Wikimarketing, a rede colaborativa como ferramenta de Marketing
Wikimarketing, a rede colaborativa como ferramenta de Marketing
Por Redação - 04/03/2008 Artigos
<p><strong>Wikimarketing, a rede colaborativa como ferramenta de Marketing</strong></p><p>Por Marcelo Miyashita*</p><p>O Marketing e seus conceitos est&atilde;o passando por uma revis&atilde;o conceitual numa velocidade nunca vista antes. Nos seus prim&oacute;rdios, o termo Marketing significava apenas o estudo do mercado, a mercadologia – assim se tornou disciplina pela primeira vez em 1905, na University of Pennsylvania. Demoraram cinco d&eacute;cadas para que o conceito fosse revisto, influenciado pelo pensamento da administra&ccedil;&atilde;o por objetivos, que come&ccedil;ou a olhar a administra&ccedil;&atilde;o para fora, para o mercado, e a fazer dele sua base de decis&otilde;es. Uma das obras capitais foi o livro de Peter Druker, de 1954, Pr&aacute;tica de Administra&ccedil;&atilde;o de Empresas. Por muitos considerada a obra que marca o nascimento do Marketing como filosofia de neg&oacute;cios e ideologia empresarial.</p><p>Logo em seguida, em 1960, E. Jerome McCarthy, professor da Michigan State University, apresentou no cl&aacute;ssico Marketing B&aacute;sico: Uma vis&atilde;o Gerencial a principal caixa de ferramentas de marketing, utilizada at&eacute; hoje e que virou at&eacute; termo pop: os 4 Ps (produto, pre&ccedil;o, ponto e promo&ccedil;&atilde;o). Durante muitas d&eacute;cadas, o Marketing foi compreendido como a gest&atilde;o dessas ferramentas em prol da organiza&ccedil;&atilde;o e da satisfa&ccedil;&atilde;o do cliente.</p><p>Em 2004, influenciado pelo aumento da import&acirc;ncia da gest&atilde;o do relacionamento – que consiste na boa gest&atilde;o do atendimento, presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os e p&oacute;s-venda – a AMA (American Marketing Association), ampliou e acrescentou &agrave; defini&ccedil;&atilde;o de Marketing a administra&ccedil;&atilde;o do relacionamento com clientes. Esse &eacute; o conceito que vigora at&eacute; o momento.</p><p>Mas, apesar de ter apenas quatro anos, essa defini&ccedil;&atilde;o bem que poderia ser revista mais uma vez. Isto porque, neste per&iacute;odo, ocorreu a cristaliza&ccedil;&atilde;o de um fen&ocirc;meno que ir&aacute; influenciar a pr&aacute;tica de Marketing das companhias modernas: a for&ccedil;a e intelig&ecirc;ncia das redes colaborativas, o conceito Wiki.</p><p><span class="texto_laranja_bold">O conceito Wiki</span><br />O neologismo Wiki &ndash; derivado de wikiwiki, que em l&iacute;ngua havaiana significa &ldquo;r&aacute;pido&rdquo; &ndash; foi cunhado pela Wikimedia Foundation em 2003, que desenvolveu o software MediaWiki e colocou no ar o site Wikipedia &ndash; A enciclop&eacute;dia livre. Uma enciclop&eacute;dia aberta para que fosse escrita e atualizada pelos pr&oacute;prios internautas, por meio de postagem de artigos. Agora, em 2008, j&aacute; s&atilde;o mais de 2 milh&otilde;es de artigos em l&iacute;ngua inglesa e mais de 350 mil artigos em l&iacute;ngua portuguesa – &eacute; a maior enciclop&eacute;dia dispon&iacute;vel na Internet e respons&aacute;vel pela dissemina&ccedil;&atilde;o do modo Wiki de gera&ccedil;&atilde;o de conte&uacute;do, tamb&eacute;m chamada de Web 2.0.</p><p>A partir de 2005, os projetos na Internet que mais obtiveram sucesso, visita&ccedil;&atilde;o e coment&aacute;rios, foram os projetos que possibilitavam a gera&ccedil;&atilde;o de conte&uacute;do livremente, com ou sem gestores controladores: Orkut, YouTube, MySpace e Second Life. Al&eacute;m dos inumer&aacute;veis blogs e fotologs. Esse movimento foi bem descrito no livro Wikinomics &ndash; Como a Colabora&ccedil;&atilde;o em Massa Pode Mudar o seu Neg&oacute;cio, de Don Tapscott &amp; Anthony D. Williams. Wikinomis, ou o seu neologismo em portugu&ecirc;s, Wikinomia, &eacute; conceituado, pelos autores, como a arte e ci&ecirc;ncia da colabora&ccedil;&atilde;o.