São Paulo cria cadastro para consumidores não receberem ligações de telemarketing
As empresas que não respeitarem a nova medida terão que arcar com multas de até R$ 3 milhões.
Por Redação - 13/10/2008 Reportagens
<p class="titulomateria">S&atilde;o Paulo cria cadastro para consumidores n&atilde;o receberem liga&ccedil;&otilde;es de telemarketing</p> <p>Por Guilherme Neto<br /><a href="mailto:guilherme@mundodomarketing.com.br">guilherme@mundodomarketing.com.br</a></p> <p>O governador de S&atilde;o Paulo, Jos&eacute; Serra, sancionou o projeto de lei 478/2008, de autoria do deputado Jorge Caruso, que cria o Cadastro para Bloqueio do Recebimento de Liga&ccedil;&otilde;es de Telemarketing de S&atilde;o Paulo e foi aprovado pela Assembl&eacute;ia Legislativa do estado na semana passada.</p> <p>Em breve, os consumidores titulares de linhas telef&ocirc;nicas fixas ou m&oacute;veis com DDD do Estado de S&atilde;o Paulo que n&atilde;o queiram mais receber liga&ccedil;&otilde;es de Telemarketing poder&atilde;o pedir junto ao Procon do estado que integrem o cadastro. N&atilde;o h&aacute; restri&ccedil;&atilde;o quanto ao n&uacute;mero de linhas a serem cadastrados por pessoa e, quando quiser, o consumidor poder&aacute; pedir para sair da lista.</p> <p>Iniciativa semelhante ocorreu no Distrito Federal este ano, onde foi aprovada pelo governador Jos&eacute; Roberto Arruda (DEM) em junho a lei "N&atilde;o me Importune", de autoria do deputado Rog&eacute;rio Ulysses (PSB).</p> <p><span class="subtitulomateria">Inspira&ccedil;&atilde;o veio dos Estados Unidos</span><br />Ambas as leis baseiam-se no cadastro Do Not Call, criado em junho de 2003 nos Estados Unidos e controlado pela Federal Trade Comission, &oacute;rg&atilde;o federal que regula a economia do pa&iacute;s. At&eacute; o m&ecirc;s passado, mais de 175,5 milh&otilde;es de telefones nos EUA j&aacute; haviam sido cadastrados. A medida influenciou outras na&ccedil;&otilde;es a aprovarem leis semelhantes, como Canad&aacute;, Reino Unido e Austr&aacute;lia.</p> <p>Em S&atilde;o Paulo, o Procon j&aacute; come&ccedil;ou a definir como funcionar&aacute; o cadastro. Por enquanto, h&aacute; estudos para que possa ser preenchido pela Internet e para que o consumidor autorize quais empresas poder&atilde;o telefonar. A partir de 30 dias do cadastramento, qualquer empresa que ligar oferecendo produtos a integrantes da lista poder&aacute; sofrer multas de R$ 200 at&eacute; R$ 3 milh&otilde;es, de acordo com a gravidade do caso e o porte da empresa. O PROCON ficar&aacute; encarregado de divulgar e administrar o cadastro perante consumidores e empresas.</p> <p>A Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Telesservi&ccedil;os (ABT) repudiou a medida e a acusou de inconstitucional. Para o PROCON, por&eacute;m, a medida n&atilde;o prejudica, mas facilita o trabalho das empresas de telemarketing. "Essas empresas ter&atilde;o uma informa&ccedil;&atilde;o valiosa que as far&atilde;o poupar tempo e dinheiro ao n&atilde;o ligar para essas pessoas, cujos contatos geralmente n&atilde;o resultavam em vendas", explica Carlos Coscarelli, assessor-chefe da diretoria executiva do PROCON-SP em entrevista ao Mundo do Marketing. Segundo ele, o cadastro ser&aacute; constantemente atualizado e dispon&iacute;vel no sistema da entidade, que poder&aacute; ser consultado a qualquer momento pelas empresas.</p> <p><span class="subtitulomateria">Cadastro ser&aacute; regulamentado nos pr&oacute;ximos dias</span><br />Jorge Caruso, autor da nova lei, tamb&eacute;m defende a constitucionalidade e, por meio de sua assessoria de imprensa, discordou da afirma&ccedil;&atilde;o que o cadastro provocaria desemprego no setor, j&aacute; que nem todos adeririam ao cadastro. Segundo a ABT, o estado emprega 250 mil operadores de telemarketing. A entidade argumenta que a auto-regulamenta&ccedil;&atilde;o do setor &eacute; a melhor maneira de solucionar o problema.</p> <p>Apesar de n&atilde;o manter um registro de reclama&ccedil;&otilde;es contra a&ccedil;&otilde;es de telemarketing, uma vez que n&atilde;o era uma opera&ccedil;&atilde;o ilegal at&eacute; ent&atilde;o, Coscarelli afirma que na conviv&ecirc;ncia do PROCON com consumidores nota-se uma insatisfa&ccedil;&atilde;o de muitas pessoas contra poss&iacute;veis abusos por parte de operadoras de telemarketing, com liga&ccedil;&otilde;es em hor&aacute;rio impr&oacute;prio ou na insist&ecirc;ncia da venda de algum produto. &ldquo;O cadastro &eacute; uma solu&ccedil;&atilde;o positiva para esses consumidores insatisfeitos&rdquo;, explica.</p> <p>Um decreto dever&aacute; ser divulgado pelo Procon nos pr&oacute;ximos dias, detalhando como funcionar&aacute; o cadastro. As empresas ter&atilde;o de 30 a 60 dias para se adequar &agrave; nova lei. Enquanto isso, alguns deputados federais tentam emplacar leis semelhantes no Congresso, como J&uacute;lio Delgado (PSB-MG) e Ayrton Xerez (DEM-RJ). Em Alagoas, o "Projeto do N&atilde;o Perturbe", uma proposta semelhante do deputado estadual Alberto Sextafeira (PSB), foi vetado pelo governador do estado, Teot&ocirc;nio Vilela Filho (PSDB), que a acusou de inconstitucional.</p>