Para uma parcela crescente dos brasileiros, “não fazer nada” deixou de representar um momento de descanso. 35% dos entrevistados em um levantamento realizado pela Página 3 associam o ócio ao uso do celular. Entre jovens de até 24 anos, a proporção sobe para 53%
Mas o “fazer nada” diante de uma tela tende a afastar o indivíduo da sensação de pausa. O momento que deveria promover relaxamento é substituído por distração contínua, e emoções como tédio, culpa e ansiedade surgem com frequência: 40% dos entrevistados que recorrem ao celular relatam experimentar essas sensações.
O tempo diante das telas, segundo a pesquisa, raramente proporciona descanso genuíno. Cada atualização de feed ou notificação gera pequenas doses de dopamina, criando uma sensação momentânea de prazer que rapidamente se dissipa e demanda novos estímulos. Assim, mesmo parados, muitos se sentem ansiosos ou insatisfeitos.

Em contrapartida, quem opta por se desconectar, deitar ou permanecer offline associa o ócio a bem-estar e tranquilidade. No total, 56% dos entrevistados vinculam o “não fazer nada” ao relaxamento, 6% ao alívio e 7% ao prazer.
Apesar da dificuldade em se desconectar, a pesquisa mostra que ainda existe espaço para momentos de pausa na rotina: 28% afirmam que costumam parar para pensar ou contemplar várias vezes ao dia, enquanto metade diz que o faz ocasionalmente. Por outro lado, uma em cada cinco pessoas raramente ou nunca se permite esse tipo de intervalo.
Hoje, passar um tempo sem fazer nada é cada vez mais incomum. A tela preenche esses espaços, mas dificilmente traz descanso real. O que deveria ser ócio acaba sendo absorvido por estímulos digitais, e a sensação de tempo livre se perde.
O que isso representa para o Marketing
Recentemente, a 12ª edição do relatório Jaé mostrou um novo comportamento da geração Alpha em relação à tecnologia. Jovens nascidos entre 2010 e 2024 demonstram um desejo crescente por equilíbrio entre os mundos digital e físico.
O estudo aponta que 74% deles buscam ativamente reduzir o tempo de exposição às telas, enquanto 83% valorizam marcas com presença tangível — seja por meio de lojas, espaços de convivência ou experiências presenciais.
Algumas marcas parecem já ter entendido o recado e passaram a contribuir ativamente para a desconexão. A Heineken, por exemplo, lançou o Boring Phone: solução encontrada para um problema encontrado em uma pesquisa conduzida nos Estados Unidos e no Reino Unidos.
Por lá, 90% dos jovens entrevistados pela marca admitiram ter o hábito de checar as redes sociais durante situações sociais com amigos e família. Deste total, 32% disseram que gostariam de conseguir desligar os aparelhos, mas a possibilidade de acompanhar as últimas novidades dificulta significativamente a missão de passar minutos sem interagir com a tela.
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