Reunião bombando, toca o celular e na tela um número desconhecido ou bloqueado. Pode ser sobre seu filho ou aquela proposta de trabalho que está esperando. Você resolve interromper a conversa e abrir a guarda para aquela chamada. "Desculpe, preciso atender". Ao sair da sala: "Alô?". "Bom dia senhor. Estou falando com o titular da linha?".

A gente consome propaganda há dezenas de gerações e qualquer mecânica que exista para nos fazer notar uma oferta tem uma dose de invasão. O fato é que essas pequenas invasões podem ser das mais brandas, que apenas invadem nosso campo de visão, às mais agressivas, que nos interrompem e tentam provocar reações imediatas.

Nesses casos, por mais segmentada que seja a ação, sempre há uma considerável porcentagem de tiros no escuro. Chegar ao indivíduo que interessa e acertar no timing, na forma e no conteúdo da mensagem exige sincronicidade entre muitos fatores. No final das contas o que interessa é atrair público para um dos ambientes de marca e ali sim o jogo pode ser ganho.

Em territórios de sua propriedade, uma marca deixa de ser invasora e passa a ser anfitriã. Na loja, no stand, na web é preciso preparar o ambiente, físico ou digital, para entregar caminhos fáceis para registrar seu posicionamento, para oferecer uma experiência encantadora, útil, relevante. Aproveitar o melhor desse momento é fundamental. Quando o ambiente de marca é um aplicativo para smartphones, estamos no extremo oposto à ação de telemarketing, citada como exemplo.

Celulares são instrumentos para invasões extremamente agressivas, mas, por outro lado, podem oferecer às marcas o contato consensual mais íntimo e prolongado que podem ter com seu público: os branded apps. Aplicativos nos exigem muito mais tato e esmero como anfitriões, pois nossa casa passa a ocupar um centímetro quadrado sagrado em bolsos e bolsas, concedido espontaneamente. Precisamos ser coerentes e entregar algo que respeite a boa fé depositada por nosso público nos ícones que espalhamos pelas lojas da Apple, do Google, da Microsoft.

Um banner sincero e até um folderzinho entregue no farol são mais dignos e assertivos do que um app que promete, mas não entrega nada além de repetições do que já foi visto em outras mídias. Quer simplesmente presença em devices móveis? Faça a versão móvel de seu website. Um app interage com o hardware, aproveita melhor os recursos de interface de cada device, por isso pode e deve oferecer algo que o diferencie dos demais formatos e justifique sua presença em um smartphone ou tablet. A arte de receber seu público em um aplicativo exige mais do que simplesmente estar lá.