Setores de imóveis, automóveis e material de construção apresentam queda nas vendas e estudam como reverter
Cenário ainda é de dúvida
Por Redação - 11/02/2009 Reportagens
<p class="titulomateria"><span style="color: #000000;">Setores de im&oacute;veis, autom&oacute;veis e material de constru&ccedil;&atilde;o apresentam queda nas vendas e estudam como reverter</span></p> <p>Por Guilherme Neto<br /> <a href="mailto:guilherme@mundodomarketing.com.br">guilherme@mundodomarketing.com.br</a></p> <p>Enquanto a crise econ&ocirc;mica mundial se acirra nos mercados estrangeiros, os executivos brasileiros mant&eacute;m-se apreensivos quanto aos efeitos desse cen&aacute;rio no Brasil. O bom resultado econ&ocirc;mico do pa&iacute;s nos &uacute;ltimos anos pode ter segurado as pontas por um tempo, mas algumas pesquisas e indicadores de vendas nos &uacute;ltimos meses j&aacute; apontam queda de vendas em alguns mercados ou ainda uma menor previs&atilde;o de crescimento para esse ano.</p> <p>Por conta disso, alguns setores do mercado, como filiais brasileiras das montadoras ouvidas pelo Mundo do Marketing, preferem ainda n&atilde;o anunciar qualquer mudan&ccedil;a em seu plano de Marketing ou fazer previs&atilde;o para esse ano. Outras, apesar de apresentarem algum rev&eacute;s, garantem que a crise n&atilde;o &eacute; problema e que manter&atilde;o seus planos e crescimento este ano.</p> <p><span class="subtitulomateria">Setor de im&oacute;veis apresenta queda de lan&ccedil;amentos e vendas em S&atilde;o Paulo</span><br /> Um dos setores mais afetados pela crise econ&ocirc;mica no Brasil &eacute; o imobili&aacute;rio. A venda de im&oacute;veis caiu 38,6% na cidade de S&atilde;o Paulo em setembro, segundo o Sindicato da Habita&ccedil;&atilde;o do Estado. Os &uacute;ltimos dados do instituto tamb&eacute;m j&aacute; previam uma redu&ccedil;&atilde;o de 10% no n&uacute;mero de lan&ccedil;amentos imobili&aacute;rios e tamb&eacute;m de unidades vendidas no acumulado de 2008. Na Helbor, o n&uacute;mero de lan&ccedil;amentos no quarto trimestre foi 46% menor do que o mesmo per&iacute;odo de 2007, enquanto que no acumulado do ano caiu 18,4%. Houve tamb&eacute;m queda de vendas de outubro a dezembro (34,2%). Mesmo assim, a empresa n&atilde;o fala em crise.</p> <p>&quot;Tivemos um aumento de vendas no acumulado do ano (12,75%). Tamb&eacute;m tivemos um incremento no n&uacute;mero de lan&ccedil;amentos em janeiro em rela&ccedil;&atilde;o ao ano passado. Tivemos um ano positivo e a crise n&atilde;o afetou nosso planejamento para 2009, mas claro que nosso esfor&ccedil;o est&aacute; sendo maior&quot;, conta a Fabiana Lex Ghitnic, Diretora de Marketing da incorporadora em entrevista ao site.</p> <p>Fabiana credita os bons resultados &agrave; diversifica&ccedil;&atilde;o de empreendimentos com que a Helbor trabalha. Apesar de se voltar unicamente para a classe m&eacute;dia e alta, vende im&oacute;veis em seis estados do Brasil, sem focar em qualquer munic&iacute;pio ou bairro de cidade. &quot;Temos desde apartamentos de dois quarto com poucas &aacute;reas para lazer at&eacute; im&oacute;veis de quatro quartos em &aacute;reas disputadas. Apesar de S&atilde;o Paulo ter a maioria dos empreendimentos, a cidade n&atilde;o concentra muito os nossos lan&ccedil;amentos&quot;, explica.</p> <p><span class="subtitulomateria">Setor imobili&aacute;rio aproveita&nbsp;o&nbsp;ver&atilde;o para promover empreendimentos</span><br /> Para divulgar os im&oacute;veis, muitas companhias t&ecirc;m aproveitado o clima de ver&atilde;o e lazer que os primeiros meses do ano proporcionam para chamar a aten&ccedil;&atilde;o do consumidor, sem deixar de fazer a&ccedil;&otilde;es promocionais. A Cyrela, por exemplo, termina na semana que vem a a&ccedil;&atilde;o &quot;Ver&atilde;o Premiado&quot;, que chega em sua quinta edi&ccedil;&atilde;o anual dando R$ 35 mil para os donos de 35 apartamentos diferentes.