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O Brasil foi novamente palco da realização de mais uma edição do maior evento de artes marciais mistas do planeta. O UFC 147 desembarcou em Belo Horizonte, Minas Gerais, no último final de semana, e lotou o Ginásio do Mineirinho. Os fãs vieram de todas as partes do Brasil. Os grandes atrativos eram a decisão da edição brasileira do reality show ‘The Ultimate Fighter’ (TUF Brasil) e a luta principal da noite entre o brasileiro Wanderley Silva e o norte-americano Rich Franklin.

Um evento de grande importância, como o UFC, já aponta sinais claros do quanto precisamos nos estruturar para poder sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos 2016. Tanto nas questões de organização e infraestrutura dos locais de eventos, como nas áreas de hotelaria, logística e transporte público.

Durante a semana, só se falava sobre o evento na capital mineira. As principais avenidas e locais de comércio da cidade estavam tomados de cartazes e anúncios promocionais da luta principal entre Wanderlei Silva e Rich Franklin.

Mesmo com os ingressos variando entre R$ 110,00 e R$ 1.200,00 – faixa de valores que, provavelmente, deve ser a mesma nos jogos da Copa -, a cidade foi invadida por turistas, afoitos para acompanhar os acontecimentos. Cariocas, paulistas, brasilienses e gente de todas as regiões do país lotaram os hotéis.

Infraestrutura e atrações
O que pude notar foi um exorbitante aumento no valor das diárias neste último final de semana. Alguns hotéis de apenas três estrelas estavam cobrando até R$ 480,00 por diária, valor estimado em 200% acima do preço cobrado normalmente. Retrato da escassa oferta de quartos, panorama idêntico em todas as outras principais capitais brasileiras que também serão sedes da Copa de 2014.

Quem também lucrou foram os bares e restaurantes da cidade, que ficaram lotados de turistas durante todo o final de semana.

A The Ultimate Party, festa oficial do UFC, realizada na véspera do evento, foi outro atrativo, pois teve a presença do renomado lutador Chuck Liddell e do atual campeão mundial dos pesos-pesados do UFC, o brasileiro Junior Cigano.

Um ponto negativo do evento foi o descaso da prefeitura municipal de Belo Horizonte com o torcedor que compareceu ao Ginásio do Mineirinho. Tanto na entrada quanto na saída, todos eram obrigados a passar por trechos em obras do próprio ginásio, que por conta do isolamento prejudicou a saída das pessoas, causando lentidão para quem queria voltar logo para casa.

Outro aspecto ruim foi a poluição visual causada por máquinas, equipamentos e entulhos largados a céu aberto. Para quem chegava esperando um grande espetáculo de comunicação visual a primeira impressão não foi das mais agradáveis. Também na saída do evento, a escassez de transporte público era visível e para se pegar um táxi era preciso esperar até 25 minutos.

Gillete – casca grossa
Para aquecer o evento principal, a Gillette, patrocinadora oficial do UFC e do TUF Brasil, esbanjou criatividade durante a coletiva de imprensa em que apresentou o lutador Vitor Belfort como novo garoto propaganda e embaixador da marca para o MMA.

Às vésperas do evento, além de inovar criando um palco para a coletiva em formato de octógono, a Gillette também colocou frente a frente os finalistas do programa, esquentando o clima para quem estava ansioso pelas lutas. A ação rendeu muita repercussão nas redes sociais e posicionou a Gillette como marca para quem é “casca grossa”, seguindo a mesma linha do vídeo promocional que foi ao ar após o evento.

Foi um verdadeiro cruzado de direita da marca na concorrência. Alinhando seus produtos com um ícone mundial do esporte, que é o Vitor Belfort, a Gillette tem a possibilidade de se tornar uma das principais marcas na lembrança dos apaixonados por MMA no Brasil. Como a tendência é de que o UFC tome proporções cada vez maiores em terras brasileiras, minha aposta é que, em pouco tempo, as pessoas passem a se fidelizar ainda mais à marca, que já é presença constante em celebridades do futebol e de outros esportes.

Bony Açaí
Patrocinadora oficial do evento e dos atletas do UFC, Wanderlei Silva, Lyoto Machida, Vitor Belfort, Rodrigo “Minotauro” e Rogério “Minotouro”, a marca Bony Açaí foi quem mais se destacou em presença de arena.

Foram várias ações de Marketing, entre elas, o seu logotipo no octógono e no boné usado por Wanderlei Silva, degustação grátis de diversos tipos de açaí oferecidos pela marca aos torcedores, e, por onde se andava no ginásio, havia belas promotoras uniformizadas e quiosques espalhados. Resultado de tudo isso: eram vistos produtos da Bony Açaí com inúmeras pessoas.

Nos Estados Unidos, a Bony Açai já faz parte do dia a dia dos admiradores de MMA. Aqui no Brasil, a marca ainda está começando a ganhar território e expandir suas operações. Iniciativas como estas, portanto, não são só uma forma de aumentar o market share, mas também de estimular o crescimento setorial, fortalecer o valor do produto e ganhar a confiança e respeito do consumidor.

Toda essa exposição, alinhada com o ganho em escala proporcionado pela divulgação da marca pela TV, gera uma fixação massiva da marca. Se a concorrência não abrir o olho, com certeza serão nocauteados.

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Resultado final
O saldo do UFC em Belo Horizonte foi positivo. Estimulou o turismo, aproximou marcas do esporte, fidelizou ainda mais o público brasileiro em um dos esportes que mais cresce em todo o mundo e fechou em grande estilo a 1ª edição brasileira do The Ultimate Fighter em um grande espetáculo de imagem, som, luz e grandes combates.

Mas o UFC também deixou uma lição de casa para nossos governantes. O Ginásio do Mineirinho recebeu aproximadamente 16 mil pessoas e mostrou uma quantidade muito grande de falhas. O público do UFC 147 é relativamente baixo em relação à multidão que irá tomar conta do nosso país nos grandes eventos esportivos de 2014 e 2016.

Um bom teste será no ano que vem, quando teremos a realização da Copa das Confederações de Futebol. Até lá, muita coisa precisa evoluir no esporte brasileiro.

*Dayyán Morandi é profissional de Marketing com 11 anos de mercado. Há seis anos é especialista em Marketing Esportivo. Responsável pela criação da marca e estratégia de Marketing Digital dos jogadores Neymar e Lucas e hoje responsável pelo Marketing do Palpiteros.com.