orgulho de ser associada a essa cultura, e 50% enxergam o consumo de produtos relacionados como uma forma de expressar quem são.
Essa percepção acompanha mudanças geracionais. Para 35% dos participantes, a imagem do nerd tornou-se mainstream, enquanto 32% avaliam que esse grupo é hoje mais sociável do que no passado. Além disso, 21% acreditam que a figura do nerd ganhou respeito e legitimidade social. O impacto vai além da autoimagem: 71% dizem ter desenvolvido, a partir dessa identidade, habilidades úteis para o trabalho ou para os estudos.
Segundo Laisse Francisco, o comportamento de compra nesse segmento está profundamente atrelado à construção de identidade. Ela reforça que o desafio não está em conter o interesse, mas em garantir que ele permaneça compatível com as condições financeiras de cada um, evitando que o entretenimento se transforme em preocupação.
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