&nbsp;</p> <p>A Gafisa deu ingressos e translado para os desfiles da Sapuca&iacute; para os consumidores que compraram im&oacute;veis entre os dias 29 de janeiro a 2 de fevereiro. J&aacute; a Rossi est&aacute; dando parcelas b&ocirc;nus de at&eacute; R$ 12,5 mil e vale-compras de at&eacute; R$ 2,5 mil na Americanas.com na promo&ccedil;&atilde;o Ver&atilde;o Casa Nova. &quot;&Eacute; uma boa &eacute;poca para vender im&oacute;veis, j&aacute; que o consumidor est&aacute; mais propenso a fazer esse tipo de neg&oacute;cio em momentos de lazer com a fam&iacute;lia. Principalmente em cidades litor&acirc;neas, onde &eacute; comum o aluguel de casas&quot;, diz Charles John Szulcsewski, coordenador de p&oacute;s-gradu&ccedil;&atilde;o em vendas da ESPM.</p> <p>Para fugir da crise, as companhias do mercado de im&oacute;veis come&ccedil;am a voltar seus olhos para a baixa renda. Devido ao maior poder de compra dessa classe, que agora tem um melhor acesso a condi&ccedil;&otilde;es de pagamento e cr&eacute;dito, aliado a pesquisas que afirmam que esse p&uacute;blico ainda n&atilde;o sentiu&nbsp;qualquer efeito da crise, as classes mais baixas tornaram-se uma&nbsp;oportunidade que as construtoras n&atilde;o querem deixar passar. S&oacute; a Cyrela possui quatro empresas pr&oacute;prias para empreendimentos direcionados a esse p&uacute;blico.</p> <p><span class="subtitulomateria">Vendas de material de constru&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m tiveram uma retra&ccedil;&atilde;o</span><br /> Outro mercado bastante relacionado com o imobili&aacute;rio &eacute; o varejista de materiais de constru&ccedil;&atilde;o. Esse segmento sofreu uma infla&ccedil;&atilde;o de 13,78% no &uacute;ltimo ano, por conta do encarecimento das mat&eacute;rias-primas e tamb&eacute;m da restri&ccedil;&atilde;o mais rigorosa da movimenta&ccedil;&atilde;o de caminh&otilde;es em algumas cidades, o que encareceu o transporte em pra&ccedil;as como S&atilde;o Paulo e Rio de Janeiro.</p> <p>Isso talvez tenha provocado uma queda de 10% nas vendas da categoria em outubro, durante o estopim da crise, em rela&ccedil;&atilde;o ao mesmo m&ecirc;s em 2007, mas no acumulado do ano o setor comemora um aumento de venda de 9,5%, segundo dados da Associa&ccedil;&atilde;o Nacional dos Comerciantes de Material de Constru&ccedil;&atilde;o (ANAMACO). Para o ano que vem, a entidade prev&ecirc;&nbsp;um crescimento&nbsp;pouco menor, de 8,5%, diferentemente da primeira previs&atilde;o, que dava 10,5% de aumento antes da crise.</p> <p>Para n&atilde;o perder venda, muitas redes&nbsp;do setor t&ecirc;m optado por fazer uma guerra&nbsp;de pre&ccedil;os. A Leroy Merlin, Telhanorte, Dicico, al&eacute;m de promo&ccedil;&otilde;es espor&aacute;dicas, garantem cobrir qualquer oferta da concorr&ecirc;ncia. Alguns varejistas tamb&eacute;m procuram se diferenciar atrav&eacute;s de a&ccedil;&otilde;es de pr&eacute; e p&oacute;s-venda. A Leroy Merlin &eacute; uma das redes que ap&oacute;ia a&ccedil;&otilde;es desse tipo. Recentemente, a&nbsp;varejista comemorou&nbsp;um ano de publica&ccedil;&atilde;o da Revista da Casa, publica&ccedil;&atilde;o on-line que d&aacute; dicas de constru&ccedil;&atilde;o, decora&ccedil;&atilde;o, jardinagem, not&iacute;cias e outros assuntos relacionados, com alguns conte&uacute;dos enviados por clientes. A marca tamb&eacute;m est&aacute; expondo nas lojas uma sugest&atilde;o de ambiente do consagrado decorador Marcelo Rosenbaum.</p> <p>A C&amp;C, por sua vez, oferece servi&ccedil;os de m&atilde;os de obra e possui arquitetos em suas lojas para consultoria. H&aacute; ainda a oportunidade de participar de cursos gratuitos&nbsp;sobre decora&ccedil;&atilde;o e manuten&ccedil;&atilde;o da casa. &quot;Ningu&eacute;m vai deixar de investir na casa s&oacute; porque houve uma crise. As pessoas valorizam o conforto em casa, faz parte da ambi&ccedil;&atilde;o pessoal investir em seu lar. Nosso planejamento para 2009 est&aacute; inalterado e bastante otimistista&quot;, diz Mauro Florio, Diretor de Marketing da C&amp;C, ao site. Ele afirma ainda investir bastante na negocia&ccedil;&atilde;o com fornecedores para evitar o repasse de aumentos para o consumidor.