</p><p>Os autores defendem que o conceito de sistemas que se auto-organizam, criando uma ordem, mas sem comando central, podem tamb&eacute;m ser estimulados e, at&eacute; mesmo, orquestrados. Um exemplo citado &eacute; o projeto InnoCentive, criado pela Procter &amp; Gamble. Na &eacute;poca, em 2001, com 7.500 pesquisadores contratados, a P&amp;G achava esse pequeno ex&eacute;rcito insuficiente para manter sua lideran&ccedil;a. Em vez de contratar mais pesquisadores, o CEO A.G. Lafley instruiu os l&iacute;deres das unidades de neg&oacute;cios a buscar, fora da empresa, 50% das id&eacute;ias para novos produtos e servi&ccedil;os.</p><p>Hoje, o InnoCentive &eacute; uma rede colaborativa que re&uacute;ne 35 empresas da Fortune 500 de um lado e 91 mil pesquisadores de 175 pa&iacute;ses de outro. As companhias colocam para eles problemas que suas equipes de P&amp;D (pesquisa e desenvolvimento) n&atilde;o conseguiram resolver e oferecem recompensas que v&atilde;o de US$ 5 mil a US$ 1 milh&atilde;o para quem trouxer solu&ccedil;&otilde;es vi&aacute;veis. Por meio desse projeto, essas empresas nada mais fazem do que manter uma rede colaborativa que se complementa e inova em prol de desafios, gerenciada e remunerada pela organiza&ccedil;&atilde;o. Mesmo esses colaboradores n&atilde;o sendo funcion&aacute;rios, sua dimens&atilde;o global e seus 91 mil integrantes a transformam numa grande m&aacute;quina geradora de inova&ccedil;&atilde;o.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Wikimarketing<br /></span>E como a rede colaborativa pode ser &uacute;til como ferramenta de Marketing? A rede colaborativa, no fundo, &eacute; o que diversas empresas hoje v&ecirc;m buscando criar junto aos seus programas de Marketing de relacionamento. Uma extens&atilde;o natural – depois de conseguir criar, manter e se relacionar com um c&iacute;rculo de clientes determinado – &eacute; trabalhar esse c&iacute;rculo para que gerem valor, por meio de id&eacute;ias, sugest&otilde;es e cr&iacute;ticas.</p><p>Na era do relacionamento, o envolvimento com o p&uacute;blico-alvo de um programa ainda &eacute; visto sob a &oacute;tica de interesse da companhia, ou seja, o que a empresa ganha com isso. Compreender que os pr&oacute;prios clientes, por exemplo, tamb&eacute;m podem ser fontes de informa&ccedil;&otilde;es e inova&ccedil;&otilde;es, transforma essa rela&ccedil;&atilde;o e coloca os clientes como colaboradores em primeiro plano, como agentes, e n&atilde;o s&oacute; como compradores e usu&aacute;rios.</p><p>Claro que, para essa rela&ccedil;&atilde;o existir, mais que recompensas, vale a reputa&ccedil;&atilde;o que a companhia constr&oacute;i, fruto de bons produtos, servi&ccedil;os e atendimento prestados. Informalmente, clientes j&aacute; s&atilde;o colaboradores – basta observar o volume de coment&aacute;rios que uma central de atendimento recebe diariamente. A quest&atilde;o &eacute; que isso n&atilde;o &eacute; percebido, pela maioria das empresas, como uma rede colaborativa. No m&aacute;ximo, um canal informativo em que o cliente deposita suas opini&otilde;es. Opini&otilde;es estas que nem sempre s&atilde;o lidas e, muito menos, respondidas.</p><p>Est&aacute; na hora de praticar mais wikimarketing nas organiza&ccedil;&otilde;es. Numa &eacute;poca em que a inova&ccedil;&atilde;o cont&iacute;nua &eacute; t&atilde;o propalada e valorizada nos neg&oacute;cios, n&atilde;o d&aacute; para abrir m&atilde;o do volume e da diversidade de id&eacute;ias que uma rede colaborativa de clientes pode trazer para as organiza&ccedil;&otilde;es. Quem sabe, daqui algum tempo, teremos mais uma revis&atilde;o da defini&ccedil;&atilde;o de marketing, colocando como objetivo, depois do relacionamento, a colabora&ccedil;&atilde;o dos clientes. E que seja wikiwiki!</p><p>* Marcelo Miyashita &eacute; consultor e palestrante da Miyashita Consulting e colunista do Mundo do Marketing. &Eacute; tamb&eacute;m professor de p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o e MBA, e leciona nas institui&ccedil;&otilde;es: C&aacute;sper L&iacute;bero, FGV EAESP, PUC-SP, Madia Marketing School, Trevisan, IMES, IBModa e UNIP. </p><p><span class="texto_laranja_bold">Acesse</span><br /><a href="http://www.miyashita.com.br/">www.miyashita.com.br</a></p>