Variante Delta é novo risco para o setor de eventos
Expectativa para retomada declina e cancelamentos de feiras acende alerta para novo planejamento das ações
Por Redação - 01/09/2021 Reportagens

Depois de um período em que as marcas e empresas começavam a se organizar para o retorno aos eventos presenciais, surge agora uma nova onda de receio. Um estudo realizado pela plataforma Martech mostra que metade dos profissionais de Marketing estão propensos (50%) de participarem de eventos presenciais até ao final deste ano. Apesar de ser um número considerável, o otimismo caiu: em Abril deste ano, eles mostravam-se ligeiramente mais propensos (60%).
A mudança de mentalidade está relacionada a chegada da variante Delta, que está preocupando os profissionais do setor. As pesquisas científicas mais recentes revelam que esta é uma variante mais contagiosa e que poderá, até, ser mais resistente à vacina contra a Covid-19, significando que reuniões presenciais poderão não parecer boa ideia em muitos casos.
Cerca de 30% dos respondentes da pesquisa feita pelo martech disse ser extremamente improvável (uma em cada 10) que participasse deeventos presenciais até ao final deste ano. Por outro lado, 20% disse ser muito provável. Os resultados do estudo, realizado junto de quase 170 profissionais de Marketing, chegam a uma altura em que vários congressos e feiras setoriais estão a ser planejados para o último trimestre deste ano. O programado, no entanto, encontra dificuldades em se realizar.
A Eletrolar Show, feira do setor de eletroeletrônicos, que é uma das principais datas do calendário de eventos paulistano, cancelou sua edição presencial que há poucas semanas havia sido marcada para os dias 4 a 7 de outubro. ?A maior feira do setor supermercadista do Brasil e uma das principais da América Latina, a Apas Show São Paulo também foi cancelada pelo segundo ano seguido, por causa da pandemia da Covid-19. Em um comunicado emitido no final de agosto, a Associação Paulista de Supermercados afirmou ser “impossível de garantir nas condições atuais” a realização do evento.
Entretenimento em tempos de pandemia
Futuro híbrido
Olhando para o ano de 2022, o cenário parece ser mais otimista: em média, os profissionais de Marketing apontam para uma probabilidade de 6 em 10 de participarem em eventos presenciais no primeiro semestre do próximo ano. O entusiasmo aumenta quando questionados sobre o segundo semestre: a probabilidade sobe para 70%.
Para Tonico Novaes, Diretor-executivo da Campus Party Brasil, a retomada em eventos será gradual. “Os eventos híbridos vieram para ficar, mesmo quando a vida voltar ao normal. Quem trabalha com isso deve pensar novas formas de trazer o público mais para perto sem abrir mão da segurança. Vislumbro um 2022 melhor para o setor. Por enquanto é preciso ir aos poucos, avaliando os riscos”, contou em entrevista ao Mundo do Marketing.
Por causa da pandemia, Tonico precisou passar o festival de tecnologia e conhecimento para o formato online pelo segundo ano seguido. A edição digital da Campus Party 2021 foi transmitida em diferentes plataformas, como YouTube, Facebook, Instagram, Tik Tok, Twitch e no serviço de streaming Globoplay e terminou com mais de 400 palestras e quatro milhões de acessos.
A edição Latam ocorreu em seis países simultaneamente: Colômbia, Chile, Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil, que por sua vez, contou com três estúdios sedes: Brasília (em parceria com o Distrito Federal), Goiânia (em parceria com o Governo de Goiás) e São Paulo (em parceria com a Prefeitura de São Paulo), que receberam uma quantidade limitada de pessoas e seguindo os protocolos de saúde recomendados.
As lições deixadas reforçam que a multicanalidade veio para ficar. “Nossas próximas edições serão híbridas, com parte da programação online e parte presencial. Isso não apenas por questões de saúde, mas acessibilidade e conveniência, que são tendências”, pontuou o diretor da Campus Party.