</p> <p><span class="subtitulomateria">Montadoras ainda estudam a crise</span><br /> J&aacute; o setor de ve&iacute;culos automotores segue em compasso de espera, enquanto tenta entender os efeitos da crise no Brasil. Apesar do mercado nacional apresentar um desempenho muito bom nos &uacute;ltimos anos, o receio &eacute; de que as filiais brasileiras das montadoras acabem pagando ainda mais o pre&ccedil;o pelo mau momento das suas matrizes. O setor j&aacute; apresentou no m&ecirc;s de janeiro uma redu&ccedil;&atilde;o de 27,1% em rela&ccedil;&atilde;o ao mesmo m&ecirc;s do ano passado, totalizando 186,1 mil carros, segundo dados da Associa&ccedil;&atilde;o Nacional dos Fabricantes de Ve&iacute;culos Automotores&nbsp; (ANFAVEA), em decorr&ecirc;ncia das demiss&otilde;es e f&eacute;rias coletivas como forma de reduzir custos. O n&uacute;mero, no entanto, &eacute; quase o dobro&nbsp;do registrado em dezembro, quando produziu 96,6 mil autom&oacute;veis.</p> <p>A venda de ve&iacute;culos novos tamb&eacute;m caiu 8,1% em rela&ccedil;&atilde;o a janeiro de 2008 e 1,5% em compara&ccedil;&atilde;o com o m&ecirc;s anterior. O resultado negativo, para a alegria das montadoras, j&aacute; &eacute; menor do que as quedas registradas em outubro (11%) e novembro (26%). Para fevereiro, a expectativa da ANFAVEA &eacute; que a produ&ccedil;&atilde;o di&aacute;ria aumente de 8.900 em janeiro para 10.800 este m&ecirc;s. J&aacute; para o ano, a Federa&ccedil;&atilde;o Nacional da Distribui&ccedil;&atilde;o de Ve&iacute;culos Automotores (FENABRAVE) prev&ecirc; um aumento de 4,2% na venda de autom&oacute;veis, chegando aos 2,8 milh&otilde;es de unidades vendidas.</p> <p>O setor de &ocirc;nibus e caminh&otilde;es &eacute; quem sofre as maiores quedas. Em rela&ccedil;&atilde;o a janeiro do ano passado, o n&uacute;mero de emplacamentos de caminh&otilde;es foi 20,56% menor, segundo dados da Federa&ccedil;&atilde;o Nacional da Distribui&ccedil;&atilde;o de Ve&iacute;culos Automotores. J&aacute; os &ocirc;nibus tiveram um decr&eacute;scimo de 9,7%. As motos tamb&eacute;m apresentaram uma queda, de 14,78%.</p> <p><span class="subtitulomateria">Antigas leis do Marketing permanecem</span><br /> Procuradas pelo Mundo do Marketing para comentar esse cen&aacute;rio e como se preparam para enfrent&aacute;-lo, a&nbsp;General Motors e a&nbsp;Ford preferiram n&atilde;o se manifestar. Atrav&eacute;s de suas assessorias de imprensa, as montadoras afirmaram que ainda est&atilde;o estudando todos esses dados e o que preparam para n&atilde;o perder vendas. &ldquo;Se as montadoras fossem nacionais, elas n&atilde;o sentiriam muito a crise. O problema &eacute; que s&atilde;o todas estrangeiras, e as filiais brasileiras acabar&atilde;o&nbsp;tendo que reduzir custos para ajudar suas matrizes&rdquo;, explica Szulcsewski, da ESPM.</p> <p>Com o mercado brasileiro ainda sem saber como a crise afetar&aacute; as vendas no Brasil, a preocupa&ccedil;&atilde;o volta-se &agrave; confian&ccedil;a do consumidor que, ainda que tenha dinheiro no bolso, pode assustar-se com as not&iacute;cias da crise internacional e optar por poupar, gerando quedas no com&eacute;rcio. O &Iacute;ndice de Confian&ccedil;a do Consumidor, avaliado pela Funda&ccedil;&atilde;o Get&uacute;lio Vargas, chegou a apontar um aumento de 2,9 pontos de dezembro de 2008 a janeiro deste ano, chegando aos 100,3 pontos, mas ainda &eacute; 14,4% menor do registrado em janeiro do ano passado (117,1 pontos).</p> <p>Nesse cen&aacute;rio, as velhas leis do Marketing para vencer costumam ser as mesmas, mas s&atilde;o ainda mais r&iacute;gidas, segundo Szulcsewski. &ldquo;&Eacute; ainda mais importante hoje agregar valor aos produtos, e n&atilde;o fazer apenas uma guerra de pre&ccedil;os.&nbsp;O que qualquer empresa deve refor&ccedil;ar hoje em dia &eacute; a cobran&ccedil;a de um pre&ccedil;o justo e como convencer o consumidor disso. Para isso, &eacute; preciso investir ainda mais na diferencia&ccedil;&atilde;o e na experimenta&ccedil;&atilde;o da marca e seus produtos&rdquo;, refor&ccedil;a.</p>